Nos últimos anos, o Brasil percebeu um progresso no debate público em torno das questões femininas. A luta pelo direito das mulheres vem progredindo; porém, no que tange a representatividade, esse debate ainda se encontra muito distante do desejado. Muitas ainda têm dificuldades em ocupar cargos de poder, serem eleitas ou terem voz ativa nas tomadas de decisões políticas.
A equipe do Sentinela explorou essa questão, dentre outras relacionadas ao tema “Mulher e Política”, e conversou com a ex palmassolense Cláudia Perondi, de 45 anos, que foi a única mulher a se eleger na Câmara de Vereadores de Flor da Serra do Sul, seu atual município. Ela que é filiada ao Partido Trabalhista Nacional (Podemos) e conquistou 244 votos. Acompanhe a entrevista:
Porque resolveu se candidatar? Particularmente, eu não queria por dois motivos: um porque sou ministra na igreja Matriz e teria que me afastar durante a campanha; e dois, porque a política está andando de uma maneira que não condiz com a minha conduta. A forma como ela é feita e a própria campanha de alguns candidatos que compram votos, desanima.
Neste ano, muitas pessoas vieram pedir para que eu me candidatasse, dizendo que eu teria apoio, e como já fui candidata a vereadora na eleição de 2016, ficando apenas como suplente, com 168 votos, meu incentivo em concorrer novamente foi pensando nessas pessoas que me apoiaram e votaram em mim. Pensei naqueles que eu poderia ajudar e que passam por necessidades, e quando decidi, já disse que seria para um bem social.
O que gosta na política? O fato de podermos fazer mais pelos outros, de poder atender as necessidades e realizar grandes projetos, principalmente para aqueles que mais precisam. Ainda podemos acreditar em uma política boa e limpa, de pessoas que se candidatem por amor ao próximo e que queiram realmente ajudar.
E o que você gosta na condição de vereadora? Poder decidir e estar ao lado do prefeito ouvindo a todos. Muitos dos nossos projetos estão voltados a saúde, a área social, a empregos, esporte, cultura e lazer, além da linha habitacional, priorizando a nossa área rural com programas de horas máquinas, programa da vaca de leite, de sementes, entre outros. Pretendo ser uma base entre o povo e o prefeito Jr, podendo assim ouvir e auxiliar a todos.
A senhora tem histórico familiar neste meio? Meu pai, Celso Hartmann, já falecido, era muito conhecido em Palma Sola e tinha influência na prefeitura e na Câmara de Vereadores; além dele, meu sogro, Valter, que antigamente se candidatou aqui no município como vereador, mas por apenas um voto não conseguiu se eleger.
Quais suas inspirações? Dentre tantos políticos, os que eu sempre admirei foi o ex-prefeito Paulo Savaris e o Guimarães. Tive o prazer de trabalhar ao lado do Paulo, que foi uma excelente pessoa e de bom coração.
Porque resolveu se filiar ao Podemos? Porque é o partido do nosso novo prefeito, Valmor Felipe Júnior. Não teve nenhum motivo específico, apenas para acompanhá-lo nesta caminhada.
Como avalia a atual Administração? Existem muitas coisas a serem feitas e melhoradas no nosso município, e isso se refletiu nas eleições, onde o Júnior e a Luci foram eleitos pelo povo e são uma dupla nova, com propostas novas e que tem muito a fazer pelos sulflorenses.
Você ambiciona ser prefeita? Não, capaz. Quero fazer um bom trabalho como vereadora e o futuro à Deus pertence...
Qual a importância da mulher na política? No meu ver, precisamos ter iniciativas, lutar pelos nossos diretos e seguir firme nessa caminhada. Eu percebo que muitas ainda são tímidas, mas é necessário que sejamos ouvidas. E também, a mulher atua com amor, pensa em todos e faz várias atividades ao mesmo tempo. Ainda há desigualdades, como o espaço para nós, que é pouco e, além disso, a grande maioria que se dispõem a essa jornada recebe somente o apoio delas mesmas. Precisamos que os homens nos vejam com um olhar diferente e nos apoiem nessa luta. Neste ano, o nosso time de candidatos era composto por mais três mulheres, todas competentes, fortes e que vão atrás dos seus objetivos. Eu as parabenizo.
Deixa algum agradecimento? Quero agradecer ao grupo que me ajudou, se doou e abraçou a minha campanha. Chamo ele de 0800. Agradecer também todos os eleitores e as casas que sempre estiveram de portas abertas para nos receber. Fiz uma campanha limpa e honesta, que me deixa muito feliz. Quero dizer para aqueles que não conseguiram se eleger, que persistam e tentem na próxima, pois precisamos sempre de mais pessoas interessadas em fazer a diferença.
E a vida de revendedora? Anda corrida. Revender tupperware é muito gratificante, sou muito bem reconhecida pela empresa e isso me motiva. Somos um grupo unido, de quase 40 pessoas, e é um prazer fazer parte dessa caminhada.