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18/11/2023 às 11h15min - Atualizada em 18/11/2023 às 11h15min

Como é a vida nas instituições de acolhimento?

Em entrevista ao Sentinela, Rafael conta como foi sua passagem pela instituição de acolhimento Aprisco, de São José do Cedro

Redação
Rafael saiu da Aprisco aos 13 anos, atualmente, aos 22 anos, mora em Chapecó, é produtor de vídeo e fotógrafo. (Foto: Divulgação)
“Boa parte de tudo que tenho de valores, ética e educação foi adquirido na passagem pela Aprisco”, a afirmação é de Rafael Rodrigo de Andrade Gonçalves, de 22 anos. Rafael, que é natural de Descanso, ficou no Lar Aprisco em São José do Cedro por quatro anos, em entrevista ao Sentinela ele conta como foi sua passagem pela instituição de acolhimento.
 
A Aprisco
O Lar Aprisco surgiu em 2008 no município de São José do Cedro, mas somente em 2010 se tornou a Associação Beneficente, Social, Educacional e Cultural Aprisco. A instituição acolhe crianças e adolescentes, menores de 18 anos, que foram vítimas de maus-tratos, abandono familiar ou tiveram seus direitos violados, com um foco especial em atender casos complexos da região do Extremo Oeste, Oeste e Planalto Norte de Santa Catarina. Atualmente a Aprisco de Cedro atende cerca de 15 crianças e adolescentes, dos 0 aos 18 anos de idade. 
O objetivo da Aprisco é apoiar crianças e adolescentes que tiveram seus direitos violados, para que se tornem capazes de construir e ser protagonistas de suas histórias de vida. Além dos cuidados da primeira infância, a Aprisco busca trabalhar com as crianças e adolescentes o autoconhecimento, a autonomia e a preparação para a vida adulta.
 
Rafael
Rafael chegou na Aprisco em 2010, aos nove anos, junto de seus quatro irmãos. “Quando cheguei no Lar Aprisco nunca me senti mal, inclusive foi uma das melhores fases da minha vida”, afirmou.
Rafael e seus irmãos eram cuidados por um casal, Maria e Odair Lassen. Conforme ele, logo depois o sistema mudou e passou a ser em formato de rodízio. As educadoras/cuidadoras trabalhavam com as crianças em turnos de 12 horas. “Entre elas, a tia Noeli Guimarães foi a que eu mais me identifiquei e converso até hoje”, conta Rafael.
Como as crianças e jovens estavam abrigados por questões de segurança, não era permitido sair desacompanhado ou ter celular, mas com a devida supervisão todos participavam de atividades dentro e fora da Aprisco. “Tinham restrições comuns, então era normal. Dentro da Aprisco tinha bastante coisa pra gente: campo de futebol, psicóloga, computadores, entre outros. Fora disso, ia para a escola, fazia kung-fu e handebol na escolinha municipal e andava muito de bicicleta”, lembra Rafael.
Para trabalhar e desenvolver autonomia e responsabilidade nas crianças várias dinâmicas eram realizadas. Para Rafael, uma das dinâmicas mais marcantes foi a do mercado. As educadoras e o diretor da Aprisco, Ismael Batista, montaram um mercadinho com itens essenciais, como alimentos e produtos de higiene e itens supérfluos, como brinquedos. O diretor Ismael preparou dinheirinho de papel e distribuiu a mesma quantidade para todas as crianças.
“Nessa atividade a minha compra foi a mais imprudente de todas, comprei só bobagem. Depois dessa compra o tio Ismael ensinou algo muito importante sobre primeiro comprar o essencial ou o principal para viver e se manter. Tinham muitos ensinamentos em forma de brincadeira. Muito do que sei hoje aprendi no Aprisco”, enfatiza.
Rafael saiu da instituição de acolhimento aos 13 anos. “A passagem pela Aprisco me trouxe muito aprendizado. Chorei bastante na hora de ir embora, não queria deixar aquelas pessoas boas. Hoje posso dizer que boa parte de tudo que tenho de valores, ética e educação foi adquirido na passagem pela Aprisco”, conclui Rafael.
Atualmente, aos 22 anos, Rafael mora em Chapecó, é produtor de vídeo e fotógrafo. “Ver a pessoa que o Rafael se tornou nos enche de orgulho. É a confirmação de que o nosso trabalho, por mais que seja difícil, vale a pena”, a afirmação é do diretor Ismael. 

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