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31/03/2020 às 14h08min - Atualizada em 31/03/2020 às 14h08min

“Depois do Coronavírus vai ter mais falido do que falecido”, diz Itacir

O empresário Itacir José Conte é proprietário de uma malharia em Flor da Serra do sul, que adotou medidas de segurança e continua trabalhando

Itacir José Conte é um dos milhões de empresários que estão sofrendo com a pandemia do novo coronavírus. Ele que é proprietário de uma malharia com nove anos de trabalho em Flor da Serra do Sul, e atualmente está com 12 funcionários, mas até a metade do ano passado tinha mais de 40. A empresa de Itacir vinha se recuperando, ano passado fez demissões e arrumou as contas, nos últimos meses estava começando a ver o tão esperado lucro, mas aí chegou o Covid-19 e acabou com tudo. “Se eu tiver que fechar as portas, eu quebro. Não posso parar de trabalhar” explica o empresário.
“Muitas malharias e empresas têxtis já vinham gerenciando uma crise do setor.  Esse era o momento em que estávamos nos recuperando. Estávamos começando a dar a volta por cima. A economia estava crescendo e tudo estava voltando ao normal. Percebíamos um aumento no fluxo de serviços, de vendas e faturamento. E essa pandemia pegou todos de surpresa”, esclarece o empresário.
Na visão de Itacir se a maioria das empresas de confecções ficarem 30 dias paradas, não voltam a abrir as portas. “Não tem como reabrir, ainda mais se tivermos que pagar todos os encargos, folha de pagamento, rescisões e cumprir com todas as obrigações ao mesmo tempo” explica Itacir afirmando que o faturamento já despencou e a expectativa para os próximos 90 dias é desanimadora. “Mesmo empresas bem estruturadas, com marca própria, faturamento alto e boas margens vão sentir o problema. A crise é real”.
Segundo Itacir há grandes redes de lojas cancelando pedidos, a exemplo da Havan, do empresário Luciano Hang, que está de portas fechadas. “Este não é o meu caso, mas o que me preocupa é que socorro via bancos, financiamentos ou postergação de dívidas não vão resolver. O empresário vai acabar demitindo até que ele volte a faturar e se reerguer e voltar a empregar”.
Ainda conforme ele, no momento, há matéria prima para mais o menos duas semanas de trabalho, mas depois disto os produtos estocados precisam chegar até seus compradores, na cidade de São Paulo e a economia voltar a girar.
 
Escolha dos funcionários
Itacir ressalta que a preocupação dos seus funcionários é ter que ficar em casa e não ter o que receber no final do mês. “Trabalhar mesmo nesta época tem sido uma escolha também dos meus funcionários, pois eles também precisam levar o sustento até suas casas. Trabalhando eles sabem que – pelo menos – tem a receber. Se vão receber corretamente ai já não sei, mas tem pra receber e uma hora vão. Todos estão cientes da situação. Acredito que o problema maior seja para aqueles que estão em casa sem fazer nada e sem ter o que receber”, esclarece.
 
Precauções
A vigilância sanitária juntamente da polícia militar estiveram na malharia para colocar em prática as medidas necessárias para que o trabalho pudesse continuar. Segundo Itacir, por possuírem espaço interno na malharia, todos estão trabalhando a uma distância de pelo menos 4 metros um do outro. E também foi disponibilizado sabão, álcool em gel, e pedido também para que não existisse contato físico entre os funcionários. Apenas uma pessoa está andando entre os outros para distribuir o serviço. Entre os funcionários não há ninguém que se enquadra nos grupos de risco.
“Não é uma questão de brincar com a saúde, mas pensando no pós vírus acredito que depois do coronavírus temos mais falidos que falecidos. Ficamos muito felizes quando nosso presidente falou em manter os empregos e para governadores e empresas serem coerentes, para que não haja desemprego em massa, porque, e quando o vírus passar, vamos viver do que? É claro, não tô dizendo que devemos botar a vida de alguém em risco, bem pelo contrário. Acho que o grupo de risco deve ficar isolado enquanto o restante adota as medidas necessárias e continua trabalhando. Esse não é mais um problema nacional e sim mundial. Se fosse um problema do Brasil, de repente outros países poderiam socorrer, mas como é em todos, cada um está olhando para o seu e não vai socorrer o outro. Se a roda da economia não começar a girar vai ser uma catástrofe. O vírus não vai ser tão catastrófico, mas a economia sim”, finaliza.
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