27/12/2022 às 12h03min - Atualizada em 27/12/2022 às 12h03min
26 anos sem beber
Após sofrer um acidente Jipe finalmente aceitou que era alcoólatra, com a ajuda da família buscou tratamento e está há mais de 20 anos sem tomar bebidas alcóolicas
Anchieta
Da redação
ASO Há 26 anos, álcool era uma das principais necessidades de Claudecir Vieira, mais conhecido como Jipe. Hoje, aos 50 anos, ele se orgulha ao dizer que superou o vício.
Aos 12 anos, quando morava na comunidade São Marcos, em Anchieta, Jipe já experimentava o vinho que seu pai fazia e guardava em pipas. “Eu acabava fugindo, indo no porão e tomando vinho. Mais tarde, ia nos jogos de futebol da comunidade, lá também comecei a ingerir bebidas alcóolicas. Comecei a tomar bebidas fortes e, com o tempo, se tornou um vício”, relata Jipe.
Na vida adulta, Jipe começou a trabalhar com bebidas. “Foram 20 anos trabalhando com distribuidora de bebidas. Nesse tempo minha mãe sofria muito, ela não dormia até que eu chegasse em casa. Às vezes eu chegava 4 horas da manhã e a minha mãe estava acordada, esperando, pois ela sabia do problema que nós tínhamos”, lembra Jipe, que se emocionou ao lembrar da mãe, Arcida Vieira, que faleceu há alguns anos.
Apesar dos esforços da família e da esposa, Jocieli, para que Jipe largasse o vício, foi somente após um acidente que a ficha caiu. “Eu tinha cerca de 23 anos, estava dirigindo uma carga grande de bebidas. Em virtude do álcool me acidentei. Ali reconheci que era um alcoólatra. Foi aí que o meu chefe da época me chamou e falou, que gostaria que eu fizesse um tratamento de alcoolismo. Até hoje sou muito grato a ele, a minha família e a minha esposa por todo apoio. Fui até São Miguel do Oeste, fiquei 28 dias internado em uma clínica. Quando saí de lá voltei a trabalhar com bebidas”, explica ele.
Durante o internamento, Jipe fez vários exames, um deles apontou o início da cirrose. “Se eu não tivesse parado de beber, com certeza não estaria aqui hoje. Eu agradeço muito as pessoas que me ajudaram a estar aqui hoje, isso é uma vitória”, afirma.
Ele conta que foi muito difícil, mas resistiu a vontade de beber. Jipe evitava ver e sair com os amigos. Ao sair do trabalho, mudava sua rota para evitar passar em frente aos bares da cidade. “Muitos amigos não me ajudaram, ficavam me chamando para ir beber, dizendo que eu não era mais homem. Sinceramente, a sociedade em geral me ajudou e me acolheu muito mais do que os amigos”, enfatiza Jipe.
Segundo ele, muitas pessoas, ainda hoje, não entendem que o alcoolismo é um problema, uma doença. “A gente continua ajudando várias pessoas que tem esse problema de álcool, para algumas consegui internamento e hoje elas estão recuperadas. Passei por isso e quero ajudar, a pessoa conversando comigo, ela vai saber o que eu passei e eu também entendo o que ela passa ou passou. Há pouco tempo ocorreu um caso, em que a pessoa ficou em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em São Miguel. Ele caiu em frente à minha casa, eu o levei para casa, conversei com a família e hoje não bebe mais, hoje a pessoa passa em frente à minha casa e me agradece, me sinto muito feliz com isso”, finaliza Jipe.
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