Guarujá do Sul inicia projeto de prevenção ao suicídio

A jovem Thais é uma entre milhares de brasileiros que sofrem com depressão. Entretanto está entre poucas com coragem para enfrentar o problema, para falar abertamente sobre tentativa de suicídio, suas causas e o tratamento da doença. Thais Roberta Appelt tem 16 anos, é como aluna da escola EEB Elza Mancelos de Moura do município de Guarujá do Sul encontrou uma oportunidade para expor pelo que já passou e servir de exemplo de superação para outros adolescentes que enfrentam esta doença.
A oportunidade chegou na apresentação de um trabalho de combate ao suicídio promovido pelos psicólogos e equipe de profissionais da saúde do município de Guarujá. Na semana passada esta equipe foi até a escola estadual apresentar uma devolutiva sobre uma pesquisa feita com mais de 300 alunos que estudam entre o 5º ano até o 3º ano do ensino médio.
Na última quarta-feira, dia 11 de setembro, foi realizada a devolutiva de um questionário abrangendo os temas: depressão, automutilação, ideação suicida e bullying. Essa ação foi feita por um grupo psicólogos de Guarujá do Sul. A psicóloga Francieli Cristina Wingert comenta que a ideia surgiu quando os cinco profissionais se reuniram, pois, dentro do consultório chegavam muitos relatos de ideação suicida entre adolescentes.
A pesquisa foi realizada em escolas municipais e estaduais de Guarujá, aproximadamente 310 alunos responderam o questionário. Segundo os profissionais o resultado foi alarmante. Como resultado o grupo pretende desenvolver grupos terapêuticos e trabalhos no contra turno da escola.
Regiane Goetz, Assessora de Direção da escola EEB Elza Mancelos de Moura onde a devolutiva foi realizada, comenta que a aluna Thais procurou a direção e queria participar desse projeto do município. Junto com o grupo de psicólogos, Thais apresentou uma carta sobre momentos de sua vida.
Nessa apresentação a aluna relata que a muito tempo tinha pensamentos suicidas, e se automutilava. Os primeiros a perceber que ela não estava bem, foram os orientadores da escola, começaram a perceber quando ela começou a se afastar de amigos, e não tinha vontade de ir para escola, não queria ir para lugares que houvesse público. A aluna relata que três anos atrás já tentou suicídio: “Eu estava com a corda no pescoço quando minha avó chegou, ela tirou a corda do meu pescoço, e foi nesse momento que meus pais ficaram cientes do que estava acontecendo”.
Thais ainda comenta que seus pais ficaram frustrados, pois nunca haviam visto isso na família, não sabiam como lidar com esse assunto, logo no começo existiam brigas, pois eles não a entendiam. Depois de algum tempo eles começaram a entender, pois na cidade teve um caso de uma amiga da Thais que havia se suicidado.
Nesse mesmo dia em que a amiga havia se suicidado, a Regiane e a psicóloga foram até casa da Thais, e foi depois desse momento que os pais começaram a entender. A aluna menciona que depois que as orientadoras vieram conversar, foi encaminhada para atendimento com psicólogos e psiquiatras. “O querer é importante, mas ajuda dos profissionais é mais importante ainda” afirma Regiane.
Depois disso Thais não voltou a pensar em suicídio, tenta auxiliar, e ajudar quem passa por isso. Hoje ela vê a vida com outros olhos, e diz que as pessoas que estão passando por esses momentos, devem procurar ajuda, pois a vida é curta e precisa ser aproveitada.  Thais termina com uma frase sobre a sua característica: “Eu sou ansiosa, sou sim, mas a ansiedade é apenas uma característica minha, que vai me acompanhar, assim como meu peso, minha idade, e minha altura são características que me definem, e me diferenciam dos outros. Mas eu preciso aprender a controlar a ansiedade, pois ela vai me acompanhar pelo resto da vida. ”