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05/07/2022 às 09h49min - Atualizada em 05/07/2022 às 09h49min

A era dos golpes

As advogadas Graziela Três e Geovana Somavilla, falam sobre o Golpe do Nude e o Golpe do Consignado. Como reagir e se prevenir

Palma Sola
Da redação
Sentinela
Golpes são esquemas desonestos para roubar dinheiro ou algo de valor. Alguns anos atrás, os golpes eram realizados presencialmente. Os golpistas geralmente trabalhavam em duplas ou equipes e realizavam golpes nas ruas ou locais públicos. Com o avanço da tecnologia os golpes mudaram.
Com os smartphones e as redes sociais um novo mundo de oportunidades se abriu para os golpistas, que desenvolvem novos golpes todos os dias. Segundo levantamento da Serasa Experian 326.290 brasileiros foram alvos de tentativas de golpes em fevereiro deste ano. Isso significa que a cada 7 segundos alguém foi vítima de golpistas.
Recentemente ocorreu uma nova onda do Golpe do Nude. Outro que também está em alta é o Golpe do Consignado. As advogadas Graziela Três e Geovana Somavilla, falam sobre estes golpes, como reagir e se prevenir.
 
Golpe do Nude
Inicia com o perfil falso de uma menina muito bonita, o famoso Fake. Graziela explica que geralmente o perfil é da cidade do Rio Grande do Sul. O fake adiciona homens no Facebook e inicia uma conversa pelo Messenger. A menina solicita o número de WhatsApp e por lá, além de trocar mensagens, ela envia nudes.
“São fotos aleatórias facilmente encontradas no Google. A menina também solicita que o homem mande fotos, alguns mandam outros não. Depois um outro número chama esse homem dizendo que é o pai ou irmão mais velho da menina. Ele costuma dizer: ‘peguei o celular da minha filha e vi essas fotos, ela é menor de idade, isso é pedofilia’.”, explica a advogada.
Uma das abordagens dos criminosos é dizer que quebrou tudo dentro de casa por raiva após saber que a filha enviou as fotos. Nisso o golpista solicita dinheiro para reparar os danos em troca de não procurar a justiça. Em outros casos, o golpista se identifica como delegado da cidade de Igrejinha – uma cidade do Rio Grande do Sul – e fala o seguinte: “Estou ligando para fazer um acordo, você paga valor X de indenização à família para o processo não ir adiante”.
“Primeiro, delegado não liga para ninguém. Segundo se fosse realmente um crime de pedofilia a delegacia faria uma investigação e para este tipo de crime não existe acordo, a lei não permite isso. Outro ponto interessante é que eles passam o número da conta para depósito, e elas são sempre do Rio Grande do Sul”, esclarece a advogada.
“Há quase dois anos recebi aqui um rapaz e o pai dele. Ele já tinha pago R$ 3 mil e ia pagar mais ainda, além dele, vários clientes já passaram pelo escritório e a todo momento pessoas me procuraram, pessoalmente ou mesmo por telefone em busca de orientação do que fazer. Outro caso é de um rapaz que procurou a delegacia da Polícia Civil, ele vendeu sua moto para pagar os golpistas. As pessoas têm tanto medo de terem realmente cometido um crime que ficam em pânico e transferem o dinheiro”, relata Graziela.
A orientação da advogada é ficar calmo e não depositar dinheiro, dizer que irá procurar a justiça da sua cidade e bloquear o número.
“Posso dizer que as vítimas são pessoas de bem, que por um momento acharam que uma menina estava interessada por eles e se desespera com a ideia de cometer um crime, quando na verdade eles não fizeram nada de errado. Atendi um senhor de idade que caiu neste golpe, ele estava tão assustado que tinha medo de sair de casa, achava que a qualquer momento ele seria preso”, conta a advogada.
Ela ainda explica que os golpistas cometem ou tentam cometer o crime de estelionato, previsto no código penal, artigo 171, parágrafo segundo A: a pena é de reclusão, de 4 a 8 anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.  Pena aumenta 1/3 se o crime for cometido contra idoso ou vulnerável.
 
Golpe dos Consignados

A pessoa geralmente cai nesse golpe sem saber. O aposentado vai ao banco receber seu benefício e no estrato está descrito que ela tem um ativo de R$ 15 mil. O INSS vai averbar este valor, fazendo descontos no salário/aposentadoria da vítima. “Acontece que a pessoa não solicitou este consignado, esse empréstimo. As financeiras jogam esse dinheiro na minha conta, por exemplo, sem eu pedir, e depois descontam mensalmente, em 86 parcelas, do meu benefício com juros e correção. Se foi um consignado de R$ 15 mil, no final vou pagar quase R$ 30 mil com os juros”, explica a advogada Geovana Somavilla.
As pessoas buscaram o escritório de advocacia pois na hora de receber seu salário mínimo recebiam apenas R$ 800 e queriam saber o porquê do desconto. “O prazo para cancelar o consignado e devolver o dinheiro é de quatro meses, após isso não é possível fazer a devolução. Através do site Meu INSS consegui verificar de que empresa foi feito o empréstimo. Estive em contato com essas financeiras solicitando um boleto para fazer a devolução do dinheiro e o cancelamento do consignado. Uma das financeiras que fez isso é o Francisco Beltrão, eles nos ameaçaram, ameaçaram nossos clientes. A procura de pessoas que caíram no golpe foi grande”, relata.
Ela alerta para que os aposentados entrem no site Meu INSS e peçam o bloqueio do empréstimo consignado. “Assim não é possível fazer um depósito na conta sem solicitação. Orientamos que as pessoas fiquem atentas a depósitos e descontos inesperados em suas contas e procurem investigar a origem disto o quanto antes”, acrescenta Geovana.

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