18/03/2020 às 10h58min - Atualizada em 18/03/2020 às 10h58min
Campoerense de 112 anos
No Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 desse mês, muitas mulheres campoerenses foram homenageadas na terceira edição do evento Colher de Chá, dentre elas, estava dona Levina Xavier da Silva, uma doce e encantadora mulher de 112 anos.
Na última semana, a equipe Sentinela foi a procura de dona Levina no município de Campo Erê, onde se impressionou com tamanha paciência e atenção. Quando chegamos, Levina estava deitada no sofá da sua casa, um casebre humilde e confortável e não mediu esforços para nos atender. Durante algumas perguntas, Levina queijou-se algumas vezes de dor em suas costas, ressaltou estar há um ano precisando de uma cadeira de rodas para se locomover, pois com a chegada dos seus 111 anos, perdeu a força de suas pernas e isso ocasionou muita dor em suas costas.
Levina é uma mulher simples, calma, de aparência cansada, que em seus olhos transmite o sofrimento, pois nesses 112 anos, precisou trabalhar muito para ter o que comer, muitas vezes, mais do que o próprio corpo poderia aguentar. Casou-se cedo, e deste casamento vieram seus 11 filhos, frutos de sua alegria e de suas melhores e esquecidas memórias, pois junto da morte de esposo, as lembranças do seu rosto, do seu nome e também dos anos de casados, foram esquecidos. Levina não soube contar sobre sua infância, apenas lembrava da época em que ainda podia andar, e também, de cuidar dos seus 78 netos e bisnetos espalhados pela região.
“Vivemos no sofrimento sempre, não lembro de quase nada da minha vida, mas eu sei que a vivi muito bem. Meus filhos são minha maior paixão, alguns já morreram, mas hoje os que sobraram me cuidam, pois não consigo sair do sofá. Sofro demais com a dor nas minhas costas, corrói meu coração em não poder andar ou trabalhar, mas tudo é no tempo de Deus e eu já estava precisando descansar um pouco. Eu sei que fui casada, que durou muito tempo, mas quando comecei a esquecer das coisas esqueci de praticamente todas as minhas lembranças com ele. Ele foi o pai de todos os meus filhos e quando o mais novo nasceu, ele faleceu. Estou vivendo, sofrendo bastante, mas Deus está comigo”, conta dona Levina.
Logo que não conseguiu mais andar, foi presenteada pela prefeitura do município com uma cadeira de rodas, que a acompanha por todos os lados. “Não me dou muito bem com ela, é um pouco grande pra mim”, esclarece a anciã que pesa pouco mais de 40kg, complementando que um dos seus filhos passou a morar com ela logo que o outro que estava faleceu. “Vivo bem aqui, posso comer de tudo que não passo mal e também tomo bastante chimarrão. Bem, bem de saúde eu não tô, mas nesse mundo tem tantos que estão piores que eu”, finaliza Levina.