Sofia Bertolin No ano passado foi lançado o ChatGPT, desde então, ele tem dado o que falar. O ChatGPT é, basicamente, um robô virtual que responde a perguntas variadas, realiza tarefas por escrito como redações, poesias e trabalhos acadêmicos, ensina a preparar receitas, conversa de maneira fluida, até mesmo dando conselhos sobre problemas pessoais. As possibilidades de uso e geração de conteúdo são imensas.
Desde que o Chat começou a ganhar espaço, cresce a discussão de como ele será usado na educação.
O ChatGPT na educação O professor e mestre em geografia, Tauãn Medino Gomes da Silva e Sá, trabalha na Escola Estadual Claudino Crestani, em Palma Sola. Ele faz parte de um grupo de pesquisadores da UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná, que realiza pesquisas em diversas áreas do conhecimento ligadas a educação. Por conta da pandemia, o grupo – que existe há 20 anos – discute, cada vez mais, o uso da tecnologia na educação.
“Estamos trabalhando na produção de um livro e minha parte neste projeto, junto com o colega Doutor em Geografia Alcimar Paulo Freisleben, é sobre como alguns acadêmicos de geografia e pedagogia da UNIOESTE estudaram durante pandemia, sabemos que teve a inserção da tecnologia, então nossa pesquisa se cruza com os temas da Inteligência Artificial (IA) e com o ChatGPT. O corpo educacional tem uma preocupação sobre os assuntos, já que são coisas novas, que evoluem muito rápido e nós professores, ainda não sabemos como lidar com isso”, explica o professor.
Ele afirma que o Chat é uma ferramenta interessante, mas ainda não há uma forma adequada de trabalhar com ele na educação. Tauãn cita o plágio, o copia-e-cola, que interfere nos processos de aprendizado.
“O professor que está todo dia na sala de aula, com o tempo, começa a ter uma leitura dos alunos. É fácil de ver qual tem dificuldade ou não. Se você tem um aluno que tem dificuldades e do nada ele traz um negócio lindo, é de se estranhar”, brinca o professor.
Em outros países, a exemplo da Itália, o ChatGPT foi pausado, pois segundo as leis italianas ele burla o direito de produção do autor, já que é capaz de produzir um texto usando informações coletadas de várias fontes, e o aluno usa o texto como se fosse produzido por ele.
“É aquela história, informação não quer dizer conhecimento, o conhecimento é a relação que você faz com as informações que você tem. Então o plágio é um baita problema. A ideia da formação do sujeito dentro da escola não é só aprender através dos conteúdos, mas é pegar os conteúdos, que são as informações, e pensar no que fazer com elas. Se o aluno se resguarda só plagiando ele não vai aprender nada, pois ele não pesquisa, não pensa, que é o básico de qualquer área. ChatGPT traz um leque de informações muito grande, que pode ser usado na produção de trabalhos, mas até que ponto ajuda?”, questiona Tauãn.
Tauãn não nega a qualidade gramatical dos textos produzidos pelo ChatGPT, mas é necessário verificar informações em fontes confiáveis ao produzir algum trabalho acadêmico.
Outro debate que vem crescendo em cima do ChatGPT, é a possibilidade de ele mentir. Como explica Tauãn, a Inteligência Artificial sempre vai buscar uma saída rápida e fácil, se não achar, as chances de ela inventar uma saída, são altas.
“Na atualização do ChatGPT, que é o Chat GPT4, ele precisava resolver diversas tarefas, mas teve uma hora que ele não conseguiu prosseguir, pois precisava passar pelo Captcha, que verifica se você é um robô. Como o Chat não conseguia fazer, ele entrou num outro Chat, que é coordenado por seres humanos, para que eles respondessem a Captcha. O ChatGPT fez o humano que o atendeu, acreditar que ele possuía algum tipo de limitação, e por conta disso não podia responder o Captcha”, relata o professor.
Ele acredita que, a médio e longo prazo, o Chat GPT e a Inteligência Artificial seguirão o mesmo caminho dos computadores, internet, celulares entre outras tecnologias. Inicialmente insegurança, até aprendermos a utilizar as tecnologias. Esse aprendizado, segundo o professor, também depende muito do investimento dos governantes em tecnologia para as escolas.
“Nos últimos anos, em Santa Catarina, tivemos um bom investimento em aparelhos tecnológicos para as escolas, mas temos que pensar a que ponto os governos podem investir nisso. A transição é sempre desafiadora, podemos refletir sobre várias problemáticas, em como a IA pode afetar no pleno emprego, não só na educação. Temos que olhar para o ChatGPT e para a IA com um olhar positivo, mas sempre com um pé atrás”, enfatiza.
Nós usamos ou somos usados? Tauãn relata como seus alunos têm facilidade de utilizar as redes sociais, produzir vídeos e fotos para TikTok e Instagram, mas não conseguem utilizar ferramentas básicas, como o e-mail.
“Os alunos dominam as redes sociais, mas não sabem mandar e-mail. Observo essa dificuldade neles, que deixam de ser usuários da tecnologia e passam a se tornar dependentes dela”, reitera o professor.
Como utilizar o ChatGPT? Tauãn reafirma que o Chat pode ser um aliado na hora de fazer produções textuais, mas é necessário ter cuidado com a qualidade das informações.
Outra forma dos professores trabalharem com o Chat em conjunto dos alunos é focar nas perguntas. “De que maneira formular uma pergunta para fazer meu aluno pensar. É um exercício que podemos fazer, que incita os alunos a pensarem na qualidade do que eles produzem e sobre as perguntas que eles fazem. Acredito que esse seja o ponto de partida para que possamos tentar usar o ChatGPT como uma ferramenta aliada”, finaliza o professor Tauãn.
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