14/06/2024 às 16h00min - Atualizada em 14/06/2024 às 16h00min
Cólica menstrual pode ser uma doença oculta
O jornal Sentinela traz a história das campoerenses, Carol Baruffi e Ketlin Loreto, que descobriram que as dores ginecológicas era uma endometriose oculta
Ruthe Kezia
Campo Erê
A endometriose é caracterizada pela presença do endométrio [tecido que reveste o interior do útero] e cresce durante o ciclo menstrual. (Imagem ilustrativa) Diversas mulheres ainda encaram as intensas dores de cólica menstrual como algo normal, mas em muitos casos elas podem sinalizar alguma doença oculta. Como foi o caso das campoerenses, Carol Baruffi e Ketlin Loreto, as dores indescritíveis eram devido a endometriose oculta.
A endometriose é uma doença que vem sendo estudada há pouco tempo. Ela é caracterizada pela presença do endométrio [tecido que reveste o interior do útero] e cresce durante o ciclo menstrual. Todo mês, se não houver uma gravidez, o endométrio é expelido com a menstruação.
Uma das teorias que explica o aparecimento da doença, relata que um pouco desse sangue migra no sentido oposto e cai nos ovários ou na cavidade abdominal, causando a lesão endometriótica.
As meninas campoerenses, relatam que a doença ainda é um tabu e que sofreram com as negligencias médicas. Elas contam que eram encaminhadas de um médico para o outro, sem um diagnóstico definido.
Com 22 anos, Carol foi diagnosticada com endometriose e em torno de dois meses depois marcou a cirurgia. Já Ketlin, foi diagnosticada com 25 anos: “Se a gente tivesse descoberto mais tarde a doença, poderíamos perder o nosso útero”.
Caso de Carol Carol sentia fortes dores no lado direito do abdômen: “Eu não conseguia correlacionar as dores com a menstruação. Alguns médicos diziam que eu estava com a coluna torta, outros, que podia ser o rim ou que era intoxicação hormonal, porque eu tinha muito escape menstrual, mesmo emendando a cartelinha de anticoncepcional”.
Em 2022, a mãe de Carol foi diagnosticada com câncer no útero e os sintomas delas eram bem parecidos: “Minha mãe ficou desesperada e como ela é da área de saúde, pediu pra eu fazer uma ressonância”.
O resultado do exame deu que Carol estava com suspeita de gravidez ectópica e suspeita de uma possível endometriose.
Como o caso dela era grave, Carol conseguiu agendar uma consulta com urgência e foi quando entendeu o que realmente estava acontecendo com seu corpo: “Depois de cinco anos investigando, eu saí da consulta extremamente esclarecida, entendendo porque eu sentia dores, porque eu tinha tanta infecção urinária e tanta cândida”. Depois de dois meses da primeira consulta, Carol marcou a cirurgia.
O fato de Carol emendar o anticoncepcional, ajudou a não propagar mais ainda a endometriose, em seu útero: “Mesmo com escapes, cheguei a ficar cinco meses sem menstruar”.
Caso de Ketlin Ketlin também sentia fortes dores na lateral do abdômen. No período menstrual, ela sentia muita dor de cabeça e além das cólicas menstruais, ela tinha infecção na bexiga, por conta da imunidade baixa e vomitava com frequência.
Em 2023 Ketlin descobriu que tinha 40 ciscos foliculares no ovário, 20 de cada lado.
Ela estranhou e questionou o médico, mas ele alegou ser normal a mulher ter cisto no ovário: “De tanto insistir, ele fez um preventivo, mas pela experiência que tinha, não detectou nada”. Uma frase que Ketlin ouviu e lhe marcou, “você está arrumando problema onde não tem”, foi o que lhe motivou ir atrás de uma resposta do porque sentia tantas dores. Ela comentou sobre a situação com uma vizinha e a mesma lhe indicou um especialista. Ketlin só conseguiu marcar a consulta meses depois e durante esse tempo, ela tinha escapes menstruais.
“Na consulta eu relatei tudo o que estava acontecendo, todos os meus sintomas. Quando eu terminei de falar, ele me disse que pelo meu relato aparentemente eu tinha endometriose”, conta Ketlin. A endometriose tem quatro estágios, desde a mais leve até a mais profunda, e Ketlin estava no último estágio.
Adenomiose Carol e Ketlin removeram todo os resquícios de endometriose, através de uma cirurgia feita pelo mesmo médico especialista na área. Hoje elas estão melhor e se sentem mais ativas, mas devem ter alguns cuidados pelo resto da vida.
Devido a endometriose muitas mulheres desenvolvem adenomiose.
São doenças semelhantes e associadas, porém a adenomiose só cura com a remoção do útero: “Como somos novas e queremos constituir uma família, optamos em seguir com o acompanhamento médico e fazer o tratamento com o Zoladex [Hormônio sintético, aplicado em forma de injeção na barriga]”, relata Ketlin. O Zoladex é utilizado para o tratamento de câncer de próstata, câncer de mama ou endometriose.
Para que o quadro de adenomiose não piore, Carol e Ketlin precisam cuidar da alimentação e praticar exercícios físicos com frequência, além do acompanhamento médico.
“Em questões ginecológicas não é normal doer, talvez não seja uma endometriose, mas pode ser uma outra questão. Então não deixe de investigar”, finaliza Carol.