Com boa parte da obra física concluída, a construção da Estação de Tratamento de Água (ETA) da Linha Brasil, interior de Palma Sola, entrou na reta final. O diretor de Meio Ambiente, Douglas Ribeiro, explica que, para o Sistema de Abastecimento de Água (SAA), a captação será feita em dois açudes, que foram escolhidos através de análises. O projeto custará mais de R$ 400 mil e pretende ser finalizado nos próximos dias.
Antes de ser disponibilizado para consumo, o fluido passará por um tratamento dividido em nove fases; sendo eles: Oxidação; Coagulação; Floculação; Decantação; Flotação com ar dissolvido; Filtração; Desinfecção; Correção de PH e Fluoretação. Depois de tratada, a água segue para os reservatórios. Para chegar ao consumidor, será necessária uma rede de distribuição eficiente, sendo que neste projeto serão utilizados cinco quilômetros de canos, tanto de captação quanto de distribuição.
“A obra teve início em agosto, com terraplanagem e estruturação, mas o projeto teve início há pelo menos dois anos e meio. O processo é bem burocrático e demorado, desde o imbróglio com documentação até visitas técnicas. É um projeto de alta complexidade, que terá uma casa química, filtros, base para caixa d’água e uma lagoa de descarte”, explica relatando que iniciaram o ano com a expectativa de principiar a instalação ainda no primeiro semestre. “A estiagem já estava anunciada e queríamos terminar o quanto antes, mas fomos surpreendidos pela pandemia, onde todos os trabalhos foram paralisados”, comenta.
Problemas hídricos
Há pelo menos duas décadas, a Linha Brasil sofre com a falta de abastecimento de água, tendo como principal fonte poços rasos, que não possuem tratamento e secam quando ocorre algum período de estiagem. Entretanto, a prefeitura faz a entrega de água semanalmente. “No município, nosso principal problema não está na estiagem, e sim na gestão hídrica, que não é a falta de água e sim a falta de água com qualidade, e com isso, a estação vem para suprir essa necessidade”, frisa.
Serão beneficiadas 32 famílias e, gradativamente, serão aumentadas as redes de distribuição, podendo chegar a até 200. A estação foi projetada para ser modular. Conforme a vazão, poderá ser acrescentado mais filtros para que a capacidade amplie. “Em dezembro do ano passado, foi aberto um concurso para a contratação de um engenheiro ambiental, que vai ser a pessoa responsável sobre o tratamento e análises”, continua.
“Além disso, terá também um operador, que fará as análises diárias, semanais, mensais, trimestrais e semestrais. Será feito análises de duas em duas horas, para testar a qualidade da água, metais pesados, e até mesmo de agrotóxicos. O processo vai acontecer de forma segura e minimamente trabalhosa, com processo de decantação, aumento de polímeros para fazer a cristalização da água e tudo mais, até que esteja apta para o consumo. Embora ela trate 5 mt³ por hora, ela terá o mesmo nível de exigência da ETA da Casan”, enfatiza.
Abastecimento local
Atualmente, a comunidade é abastecida por um poço superficial, mas com a conclusão da ETA, todas as redes de distribuição serão substituídas. “Para não termos percas e desperdícios, estamos refazendo todo o encanamento, pois não é só uma ETA, e sim um sistema de abastecimento, que capta, trata e distribui. Queremos estar com o sistema funcionando nos próximos dias, mas temos ainda os testes de potabilidade”, destaca acrescentando que um hidrante foi adequado ao projeto, pois a estimava é fornecer água e distribuir a outras comunidades, conforme a demanda.
“No escritório, teremos um laboratório que fará as análises dos poços artesianos das outras comunidades, pois a ETA será um ponto de apoio para os agricultores. Além disso, os proprietários dos açudes que serão utilizados, cederam mais 15 metros em volta deles, onde a administração deverá plantar árvores, conforme diz o licenciamento ambiental”, esclarece finalizando que primeiramente, apenas um será utilizado.
“Só optaremos pelo açude secundário se esse primeiro desenvolver algum tipo de bactéria, contaminação, algas ou se estiver em uma época de estiagem e a demanda aumentar, fazendo com que ele diminua. Temos o secundário para suprir as necessidades que poderá vir a ter”, conclui.
Preocupação
“Faz tempo que a administração se preocupa com essa gestão hídrica, seja através de uma estação de tratamento, do aumento da distribuição, ou até mesmo da perfuração de poços em comunidades mais distantes. Essa preocupação não pode partir só da prefeitura, mas de todos. Precisamos preservar o produto primário, de nada adianta se a população não tomar consciência”, apela o secretário de Agricultura, Juliano Zandoná.