Um novo recorde de casos de Covid-19 foi registrado nos seis municípios de circulação do Sentinela. Até o fechamento desta edição, eram mais de 640 confirmados, além de oito mortes e 489 recuperados. O último boletim epidemiológico, divulgado pelas Secretarias de Saúde, indicava ainda que 258 pacientes estavam em monitoramento domiciliar e outros 142 aguardando exame.
No início desta semana, Palma Sola vivia o maior pico da pandemia desde março, com mais de 40 casos ativos, dois médicos, enfermeira e farmacêutica do Posto de Saúde estão entre os infectados. Dos três ESFs, apenas um opera com quadro completo de profissionais. Ainda no domingo, dia 29, a Secretaria de Saúde emitiu um alerta para que os munícipes só fossem até a Unidade Básica de Saúde em casos de urgência e emergência. Na segunda-feira, dia 30, a fila de pessoas apresentando sintomas do vírus chegou a 50 metros, da entrada do Posto de Saúde até a rua.
Por que o número de casos voltou a aumentar? Quem leva a culpa? As pessoas não estão se cuidando? Não há uma resposta única para essas perguntas. De acordo com os secretários de Saúde dos seis municípios, respectivamente, um conjunto de fatores contribui para a explosão do número de casos, mas convencer a população de que ainda é preciso se cuidar tem sido o maior desafio deste momento. Além disso, os profissionais da linha de frente continuam cravando uma luta no combate à pandemia.
Municípios
Campo Erê segue no topo da lista, com 190 casos confirmados, enquanto São José do Cedro vem logo atrás, com 186. Palma Sola, ainda em terceiro, registra 150. Na sequência, está Anchieta com 57 e Flor da Serra do Sul com 49. Pela primeira vez, Guarujá do Sul é o último da lista, com 18 confirmados. Dos 638 contabilizados, 471 já estão recuperados: Cedro 176, Campo Erê 131, Palma Sola 98, Anchieta 38, Guarujá 17 e Flor da Serra 11.
Mais de nove mil mortes
Em 24 horas, Santa Catarina registrou 3.047 novos casos, chegando a 358.997 confirmados. O último boletim epidemiológico contabiliza 3.721 mortes, 30.336 pacientes em tratamento, 3.816 testes em análise e, felizmente, 324.940 recuperados. No Estado, já são 243 municípios que registraram pelo menos uma morte pela doença e a taxa de letalidade está em 1,04%. Já no Paraná, o número de confirmados chegou a 276.185, enquanto a apuração de mortes fechou 6.107. Por outro lado, a taxa de letalidade está em 2,2% e 333 municípios já registraram alguma morte.
Risco gravíssimo
De acordo com o último mapa da Secretaria de Estado da Saúde, subiu para 13 o número de regiões catarinenses com risco gravíssimo (em vermelho). Este nível é o pior na classificação adotada. Outras três estão em nível grave (laranja). A situação atual demonstra que as localidades em vermelho são: Extremo Sul, Carbonífera, Laguna, Grande Florianópolis, Serra, Alto Vale do Itajaí, Médio Vale, Nordeste, Planalto Norte, Alto Vale do Rio do Peixe, Meio Oeste, Oeste e Xanxerê. Enquanto as em laranja: Foz do Rio Itajaí, Alto Uruguai e Extremo Oeste. Não há nenhuma com risco alto ou moderado.
Ocupação de leitos
As hospitalizações também aumentaram de forma significativa nas Unidades de Terapias Intensivas (UTIs). Nos últimos dias, a ocupação dos leitos do Hospital Regional Walter Alberto Pecoits, de Francisco Beltrão, estava em 80%. Já as do Hospital Regional Terezinha Gaio Basso, de São Miguel do Oeste, em 72%. A regulação é feita pela Secretaria de Saúde do Estado e os dois municípios estão integrados a Macrorregional Oeste.
A taxa de ocupação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é de 86%: das 1.430 vagas disponíveis em Santa Catarina, 578 estão ocupadas por confirmados ou suspeitos de Covid-19 e 654 por pacientes que sofrem com outras enfermidades. Outros 198 estão livres. Já no Paraná, a taxa é de 82% e pelo menos 1.109 pacientes confirmados estão internados em hospitais. São 906 em leitos do SUS e 203 em leitos da rede particular. Há outros 1.302 internados aguardando resultados de exames.
Sintomas e transmissão
A doença é infecciosa e recém-descoberta. A maioria dos que adoecem em decorrência apresentam sintomas leves a moderados e se recuperaram sem tratamento especial. Os sinais e sintomas são principalmente respiratórios, semelhantes a um resfriado. Podendo, também, causar infecção do trato respiratório inferior, como as pneumonias. As formas de transmissão acontecem por meio de gotículas geradas quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou exala.
Essas gotículas são muito pesadas para permanecerem no ar e são rapidamente depositadas em pisos ou superfícies. O período médio de incubação é de cinco dias, com intervalos que chegam a 12, período em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção. A transmissibilidade dos infectados é, em média, de sete dias após o início dos sintomas. No entanto, dados preliminares sugerem que a transmissão possa ocorrer mesmo sem o aparecimento de sintomas.
Quais os cuidados?
Para que não ocorra a lotação dos hospitais e o setor de saúde consiga atender à demanda dos infectados, é necessário manter as medidas de prevenção. E entre as principais estão o uso de máscara, o distanciamento e a higienização das mãos, seja lavando com água e sabão ou utilizando o álcool em gel. Mas nem todo mundo tem seguido as orientações. Há uma percepção de que as pessoas têm perdido o medo da doença e descuidado dos protocolos.
O que mais preocupa os profissionais são as pessoas que fazem o exame, são suspeitas, mas continuam levando uma vida normal até chegar o resultado; o que não é indicado. Anterior ao exame, assim que o paciente começar a sentir os sintomas, como dor no corpo, tosse ou febre, a indicação é que se isole e adote pelo menos as medidas de uso de máscara e distanciamento.
Como funciona o diagnóstico?
Ele é feito com a coleta de materiais respiratórios (aspiração de vias aéreas ou indução de escarro). Na suspeita do vírus, é necessário a coleta de uma amostra, que é encaminhada com urgência para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Para a confirmação, é necessário realizar exames de biologia molecular que detecte o RNA viral. Os casos graves devem ser encaminhados a um Hospital de Referência para o tratamento especializado.
Perfil dos óbitos
Apesar dos riscos serem maiores entre os idosos, o vírus pode ser agressivo e fatal para todas as faixas etárias. Ninguém deve se sentir invulnerável. As taxas entre os mais jovens podem não ser altas, mas os dados demonstram que a idade, por si só, não é obstáculo para as fatalidades associadas. Há indicações de que os homens podem estar em maior risco de sintomas graves do que as mulheres. Entretanto, ainda se carece de mais pesquisas e dados para garantir o efeito do sexo no prognóstico de um paciente. Aliás, as pessoas que têm comordidades enfrentam maiores chances de adoecer ou morrer pela doença, principalmente aquelas que sofrem com ataques cardíacos, diabetes, pressão alta, enfermidades pulmonares, asma e câncer.
Vai fechar tudo?
Até o momento, o planejamento dos municípios não pretende adotar medidas restritivas como se pensou lá no começo da pandemia, mas algumas serão avaliadas. Está sendo estudado quais as mais prováveis que contribuíram para os aumentos e, por um período, será tentado estabilizar, sem comprometer o sistema de saúde.