14/02/2020 às 08h49min - Atualizada em 14/02/2020 às 08h49min

Pessoas mais velhas

Coluna de opinião do jornal impresso

Semana passada fui comprar flores e folhagens numa floricultura de um assinante aqui do Sentinela. O propósito era cultivar um jardim de bromélias. Eu estava perdido em meio a tantas opções, sem saber exatamente o que comprar, afinal cada planta cresce de um jeito, umas mais, outras menos, enfim.
Para minha feliz surpresa se achega próximo a mim uma senhora de idade, franzina, já meio arqueada, mas um doce de pessoa. Já foi logo falando: ‘Esta aqui é ideal para vaso, já esta outra para plantar no chão, não precisa ficar dando água com frequência’.
Eu agradeci, mas ela foi emendando: ‘Também temos estas outras opções de samambaias, que ficam lindas numa parede. Esta aqui está meio feia, mas posso te dar um bom desconto’. E lá foi a senhorinha arrumar uma etiqueta reduzindo o preço para menos da metade. Ela sabia exatamente o que estava fazendo.
Me conquistou.
No fim a cumprimentei, agradeci e falei brincando: “Preciso ficar longe da senhora”. Ela se assustou. Aí eu complementei. “A senhora é um amor de pessoa, entende tudo de flores, mas me faz gastar muito. Já comprei muito mais do que preciso”.
 
A experiência da idade
Outro exemplo é aqui em Palma Sola. Quando vou no Dalle Laste Supermercado o que mais gosto é de ser atendido pelo seu Tóni. O Volmi é um baita açougueiro, o Sandro um bom empresário, as moças do caixa são atenciosas, mas a cereja do bolo é o seu Tóni. Quando vou até o mercado com os meus filhos, o seu Tóni vem cumprimenta-los, brinca, tira um sorriso deles. E não há coisa que nos afeiçoe mais, do que alguém que dá amor, atenção e carinho aos nossos filhos.
 
Citação
Aproveitando o ensejo desta minha coluna, vou citar uma coluna do colega de profissão, o jornalista e colunista Luiz Carlos Prates.
Grupos felizes
Cientistas do comportamento nos Estados Unidos quiseram tirar uma dúvida sobre a inteligência dos grupos de pessoas no trabalho.
Fizeram o seguinte: de um lado um grupo de funcionários que trabalhavam juntos há mais de 10 anos, pessoas “comuns” mas afeitas às rotinas do trabalho numa certa empresa. De outro lado, criaram um grupo de pessoas que igualmente trabalhavam na mesma área de trabalho do primeiro grupo, mas em empresas diferentes ou novas na empresa pesquisada, pessoas que não tinham entre si as afinidades geradas pelo tempo num mesmo convívio. Nesse segundo grupo, os pesquisadores colocaram dois profissionais considerados gênios. Aos dois grupos foram dados problemas de trabalho parecidos para que fossem solucionados. A intenção dos pesquisadores era saber até que ponto pessoas que trabalham juntas, que se conhecem há bom tempo, são mais eficientes que outras, ainda que de alto QI, mas que não têm entre si grandes intimidades ou amizade.
Feita a pesquisa, os cientistas descobriram que não há genialidade que se compare às grandezas de que são capazes as pessoas de um grupo que trabalha junto há bom tempo e que tem afinidades entre si pelo tempo de convívio e pela amizade. Os que trabalhavam juntos há mais tempos e são amigos entre si deram um banho de soluções e criatividade nos “adversários” que, embora gênios, não costumavam trabalhar juntos, não tinham afinidades.
O que quero dizer em trazendo esta pesquisa para você, leitora, leitor? Que administradores estúpidos acham que funcionários antigos e grupos de bons companheiros de há muito tempo na empresa não produzem mais e custam caro às contabilidades financeiras do negócio. Tapados. Estão mandando embora os talentos antigos das empresas, estão desfazendo grupos que produzem pela alegria do convívio e elevando com isso o “turn over” das empresas. Isso encarece suas despesas e depõe contra a qualidade, o entusiasmo e à criatividade de grupos de funcionários felizes pelo tempo de casa e convívios de amizade. Burros.

Igor Vissotto 
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