08/05/2019 às 09h32min - Atualizada em 08/05/2019 às 09h32min
Família sofre com morte de adolescente
Simone Fernandes, de 16 anos, foi encontrada pela mãe, já sem vida, em sua casa na semana passada em Guarujá do Sul
A terça-feira, dia 30 foi marcada pela tristeza em Guarujá do Sul. A comunidade guarujaense ficou consternada com a morte da adolescente Simone Fernandes, de 16 anos, que foi encontrada pela mãe, já sem vida, em sua casa, após participar de um desafio da internet conhecido como desafio do desodorante.
Os acontecimentos são rodeados de dúvidas. A Polícia Civil investiga o caso para tender descobrir se a adolescente foi induzida por alguém a praticar o ato. Mas a principal linha de investigação é a de suicídio, já que segundo a mãe da adolescente, Ana Lúcia Fernandes, deixou duas cartas endereçadas à família que foram recolhidas pela polícia. A mãe diz não entender se a filha realmente queria acabar com a própria vida, ou se ela apenas perdeu o controle da situação. “Eu não sei se ela só estava fazendo uma brincadeira e dessa vez foi longe demais”, desabafa muito abalada, e continua, “até agora eu não sei o que aconteceu”, afirma.
A mãe explica que Simone já havia sido levada em psicólogo, psiquiatra, por que fazia parte de um grupo de adolescentes da escola que se automutilavam. “Mas ela era uma menina alegre no últimos tempos, vivia bastante fechada, quase não conversava com a gente e passava muito tempo trancada no quarto, mas era alegre. Ao mesmo tempo, ninguém tinha acesso ao celular dela, e era uma guerra pra gente entrar no quarto dela, mesmo que fosse só pra limpar. Ela dizia que a bagunça era dela, e que ela se entendia. Às vezes ela ia no banheiro e ficava horas, então eu senti que tinha algo, mesmo que ela ficasse só em casa, não era uma menina de sair de noite ou algo assim”, conta.
O que fica para a família é o sentimento de incompreensão. “Eu não consigo entender, ela era uma pessoa que se relacionava bem com os outros, mesmo os desconhecidos. Se você estivesse aqui e ela chegava iria te cumprimentar, conversar contigo. Eu não sei onde errei que não consegui perceber o que estava acontecendo”.
Na terça-feira, dia 30, a mãe foi trabalhar normalmente durante a tarde na igreja, saiu de casa perto das 13h. Quando chegou, a porta estava aberta e ela encontrou a filha deitada na cama, com uma sacola na cabeça. “Parecia que ela estava brincando. Eu não consigo lembrar como ela estava, mas achei que dormia. Só que não estava. Eu vi no Facebook que era 13h05 ela postou uma foto então não sei há quanto tempo ela estava lá. Agora fica a pergunta: e se? E se eu tivesse voltado antes? E se alguma vizinha chegasse e ajudasse ela? E se...”, lamenta a mãe.
Simone tinha três irmãs, uma de 18, uma de 13 e uma de 11 anos. “Eu só me arrependo de não ter levado ela numa igreja, ou de volta pra psicólogo, psiquiatra. Agora eu vejo que por trás desse isolamento todo sempre tem alguma coisa. Ano passado ela estava bem depressiva, chorava muito, mas nesse ano ela tava diferente, mais alegre. Acho que no fundo ela tinha uma dor que ninguém conseguiu tirar dela. Agora ficam perguntas sem respostas e a saudade”, finaliza a mãe.