Desde os 12 anos, a jovem Gleiciane Núbia Camargo já sabia que um dia queria conhecer o mundo. Agora, aos 17, essa estudante do terceiro ano da Escola de Educação Básica Cedrense está prestes a embarcar em sua primeira viagem internacional: um intercâmbio cultural para a Bélgica promovido pelo Lions Club Internacional. O embarque está previsto entre os dias 9 e 10 de julho, e o retorno acontece em 3 de agosto.
Movida pelo sonho de infância, Gleiciane passou anos pesquisando sozinha sobre programas de intercâmbio, assistindo vídeos, falando com agências e até simulando orçamentos. “Sinto que passei minha vida inteira pensando sobre isso. É loucura como está finalmente se tornando realidade”, afirma.
Ela foi aprovada na Finlândia e Bélgica, mas optou pelos belgas pela forma acolhedora com que responderam suas mensagens e pela fama do país como sendo alegre, receptivo e multicultural. “Também considerei que essa será minha primeira viagem internacional, então quis um lugar que me transmitisse mais acolhimento. A Bélgica me ganhou.”
O processo até aqui, no entanto, foi desafiador. Gleiciane soube do programa através de uma conhecida e correu atrás mesmo após o encerramento oficial das inscrições. Foi atrás das informações com a ex-presidente do Léo Clube, Emanueli Victória Couto, e conseguiu contato com os assessores de Chapecó, Lucas e Patrícia Menegotte, que a orientaram durante o processo. Em apenas quatro dias, ela conseguiu enviar toda a documentação exigida para garantir a vaga no distrito belga MD-112.
Além das primeiras duas semanas hospedada por uma família anfitriã, sua “Host Family”, a jovem também participará de um acampamento multicultural do Lions, onde irá conviver com jovens de vários países, trocando experiências e representando o Brasil. Ela já entrou em contato com a host sister, Alexia, uma jovem belga de 18 anos com quem está animada para conviver.
A preparação, como ela descreve, foi uma montanha-russa. Com o passaporte atrasado, tarefas escolares, trabalho e documentação do intercâmbio para resolver em tempo recorde, o estresse bateu à porta. Mas Gleiciane viu um lado bonito nessa correria: o apoio das pessoas ao seu redor. “Aprendi a pedir ajuda e descobri o quanto as pessoas torcem por mim. Recebi apoio de pessoas que eu nem imaginava. Estou devendo muitos chocolates!”
Entre os principais apoiadores, ela cita os professores da escola, com destaque para o professor de Sociologia, Dione Merigo, que a ajudou com mensagens de incentivo, entrevistas e até com a criação de uma vaquinha para custear as passagens. A diretora Carín Potrick e o professor, vereador e presidente do Lions local, Alisson Bavaresco, também prestaram auxílio essencial.
Ela ainda menciona com carinho suas colegas de trabalho, que vibraram com cada etapa conquistada: Silvia Artuso de Souza, Alexandra Capelin Tenroller, Isadora Bottega Bagnara, Ana Maria Belitz Lazari, Brenda Eloísa Soares e Larissa Marau.
Do grupo de amizades pessoais, Gleiciane deixa um agradecimento especial a Kamili Budtinger, Ana Laura Picolotto Martins, Camilly Balbinot, Gabrieli Vitória Kehl e todo o grupo chamado “Os de Fé”. “Como disse na carta para minha família anfitriã: ‘Me diga com quem tu andas, que eu te direi quem tu és’. Se isso for verdade, eu não poderia estar mais orgulhosa da pessoa que me tornei.”
Além da bagagem emocional e cultural, ela leva na mala produtos típicos da região: paçoca, tererê, bis e muita vontade de representar bem o Brasil no exterior. Durante o acampamento, cada jovem deve apresentar sua cultura e região aos colegas de outros países, e ela já está preparando com entusiasmo a apresentação do sul do Brasil.
Gleiciane, que já atua como professora de inglês na escola Fisk, também destaca a importância do domínio do idioma na realização desse sonho. “Eu consegui me comunicar diretamente com o pessoal da Bélgica sem precisar de ajuda nem do Google Tradutor. O inglês realmente abre portas e me levou até lá!”
Sobre os custos do intercâmbio, ela explica que são mínimos comparados a outros programas comerciais. As duas semanas com a família anfitriã e as duas semanas no acampamento incluem hospedagem e alimentação. As únicas despesas ficaram por conta das passagens aéreas e das taxas de inscrição, que são uma para o Lions, no valor de US$ 90, e outra para o acampamento, no valor de €180.
Ao refletir sobre o impacto que essa experiência pode ter no seu futuro profissional, ela é direta: “Vai transformar tudo. Um intercâmbio amplia a visão de mundo, desenvolve habilidades, cria conexões e ainda valoriza o currículo. É a oportunidade de crescer por dentro e por fora.”
Gleiciane é a primeira jovem de São José do Cedro a embarcar para o exterior pelo programa de intercâmbio do Lions Club. Ela espera abrir portas para outros estudantes do município. “Tenho certeza que ano que vem terá muitos cedrenses participando também”, afirma com entusiasmo.
A mensagem final da jovem para quem também sonha com uma experiência como essa é inspiradora: “Não tenha medo. Peça ajuda. Confie em você. Honre sua essência e seja verdadeiro. Uma vez ouvi: ‘Nunca deixe que alguém te diga que você não pode fazer algo. Nem mesmo eu. Se você tem um sonho, tem que protegê-lo’. E eu acreditei nisso.”
