Milhares de fiéis visitam o lugar para agradecer seus milagres recebidos No interior de Erechim/RS, uma história de fé e milagres continua a atrair devotos para o Santuário de Nossa Senhora da Santa Cruz. Desde que descobriu o local em 2019, Marli Sbaraini, tem se dedicado a organizar peregrinações ao santuário onde acredita que inúmeras graças foram alcançadas. O legado de Santa Dorotéia, que passou por uma série de eventos misteriosos e milagrosos, inspira centenas de pessoas a buscarem curas e benção nesse local de devoção, onde a fé se renova a cada nova romaria.
Dorotéia Menegon, nascida em 13 de junho de 1911, no interior de Erechim, Rio Grande do Sul, era filha de Santa Laura Menegon e Olivio Menegon. Casada com Artibano Farina e mãe de quatro filhos, Dorotéia enfrentou uma grave enfermidade que a deixou acamada por três anos. Diagnosticada com câncer estomacal em estágio avançado, os médicos Dr. Fiorelo Zanim e Ângelo Callefi, de Erechim, a consideraram um caso perdido.
Nos três meses finais de sua doença, Dorotéia, sem conseguir se alimentar, emagrecia rapidamente. Com a piora constante de seu estado, a família chamou o reverendo Lino de Erechim para ministrar os últimos sacramentos. Desesperada, Dorotéia fez uma promessa a Deus: se fosse curada, aceitaria passar por todas as humilhações que Jesus Cristo enfrentou.
Surpreendentemente, após sua morte, o corpo de Dorotéia, que estava sendo velado sobre uma mesa, recobrou os movimentos depois de 24 horas. Ressuscitada, ela recuperou a fala com clareza e começou a expelir uma substância que identificou como o câncer que a afligia.
Em 25 de fevereiro de 1944, enquanto lavava roupas perto de sua casa, Dorotéia relatou ter recebido uma visão: faixas luminosas e uma voz feminina que lhe disse: "Minha filha, foi tua grande fé que te curou e te salvou da morte". A voz continuou destacando a importância da penitência e da conversão, e advertiu sobre os perigos da falta de fé.
Para confirmar a aparição, Dorotéia pediu uma prova à Nossa Senhora. Segundo seu diário, uma grande cruz apareceu em seu pátio, medindo 2,20 metros por 1,40. A cruz se tornou um símbolo das aparições, e Nossa Senhora passou a ser conhecida como Nossa Senhora da Santa Cruz.
Dorotéia relatou que a mesma voz aparecia frequentemente, pedindo penitência pelos pecadores e alertando contra a indiferença religiosa. Esses eventos começaram a atrair devotos, que se reuniam ao redor da cruz para rezar, pedir graças e agradecer. Com o tempo, o local passou a receber romarias cada vez maiores.
Em 14 de setembro de 1944, Dorotéia afirmou ter visto Nossa Senhora pela primeira vez, iniciando uma série de aparições que ocorreriam em datas específicas. Essas datas, como 6 de janeiro e 13 de maio, tornaram-se momentos de devoção, com a romaria de 14 de setembro sendo a principal, celebrando a festa da Exaltação à Santa Cruz.
Dorotéia faleceu em 29 de maio de 1988, vítima de câncer. Antes de sua morte, ela previu o dia exato de seu falecimento. Sua filha Jurema relatou que Dorotéia permaneceu no hospital, onde passou por vários tratamentos e cirurgias. Curiosamente, a vidente nunca pôde participar de uma missa oficial no local das aparições, sendo a primeira realizada apenas em 1994, para marcar os 50 anos da primeira aparição.
A fé que move!
Marli Sbaraini e as peregrinações ao Santuário de Nossa Senhora da Santa Cruz
Marli Sbaraini, ex-agente de saúde, compartilhou uma jornada de fé que começou em 2019, quando soube sobre o Santuário de Nossa Senhora da Santa Cruz e Santa Doroteia durante uma de suas visitas domiciliares. A curiosidade a levou a visitar o local e, desde então, ela se sentiu profundamente impactada, com um desejo contante de retornar.
Após várias tentativas de organizar uma nova visita, foi apenas em 2024 que Marli conseguiu concretizar o plano. A primeira viagem deste ano ocorreu no dia 6 de janeiro, quando ela organizou uma caravana que, inicialmente, partiria em uma van, mas acabou crescendo para um micro-ònibus, e posteriormente, um ônibus com 42 pessoas. O sucesso dessa empreitada levou a outras peregrinações: em 11 de fevereiro, o grupo aumentou para 72 pessoas, e em 4 de março, Marli organizou uma nova viagem, desta vez para os 80 anos de aniversário da cruz, levando 17 pessoas. A peregrinação continuou ao longo do ano, inclusive durante a Quaresma, em 23 de março, com um grupo de 42 fiéis, e em 11 de maio, quando 40 pessoas participaram, após uma viagem previamente agendada para 3 de maio ter sido adiada devido à enchente.
Atualmente, Marli está organizando uma nova romaria para 14 de setembro, com previsão de levar 80 pessoas em dois ônibus. Para ela, o que mantém motivada a continuar organizando essas viagens, não é lucro, mas sim os inúmeros relatos de graças recebidas por aqueles que participam das peregrinações. Entre os testemunhos, Marli menciona casos de cura, como o de uma pessoa que não conseguia caminhar sem muletas, após utilizar a água e a terra do santuário, passou a andar normalmente. Outro relato é de uma mulher com uma ferida na perna devido à diabetes, que, após três anos de tratamento infrutífero, viu a ferida fechar após usar a água e terra do local.
Esses relatos de cura, alívio de dores e superação de problemas de saúde, como depressão e enxaqueca, têm sido um incentivo para que Marli e outros fiéis retornem ao santuário. Na próxima romaria, muitos dos participantes voltarão para agradecer as graças recebidas, reforçando a devoção à Santa Doroteia e à Nossa Senhora da Santa Cruz.