Igor Vissotto O sonho de construir uma Central Geradora Hidrelétrica (CGH) em Palma Sola começou após o médico Silvio Neugebauer adquirir terras às margens do rio Lajeado Grande, entre as comunidades Cerro Azul e São Cristóvão. Do outro lado do rio ficam as terras de Alberto Santin. Durante uma conversa, os homens pensaram na possibilidade de construir a hidrelétrica. Após algumas análises eles entenderam que era sim viável, econômica e comercialmente, fazer essa empreitada. Em novembro de 2009, o primeiro ofício foi enviado à ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).
“A partir dali começamos a desenvolver o projeto, o arcabouço. Muitas vezes pensamos em desistir devido à burocracia e à dificuldade, mas seguimos em frente e em outubro de 2021 liberamos toda a documentação necessária, a exemplo das licenças ambientais, isso a nível de ANEEL e damos início a construção em abril de 2022”, relata Silvio.
O investimento para construir uma hidrelétrica não é baixo, são cerca de R$ 12 milhões apenas em construção civil, juntando com os custos de licenciamento ambiental e obras adicionais, desde 2009 foram investidos cerca de R$ 15 milhões. Silvio e Alberto contam com alguns parceiros, entre eles o João Grando e a empresa G6 de Chapecó. Conforme explica Silvio, a G6 é já tem experiência na construção de hidrelétricas e gerencia o canteiro de obras.
Hoje a maior parte das porções de terra pertencem a Silvio e a Alberto, pois ao longo do tempo os lotes lindeiros ao terreno da usina foram negociados, alguns foram comprados e para outros, foram realizados contratos de cedência, ou seja, um ressarcimento aos proprietários pelo uso da terra. “Algumas famílias vão receber, por exemplo, R$ 3 mil por mês. Esse contrato de cedência da terra fica ativo até o fim do funcionamento da usina”, acrescenta Silvio.
Meio Ambiente
Vale lembrar que, para fazer usina são necessárias várias etapas, desde a instalação do canteiro de obras, construção da barragem, limpeza do leito do rio, entre outras. Todos esses processos envolvem licenciamento ambiental e consequentemente a derrubada de árvores e detonação de rochas. Questionado sobre isso, Silvio explica que existe um Plano Ambiental de Construção, que prevê a recuperação e reconstrução das áreas degradadas, manejo e conservação da flora e fauna, monitoramento da qualidade da água, entre outros. Todos esses processos estão previstos em projetos já aprovados pelo IMA - Instituto do Meio Ambiente.
“Fizemos esse projeto, através da Vital Engenharia, empresa habilitada que tem grande experiência nessa área ambiental. São eles que fazem o levantamento da fauna e da flora, liberam as movimentações de terra e detonações. Apenas em relação ao meio ambiente, assim que o lago foi formado [com a construção da barragem, forma-se o lago, a água do lago que passará pela barragem, movimentará as turbinas e fará a geração da energia elétrica], faremos o cercamento da área de APP - Área de Preservação Permanente. É nessa área que a madeira retirada será replantada. Eu não sabia, por exemplo, que existe uma norma que estabelece que não podem ficar árvores dentro do lago, a área alagada terá cerca de seis hectares, então está sendo feita a supressão vegetal. Todas essas árvores estiradas foram catalogadas e serão replantadas nas áreas de APP”, enfatiza.
Resultados
Silvio relata que a usina deve entrar em funcionamento em 2024. Trabalham na obra cerca de 40 funcionários, outros 15 funcionários trabalham de forma temporária. “Queremos fazer os testes de funcionamento de produção nos meses de novembro e dezembro e iniciar a produção comercial em janeiro de 2024”.
A usina deve gerar uma potência de 0,95. Hoje a média nacional de consumo de energia é de 180 kW por residência, a média regional é de 350 kW por residência. Se levarmos em conta a média nacional a usina seria capaz de abastecer, em sua capacidade máxima, 2 mil e 2,5 mil residências. Levando em conta o consumo à nível regional, o número é reduzido em 50%, então abasteceria de 1 mil a 1,5 mil residências. Claro que a geração de energia vai depender da produtividade e a produtividade dependerá do fluxo de água, que é influenciado pelo nível do lago e pela quantidade de chuvas.
A energia gerada será vendida para a Celesc. Silvio informa que a venda da energia não acontece diretamente CGH para a Celesc. Uma outra empresa faz o intermédio da venda. No Paraná empresas que geram energia também não podem fazer a venda diretamente para a Copel, é necessária uma empresa para fazer esse intermédio. “Hoje a Celesc paga em torno de R$ 520 por megawatt, há um desconto de 10%, que fica com a empresa que comercializa. Nosso contrato é de R$ 445, com um reajuste de 8% que ocorreu agora em agosto, ficou R$ 470 mil. Do faturamento, 11,33% serão pagos em impostos”, relata Silvio.
Turismo é uma possibilidade
Após ser concluída, a usina terá um potencial turístico. Segundo Silvio, dependerá de cada sócio, se querem ou não investir nessa área. “Eu gostaria de fazer um Eco parque lá, mas isso é algo a ser desenvolvido ao longo de três anos, ou mais. Ter trilhas, um mirante, um restaurante panorâmico ou uma cervejaria, com uma fazendinha para que as crianças possam interagir com os animais. Claro que isso são possibilidades, sonhos para o futuro”, finaliza Silvio.
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