Divulgação A empresa Compensados Sul Brasil de Anchieta iniciou suas atividades em 1970, fundada pelos irmãos Neri, Mario, Raimundo e Davi Pagliosa. Na época, a laminadora se chamava Indústria de Madeira Guaraní. “Trabalhamos como laminadora até 1989, depois o mato foi se acabando, então virou indústria de compensado”, explica Peterson Pagliosa, proprietário da empresa.
Nos anos 70 os colonos iam para o município tirar o mato para fazer lavoura. “O seu Augeu Bertolin trabalhou na empresa até 1680, ele era nosso comprador de mato, então ele comprava o que os colonos derrubavam e o meu pai, Neri, laminava. Com o tempo esse mato foi se terminando até que pararam de desmatar”, explica o empresário.
Nessa época os irmãos tiveram a ideia de fazer compensado, já que ele não depende da madeira nativa para ser feito e, sim de madeira de reflorestamento. Em 1989 a fábrica começou a trabalhar com pinus e eucalipto, fazendo compensado. A empresa trabalhou até 2008, depois teve um intervalo de dois anos para ajustar a sociedade. Peterson reativou a fábrica em 2010, nisso, ele ficou sozinho como administrador e a empresa foi renomeada como Compensados Sul Brasil.
Nos anos 90 a empresa também fez portas, mas desistiu pois o mercado era muito concorrido. Os quatro irmãos se dividiram, Mario e Raimundo foram para São Lourenço do Oeste. Davi foi para Lages e Neri continuou no município. “De 2010 pra cá fizemos somente compensados inclusive fabricando o compensado plastificado, que na época era uma novidade no mercado. Éramos uma das únicas empresas da região que fabricava esse tipo de compensado, que é o que mais vendemos hoje”, afirma Peter.
Compensados Sul Brasil Tirando as pessoas adoecendo e muitas outras morrendo, a pandemia não prejudicou a empresa. Segundo Peter, o mercado estava comprando bastante. “Muitas empresas diminuíram a produção, então a demanda era grande. O setor é muito exportador, com a exportação em alta pra nós fica bom, já que trabalhamos abastecendo o mercado interno, como todos querem exportar é menos concorrência aqui dentro. Quando o mercado está exportando, está bom pra nós, quando a exportação está ruim pra gente está ruim também, porque é muita gente jogando mercadoria no mercado interno”, explica o empresário.
Compensado Plastificado Hoje o principal produto da empresa é o compensado plastificado. O processo de produção é basicamente colar e prensar as lâminas, essa prensa é quente então a cola é curada e não descola mais, uma película é aplicada na prensagem. A chapa sai pronta depois é cortada no tamanho certo. O processo é relativamente simples, mas existem alguns segredos, como a quantidade de cola e baixa umidade da madeira.
“De plástico não tem nada”, brinca Peter. Ele explica, que na verdade é uma película de papel impregnada em cola, assim a superfície da madeira fica lisa. “Esse compensado que fazemos é para concretagem, quando constroem prédios geralmente tem chapas pretas ao redor, este é o compensado plastificado. Ao fazer vigas, por exemplo, essas chapas ficam ao redor, formando uma forma para o concreto. Esse plastificado então não deixa o cimento grudar, é liso e de ótimo aspecto final”, diz Peter.
“Na minha empresa, a produção é relativamente pequena, eu consigo atender os pequenos compradores, coisa que as empresas maiores não querem, pois, demanda muita mão de obra para vender só 50 chapas, por exemplo. Eu atendo o comércio, não diretamente as construtoras. Vendo aqui pra Santa Catarina, São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul. O Nordeste está consumindo muito o compensado plastificado, mas não tenho produção suficiente para subir pra lá. O volume de produção mensal da empresa é de 800m³, conforme o mês, o compensado plastificado é mais lento para fazer então a produção cai um pouco, também fazemos muito o compensado cola branca, aquele vermelho, é bem mais rápido para fazer”, explica Peterson.
Reflorestamento Hoje a Compensados Sul Brasil não possui mais laminadora, então compra as lâminas prontas e monta o compensado. Segundo Peterson um dos motivos de encerrar as atividades da laminadora é pela falta de reflorestamento na região. “Hoje quem tem um grande reflorestamento é a Palmasola S/A, eles investiram pesado em ter a própria floresta para industrializar e isso é muito bom. Hoje para fazer uma floresta é preciso comprar terra, investir alto e esperar 15 ou 20 anos para ter retorno, então não é toda a empresa que consegue”, enfatiza Peterson.
A empresa de Peter já teve sua própria floresta, foram alguns anos investindo, mas o retorno não foi o esperado. “Havia muita oferta, ninguém queria comprar, então o preço ficou ruim. Nós e muitos outros não achamos atrativo plantar pinus e eucalipto novamente, no lugar foi plantado soja, já que está sendo mais rentável. No futuro essa madeira irá fazer falta. O pessoal do setor madeireiro já está falando em desabastecimento, assim o preço da madeira tende a subir. Com o pinus, por exemplo, fazemos MDF, lâmina, móveis, uma infinidade de coisas, a madeira é uma matéria prima insubstituível. Mas tente a ficar escassa no futuro”, enfatiza Peterson.
Quem tem reflorestamento está derrubando e não planta novamente, no lugar o pessoal faz lavoura, que traz mais retorno em menor tempo. “É um erro desistir de plantar pinus e eucalipto porque nada substitui eles, não há outra matéria prima para substituí-los. Quanto menos gente plantando mais caro irá ficar, então quem conseguir plantar e investir em florestas vai ter uma boa rentabilidade no futuro”, afirma o empresário.
Peter ainda explica que o setor madeireiro está se organizando, buscando incentivo para investir nos reflorestamentos. “Recentemente ocorreu em Chapecó, uma reunião com o Secretário de Agricultura de Santa Catarina para ver a esse respeito, ver formas de incentivo para se cultivar florestas e reflorestamentos. O setor nunca teve incentivo do governo, as linhas de financiamento para isso são ruins sendo que para lavoura você consegue financiamento com juros baixíssimos. O que nós pedimos são esses mesmos juros da agricultura porque ela é uma atividade extrativista com uma cadeia produtiva grande e se colocar em termos de emprego, o pinus emprega muito mais que a soja”, enfatiza Peter.
O manejo da floresta demanda de muita gente, quando a madeira chega na laminadora, fábrica de compensados e de móveis mais pessoas são empregadas. Quando essa madeira chega na construção civil, setor que Peterson abastece, muitas pessoas são empregadas. “A rentabilidade pode não ser maior que a da soja, mas pela lógica a madeira emprega muita gente, então porque não ter mais incentivo, com juros menores ou até mesmo outros incentivos, essa é a principal queixa do nosso setor. A Palmasola S/A, acredito que ela tenha investido na floresta com recursos próprios, porque o banco não tem financiamento e o que tem é inviável. É esse tipo de coisa que o setor está procurando, para ver se as pessoas voltam a investir no reflorestamento”, explica o empresário.
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