“Meu sonho do intercâmbio é quase realidade!”

Conhecer novas culturas, vivenciar experiências, valorizar o currículo ou até se familiarizar com uma nova língua. Motivos para fazer um intercâmbio não faltam, principalmente durante a vida escolar. No Paraná, o programa Ganhando o Mundo, criado pela Secretaria de Estado da Educação e Esporte, proporcionará a chance a 100 alunos de escolas estaduais para agregar estas experiências ao currículo. Oportunidades que foram abraçadas pelo estudante Augusto Barcelos Iurko, morador da Linha Rio Verde, em Flor da Serra do Sul.
Sendo ainda a primeira edição, o programa deseja levar alunos a Nova Zelândia. A viagem está marcada para o segundo semestre deste ano, desde que não haja restrições em razão da pandemia. As inscrições terminaram em janeiro, com pelo menos 334 escolas inscritas, de 299 munícipios. Para participar, os alunos deveriam ter cursado os anos finais do Fundamental (6º ao 9º ano) na rede pública e ter entre 14 e 17 anos e meio, na data de embarque. Serão duas etapas de seleção.
A primeira, pela média de notas e frequência, selecionou o melhor estudante de cada município, chegando a 399 classificados – os alunos devem ter média maior ou igual a sete (7,0) em todas as matérias e frequência maior ou igual a 85%. Na segunda, então, serão escolhidos os melhores 100 entre todos os selecionados. Para chegar a pontuação final, serão somadas as médias de todas as disciplinas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) cursada em 2020 no 9º ano.
Com apenas 14 anos, o sulflorense, apaixonado por exatas, está entre os melhores alunos do Estado, com média 9,72 e frequência de 92%. No momento, espera o resultado da segunda fase. Em entrevista ao Sentinela, relatou que seu sonho sempre foi conhecer novos lugares, que essa oportunidade lhe dará a chance de desenvolver autonomia e aperfeiçoar a língua inglesa na formação acadêmica em instituições de ensino estrangeiras.
“Eu ainda não consigo acreditar que fui selecionado na primeira fase, por terem tantos municípios, tantos alunos, e eu ter sido um dos escolhidos, o único de Flor da Serra”, conta relembrando que estuda desde a primeira série no município, tendo auxílio de pedagogos para alcançar uma bolsa de estudos. “Recebemos a notificação do intercâmbio, que seria apenas para os alunos de melhor nota. Não foi necessário fazer nenhuma prova, me inscrevi sem pensar duas vezes”, comenta.
 
Coração apertado
A mãe, Andreia, formada e graduada em História e Filosofia, relata que o filho sempre teve condições de estudar, e mesmo sendo sua professora, nunca precisou mover um dedo para que ele tirasse boas notas. “Sou professora dele há quatro anos. Nossa família é toda estudada, meu esposo formado em Administração. Posso dizer, com toda certeza, que ele é um excelente aluno. Dedicado, estudioso, atencioso. Eu ajudo mais os filhos dos outros, que o meu próprio. Até porque ele não tem dificuldade alguma!”, destaca.
Emocionada, relembra que seu filho já foi o melhor aluno dos anos finais no Ensino Fundamental. “Lembro que no certificado, está escrito: pai, mãe, razões da minha vida, minha força, minha inspiração, luz do meu caminho que me guia e me dá direção, abraço que ampara e acalma meu coração. Isso acalma nossos corações!”, completa.
Para ela, esta chance disponibilizada pela SEED é única. Comenta que o filho nunca tirou menos que 9,0, tendo grandes chances de passar na próxima fase. “Ele não fez pré-alfabetização, já entrou na 1ª série lendo e escrevendo. Nunca tive nenhuma reclamação da escola. Ele é tímido e acanhado, mas tem o dom da inteligência”, acrescenta ressaltando que a decisão de ir ao exterior é totalmente do filho, já que os custos serão embolsados pelo Estado, incluindo emissão de passaportes e vistos, exames médicos e vacinas, passagens aéreas e terrestres.
Além de transporte, hospedagem, seguro viagem e saúde, além das despesas vinculadas à parte acadêmica, como taxa de matrícula, tradução juramentada da documentação escolar, mensalidade da escola, material didático e uniforme. O intercambista também receberá uma ajuda de custo mensal de R$ 800. Serão seis parcelas da bolsa-intercâmbio, sendo a primeira (bolsa-instalação) para cobrir despesas iniciais na chegada e as demais repassadas mês a mês. “Nunca teríamos condições de pagar um intercâmbio desse”, conclui.
 
Destaque
O pequeno Augusto é o único aluno selecionado em Flor da Serra. Compete na região com uma aluna de Marmeleiro e outros dois de Francisco Beltrão. Dentre as matérias estudadas, suas paixões são matemática e ciências. Questionado sobre a faculdade que deseja seguir, foi categórico ao afirmar que ainda não pensou em uma, mas que, se tudo ocorrer bem, deseja cursar Arquitetura ou Engenharia. “Ainda é muito cedo para pensar em qual fazer, estou pesquisando, para quando chegar a hora, tomar a decisão certa”, sobressai.
Tendo estudado o ensino fundamental na Escola Estadual do Campo de Tatetos, localizada no distrito do Tatetos, cursará o ensino médio no Colégio Estadual Barão do Rio Branco, na cidade de Flor da Serra do Sul. Ainda de acordo com o processo de intercâmbio, Augusto declara que para preparar melhor os estudantes selecionados, será disponibilizado um curso de inglês via aplicativo, ofertado em parceria com as universidades estaduais vinculadas à Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Será realizado ao longo deste primeiro semestre, por três meses, em formato auto instrutivo, baseado em desafios que consideram a perspectiva da aprendizagem por vivência social e cultural. Ao todo, serão seis módulos de 40 horas cada, totalizando 240 horas. Cita que possui muita facilidade no idioma, o que ajudará durante a próxima seleção. “O intercâmbio durará seis meses e os que souberem falar e entender o idioma fluentemente, tem vaga garantida. Não sou de estudar em casa, mas tenho facilidade em aprender somente assistindo as aulas. Garanto que logo estarei tagarelando em inglês por todo lado!”, enfatiza.
 
Primeira viagem
Augusto nunca saiu da região Sul do país. Viajou apenas ao litoral catarinense, sendo esse seu destino mais longo. Ansioso para o novo destino, já pesquisa lugares que deseja visitar. “Já estou pesquisando tudo sobre a Nova Zelândia. Estou ansioso para conhecer novas culturas, pontos turísticos e a metodologia de ensino das escolas de lá. Acredito que tenho boas chances”, finaliza.
 
Orgulho para a escola
O pedagogo Paulo Roberto Savaris diz que o menino tem boas chances, por suas notas exemplares. “Nós como escola, simplesmente, mediamos e orientamos para que aproveite o máximo os conhecimentos repassados em sala de aula. Essa classificação é a Lei da ação e reação agindo e o recompensando por sua dedicação. Quanto a mim, exerci minha função como educador, mostrar a oportunidade e ajudá-lo no processo de inscrição. Cabe salientar que temos vários ‘Augustos’ em nossa escola, nesse momento os critérios eram favoráveis ao Augusto Iurko, exemplo disso é o nosso avanço no IDEB/19, com a nota 6,1 que nos coloca entre as cinco melhores escolas estaduais do NRE/FB”, comenta.
Conforme ele, Augusto está em um seleto grupo de alunos que possuem os componentes essenciais para a construção de uma caminhada estudantil de sucesso, decorrente do seu acompanhamento familiar permanente; responsabilidade pessoal nas tarefas, na atenção as aulas; liderança, sendo o presidente do Grêmio Estudantil; e, acima de tudo, seu autoconhecimento. “Ele sempre busca estar atualizado, mesmo ainda adolescente, já sabe diferenciar muitas situações, informação de conhecimento. Desejo os parabéns! Essa pré-classificação já é motivo de orgulho para todos nós da EECT, oxalá seja escolhido entre os 100 que irão ao intercâmbio”, finaliza.
Para a diretora da escola Tatetos, Alessandra Acorsi, é um privilégio ter um de seus alunos conquistando algo tão significativo, por ser um educandário do campo, sem muitas adaptações. “Ficamos honrados. Em meio a tantas escolas, um dos nossos alunos foi selecionado, o melhor da região. Torcemos que ele tenha sucesso!”, comenta ressaltando que a escola não comporta mais de 50 alunos, proporcionando apenas o Fundamental. “Possuímos algumas atividades em relação a geografia, em que leva os alunos ao campo e faz visitas. Temos também pomar e horta”, salienta.