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30/11/2024 às 11h00min - Atualizada em 30/11/2024 às 11h00min

36 anos de dedicação ao ensino técnico e a formação de profissionais do campo

Professor Nelson Rintzel há mais de 36 anos dando aula no Cedup de Campo Erê, foi homenageado na 29ª edição do Prêmio Educador Elpídio Barbosa

Jéssica Rebelatto
Campo Erê
Professor Nelson Rintzel do Cedup Campo Erê, com o Prêmio Educador Elpídio Barbosa.
Professor Nelson Rintzel, natural de Modelo SC, carrega uma trajetória marcante na educação técnica em Santa Catarina. Em 5 de outubro de 1975, aos 12 anos, mudou-se para Campo Erê, onde concluiu o curso técnico agrícola em Itapiranga e, posteriormente, retornou para continuar seus estudos superiores. Sua carreira como docente começou em 16 de maio de 1988, no dia da inauguração da escola Cedup de Campo Erê, em que permanece até hoje. “Sou o único que permaneceu desde o início. Muitos colegas se aposentaram, outros seguiram caminhos diferentes, mas eu continuo aqui”, relembra.
Com origem humilde, Nelson começou a trabalhar cedo, passando por ocupações como vendedor de picolé, boia-fria e servente de pedreiro. “Meu sonho era ter um salário mínimo com carteira assinada. Nunca imaginei que me tornaria professor. Mas, no fundo, eu sempre quis isso”, conta. A oportunidade veio com vagas na área técnica. Após ser aprovado em um concurso, iniciou sua carreira e descobriu sua paixão pela sala de aula.
Mesmo após 36 anos de carreira, Nelson mantém o entusiasmo. “Poderia estar aposentado há dois anos, mas gosto tanto de dar aula que não me vejo longe disso. Sei que vou sentir falta quando parar”, admite.
Recentemente, Nelson foi homenageado com o Prêmio Educador Elpídio Barbosa na 29ª edição, concedido pelo Conselho Estadual de Educação. “Foi uma surpresa. Esse prêmio é o reconhecimento de tudo o que investi no ensino técnico. Divido essa conquista com colegas e alunos que fizeram parte da minha trajetória.”
Ele destaca a relevância de sua atuação na formação de técnicos capacitados para atender às demandas do campo. “Ensinar é preparar os alunos para resolver problemas reais no setor agrícola. O técnico precisa aliar teoria e prática para oferecer soluções eficazes. Isso me motiva a continuar.”
Apesar de adiar a aposentadoria, Nelson já traça planos para o futuro. Pretende se dedicar à propriedade rural e a um alambique que está construindo. Porém, a decisão de encerrar a carreira vem com um misto de emoção e receio. “A meta é parar no final de 2025, mas gosto tanto do que faço que dá aquele susto pensar em parar.”
Nelson recorda as dificuldades enfrentadas no início da carreira, quando a escola começou sem livros, ferramentas ou infraestrutura básica. “O que sustentava a gente era a valorização que o professor recebia da sociedade. Hoje, a estrutura melhorou muito, mas a valorização do professor caiu.”
Ele também aponta para mudanças na relação entre pais, alunos e a escola. “Muitos jovens chegam sem a base educacional de casa. A família precisa educar. A escola deve focar no aprendizado, mas perdemos muito tempo lidando com comportamentos que deveriam ser corrigidos em casa.”
Além disso, criticou a precariedade na formação docente, que considera um fator determinante na perda de prestígio da profissão. “Os cursos de formação de professores se tornaram menos rigorosos. Isso afeta a qualidade do ensino e a percepção da sociedade sobre o papel do professor.”
Ao longo dos anos, Nelson teve a oportunidade de reencontrar muitos de seus antigos alunos, momentos que ele considera emocionantes. “É incrível. Alguns voltam com filhos e netos. Essas reuniões são uma alegria e uma chance de reviver histórias de diferentes épocas da escola.”
Ele destaca que as turmas mais antigas são as que mais se reúnem, talvez pelo vínculo especial criado nos primeiros anos da instituição.
Nelson encerra sua reflexão com um agradecimento aos colegas, alunos e à comunidade escolar que fizeram parte de sua trajetória. “Foram milhares de alunos e muitas histórias. É gratificante saber que contribuí para a formação de tantas pessoas. No fim, são esses momentos que dão sentido à minha carreira.”
Ainda na ativa, o professor Nelson continua impactando gerações, mostrando que a educação é mais do que uma profissão: é uma missão.
 
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