15/08/2024 às 09h00min - Atualizada em 09/08/2024 às 09h00min

ANCHIETA - Júnior Furtado no mundo dos rodeios

Júnior Furtado, laçador há 20 anos, compartilha sua trajetória, os desafios da carreira. Ele também se destaca como narrador de rodeios com seu carisma e habilidades de improviso

Jéssica Rebelatto
Anchieta
Junior Furtado, com 20 anos de experiência no tiro do laço, compartilha seu amor pela tradição gaúcha. (Foto: Divulgação)
Júnior Furtado iniciou sua jornada no laço há exatamente 20 anos, aos 14 anos de idade, movido pela paixão pelos cavalos. Residente em Santa Terezinha do Progresso na época, Júnior não possuía cavalo próprio, mas contou com o apoio de um grande amigo e incentivador, Lauri Levinalli, conhecido como Nego, que lhe emprestou um cavalo e o encorajou a começar o tiro de laço.
Atualmente, a maior dificuldade entre os competidores de laço é a questão financeira. Os custos com inscrições, manutenção de cavalo e deslocamento para os rodeios são altos. No entanto, o rodeio oferece uma recompensa única e significativa, o ambiente familiar, as amizades e o respeito, elementos que, para Júnior, não tem preço. 
A preparação para competições de tiro e laço exige muito treinamento. Embora a rotina de trabalho e os compromissos diários dificultem encontrar tempo para treinar, Júnior aproveita as oportunidades que tem para participar dos treinos no CTG Alto da Querência de Anchieta. A infraestrutura do CTG, com vaca mecânica e pista de laço iluminada, permite aos associados treinar pelo menos uma vez na semana.
No mundo do laço, Júnior se inspira em figuras renomeadas como Alan Soares e Thaian de Ávila, comparados como o “Pelé” do futebol. Além deles, ele vê Silvio Duarte Neto como um fenômeno atual, um laçador completo.
Para ser bem-sucedido no laço, Júnior acredita que é preciso nascer com o dom, mas destaca a importância de saber conduzir bem o cavalo. Ele atribui ao cavalo cerca de 80% do sucesso do laçador, ressaltando que um bom cavalo sabe o que fazer atrás do boi, permitindo ao laçador concentrar-se na armada. 
Dois momentos marcantes em sua carreira foram os rodeios estaduais em que representou a 13º Região Tradicionalista, um em 2011 em Laguna e outro em 2012 em Urubici.
O grande objetivo de Júnior é que seu filho siga os passos da tradição gaúcha no tiro de laço e se torne um laçador renomado. Seu sonho é vê-lo campeão em grandes rodeios, como o da Vacaria, o qual Júnior acredita não conseguir alcançar pessoalmente, mas deposita suas esperanças no talento do filho.
Antes de competir, Júnior segue um ritual que envolve pedir proteção a Nossa Senhora Aparecida e a Deus para evitar acidentes. Cada armada traz um frio na barriga, e ele segue um ritual específico em todas as competições.
Para iniciantes no mundo do laço, Júnior aconselha muito treino na vaca parada. Ele mesmo treinou bastante dessa forma antes de começar a laçar a cavalo. A habilidade em conduzir o cavalo é essencial, e isso vem com o treino.
 
A arte da narração de rodeios 
Júnior Furtado, um narrador de rodeios com uma carreira que começou entre os 17 e 18 anos, teve sua primeira experiência em um rodeio na fazenda de Ângelo Turani, em Romelândia. Na época, Juscelino Gonsalves, então narrador principal e residente em Anchieta, deu a Júnior a chance de narrar algumas armadas. Desde então, ele segue na profissão, conquistando o público com seu talento e dedicação.
Manter o público engajado durante as competições é um dos maiores desafios da narração. Júnior enfatiza a importância de se comunicar não apenas com os laçadores, que estão familiarizados com o que ocorre na arena, mas também com o público leigo. Durante as finais, a narração se torna crucial para informar o público sobre quem está liderando e quem será o campeão, aumentando a expectativa e a emoção.
Para Júnior, narrar rodeios é um dom que requer não apenas preparação vocal, mas também a habilidade de improvisar. A narração é essencialmente sobre contar a história de cada laçada, desde o momento em que o laçador sai do brete até a captura do boi. Embora alguns versos e expressões sejam preparados previamente, a maior parte da narração é feita no momento, baseada no que está acontecendo na arena.
Júnior tem uma rotina que geralmente envolve narrar uma hora por vez, alternando com outros narradores. Ele destaca momentos especiais nos rodeios, como as modalidades de laço piá e guri, laço veterano e vaqueano, e especialmente o laço pai e filho, que considera muito gratificante. Além disso, a oração das Ave-Maria, realizada às 18h, é um momento de fé e reflexão que valoriza profundamente.
As qualidades essenciais de um bom narrador, segundo Júnior, incluem desenvoltura na fala, capacidade de improvisação, carisma e um tom de voz adequado. A agilidade é igualmente importante, dado que os rodeios têm custos elevados e a eficiência na narração ajuda a manter o evento fluindo e economicamente viável.
A formação contínua é uma parte crucial da carreira de Júnior. Ele participa regularmente de cursos e encontros promovidos pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) de Santa Catarina, onde aprimora seus conhecimentos sobre a tradição gaúcha e o regulamento campeiro.
Em situações de tensão ou controvérsia, Júnior procura manter uma postura neutra e evitar interferências, deixando as decisões para a comissão julgadora do evento. A responsabilidade de ter um microfone em mãos exige cuidado para não causar problemas com comentários imprudentes.
Cada rodeio traz uma emoção diferente para Júnior, seja ele grande ou pequeno. Falar para um grande público, especialmente em finais de laço, é uma experiência emocionante que ele valoriza. Narradores como Gaúcho Amarelo e Artidor Soares são inspirações para Júnior, mas ele também destaca a importância de Zeca Cardoso, um dos primeiros narradores da região de São Miguel do Oeste.
 
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