10/09/2024 às 08h22min - Atualizada em 10/09/2024 às 08h22min

A vida, desafios e prazeres do médico veterinário

Em homenagem ao Dia do Médico Veterinário o jornal Sentinela conversou com o palmassolense Juliano Zandoná para entender melhor essa profissão

Jéssica Rebelatto
Palma Sola
Juliano Zandoná, médico veterinário, atua na RZ Saúde Animal e na gestão pública, conciliando sua paixão pelos animais com a responsabilidade de proteger a saúde pública. (Foto: Divulgação)
No dia 9 de setembro é celebrado o Dia do Médico Veterinário. Para entender melhor essa profissão e como é a rotina de um veterinário, o jornal Sentinela conversou com Juliano Zandoná, médico veterinário natural de Palma Sola e proprietário de uma clínica veterinária na cidade.
Natural do município e formado há 14 anos, Juliano, hoje com 38 anos, construiu uma carreira marcada pela paixão pelos animais e pela constante busca por conhecimento. Formado em 2010 pela UNOESC, ele se especializou em clínica e cirurgia de pequenos animais, além de atuar nas áreas de reprodução e nutrição de ruminantes. Atualmente, é mestrando pela UFFS, conciliando os estudos com sua prática profissional.
Sua decisão de seguir a carreira como médico veterinário veio do respeito e afinidade com os animais, desde a infância. “Desde criança, manifestava minha vontade em seguir nessa profissão. Cogitei atuar em outras áreas, mas todas envolviam o manejo com animais”, revela. Para Juliano, a medicina veterinária é mais do que uma profissão, é uma missão que envolve cuidado, empatia e responsabilidade com a vida animal e humana.
Juliano é sócio proprietário da RZ Saúde Animal, uma clínica que conta com uma equipe multidisciplinar de veterinários e uma bióloga. Seu principal papel é realizar cirurgias, mas ele também atua como assessor de gestão na prefeitura de Palma Sola. Ele vê na medicina veterinária uma forma de ser um “guardião da saúde e bem-estar dos animais”, e enxerga no avanço tecnológico uma ferramenta essencial para aprimorar o cuidado veterinário, especialmente em pequenas cidades, como a sua.
Ao longo de sua carreira, Juliano enfrentou diversos desafios, desde a exigência acadêmica da graduação até as dificuldades práticas do dia a dia profissional. Mas o fascínio pela diversidade de sua rotina e o impacto que tem na vida dos animais e das comunidades humanas continuam sendo as maiores recompensas de sua escolha.
Entre os principais erros que os tutores de animais cometem, segundo ele, estão a alimentação inadequada e a falta de atividade física e de socialização. Ele destaca a importância de tratamentos preventivos, como vacinação e vermifugação, para garantir a longevidade dos pets.
A medicina veterinária tem passado por grandes avanços, como a introdução de técnicas menos invasivas e melhorias nos diagnósticos por imagem. Juliano destaca ainda a relevância do veterinário na saúde pública, especialmente no controle de zoonoses, inspeção de alimentos e controle de pragas, áreas muitas vezes negligenciadas pela população.
A respeito dos desafios atuais como profissão, Juliano enfatiza a responsabilidade dos tutores em cuidar adequadamente dos animais e aponta a falta de reconhecimento de alguns setores em relação ao trabalho dos veterinários, como o desrespeito ao piso salarial. Mesmo com essas dificuldades, ele se mantém otimista quanto ao futuro da profissão, vislumbrando avanços tecnológicos, novos tratamentos e um fortalecimento da relação entre seres humanos e animais.
Em sua carreira, Juliano também vivenciou momentos difíceis. "Em quase 15 anos de carreira, vivi muitos casos que me marcaram. Um dos mais difíceis aconteceu em 2012, quando, durante a indução anestésica de um paciente de alto valor econômico e afetivo, ele sofreu uma parada cardiorrespiratória e veio a óbito, mesmo com todos os procedimentos seguidos corretamente. Informar o tutor foi uma tarefa extremamente dolorosa. Enviei material para exame histopatológico, na esperança de descobrir a causa da morte. Enquanto aguardava o resultado, revisei cada passo, tentando entender se havia cometido algum erro. Quando o laudo chegou, constatou-se que o animal morreu em decorrência de um choque anafilático. Essa experiência me ensinou que, por mais ético e cuidadoso que sejamos, nem tudo está sob o nosso controle, e o caminho da medicina nem sempre é fácil”. 
Para os jovens que pensam em seguir a carreira veterinária, Juliano aconselha que estejam preparados para uma jornada de muito estudo e desafios, mas garante que as recompensas, como salvar vidas e promover o bem-estar animal, são imensuráveis.
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