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16/03/2019 às 08h29min - Atualizada em 16/03/2019 às 08h29min

O gosto pelo conhecimento

Protásio e Odila tem uma coleção de objetos antigos que abrangem música, filmes, livros, revistas e o conhecimento de diversas formas

Estamos prestes a encerrar a segunda década do século, e um dos objetos mais importantes em nossa vida atual é o celular. Com a internet, sua infinidade de aplicativos e utilidades, toda a informação disponível no mundo está, literalmente, na palma das nossas mãos. Essa afirmação não é exagero, é fato! Mas em detrimento de tudo isso, dessa revolução que a tecnologia proporcionou em nossas vidas, muitas pessoas não abrem mão da boa e milenar leitura no papel, de ouvir uma música numa picape, de escutar aquele barulhinho da agulha percorrendo as trilhas do disco de vinil.

A beleza do analógico é preservada por muitos, e apreciada por colecionadores. Um exemplo é o casal anchietense Odila e Protásio Flach. Eles possuem uma verdadeira coleção de objetos e exemplares do conhecimento já produzido de música (com discos de vinil, fitas, DVDs, aparelhos de rádios), livros, revistas, almanaques e muito mais. Todos os objetos foram sendo adquiridos com o passar dos anos e hoje são guardados em diversos cômodos da casa. O gosto pelo conhecimento, pela informação, não é à toa, afinal Odila e Protásio foram professores por muitos anos no Pops de Anchieta: ele professor de matemática, ela professora das séries iniciais.

Protásio mudou-se para Anchieta com 22 anos, e quando chegou foi dar aula na turma em que Odila estudava. “Foi na escola que tudo começou. Ele era um gatinho”, conta Odila. “Eu vim pra dar aula e me encantei com Anchieta e com a Odila, então fiquei por aqui”, afirma.

O casal está junto há 44 anos, comemorados agora em março. Da união dos dois nasceram a Fernanda, o Guilherme e a Letícia, que já agraciaram os dois com netos para completar a família. Também fruto do amor dos dois pelo conhecimento, nasceu o acervo que eles têm. Odila, que é colunista do Jornal Sentinela, tem guardado e arquivado todas as páginas que já escreveu e publicou no jornal. “É o Protásio quem arquiva toda semana, como uma forma de guardarmos o conhecimento que produzimos”, conta.

Da coleção, o xodó de Protásio são os aparelhos de rádio. Ele conta que nunca parou para contar quantos têm, mas sabe que são muitos, de diversas formas e tamanhos, e se orgulha em dizer que todos funcionam. “Tem os que são à pilha, os que precisam de energia elétrica. Tem os que tocam fita, discos, tem o 3 em 1 (rádio, toca-fitas e disco) e até um aparelho que é rádio, TV e despertador. São muitos”, explica.

Na coleção tem ainda uma máquina de escrever, uma calculadora mecânica, e outros objetos que são os precursores do computador. “É uma questão de colecionador o meu gosto por isso. Esses objetos têm o seu charme, e eu sempre gostei muito de música, sempre foi algo presente na minha vida”, salienta Protásio. Odila conta que ele já animou muitos jantares dançantes em Anchieta. “O Protásio ia sem cobrar nada no início, era só de amor à camisa. Nos eventos de grupos de jovens, igreja, ações da comunidade ele juntava as caixas de som, as fitas cassetes e ia. Eu odiava, nem ia mais junto, por que se eu fosse tinha que dormir na cadeira, afinal ele não tinha tempo pra mim. Ele precisava ficar procurando as músicas em um rádio pra passar no outro e continuar o baile. Era uma função, ficar carregando as caixas de som e os rádios pra lá e pra cá”, conta Odila.

A coleção dos dois é tão completa e cheia de objetos interessantes que por uma semana os alunos de algumas turmas do município vieram ter aula sobre os objetos antigos na casa deles. “Veio uma turma, que gostou e contou pra outra, aí os professores tiveram que trazer todas”, lembram. Eles contam que a curiosidade das crianças era grande. “Eles não conheciam, não faziam ideia de como funcionava, de muitas coisas nem tinham ouvido falar ainda. Foi encantador ter eles aqui para mostrar como funciona o toca fitas, o toca discos. Tão diferente das “nuvens” onde eles guardam as coisas hoje em dia”, contam.

Os livros, revistas, jornais e enciclopédias também estão arquivados. “Eu sempre gostei muito de ler, qualquer coisa, de diferentes assuntos. Desde uma bula de remédio até livros didáticos. A leitura é algo que faz muita falta pra nós. Eu não consigo ir dormir se não leio, e gosto de ter na mão, pegar no papel, folhear as páginas”, afirma Odila.

Mais do que ler eles já ajudaram a escrever dois livros, o que conta a história de Anchieta e o que conta a história do Pops. Há pouco tempo, uma parte da coleção de revistas e livros foi doada para a escola Pops. “O conhecimento merece ser compartilhado, não apenas guardado em caixas”, finalizam.
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