23/09/2023 às 10h59min - Atualizada em 23/09/2023 às 10h59min

O sonho de viver do esporte

As gêmeas Rafaela e Gabriela relatam como foi de representar Santa Catarina num campeonato Brasileiro e como a competição ascendeu o sonho de viver do handebol

Palma Sola
Da redação
Saur Fotografias Esportivas
Rafaela e Gabriela Pauletti tem 16 anos, as irmãs gêmeas, naturais de Palma Sola, tiveram os primeiros contatos com o handebol aos 7 anos, quando foram convidadas para participar das escolinhas esportivas. Sempre muito ativas, conforme Rafaela, as irmãs não paravam quietas, estavam sempre ativas e desde que começaram no handebol, sempre estiveram com uma bola na mão.
Até os 12 anos elas participaram das escolinhas de rendimento, com a professora Giovana Goetz, quando passaram para os treinamentos de rendimento, com a professora Rosane Dalle Laste. Foi nessa época que a pandemia começou, e todas as meninas que acabaram perdendo um ano de treinamento. Quando as coisas começaram a normalizar, em 2021, Rafaela e Gabriela disputaram sua primeira competição estadual. Segundo elas, a competição que geralmente reúne 20 equipes, reuniu apenas quatro.
“Tivemos pouco tempo de treino, mas foi muito legal, pois nunca tínhamos ido para uma competição grande. Nessa estadual ganhamos todas, exceto a final, onde classificamos para o brasileiro um saldo de bola. O brasileiro foi uma experiência incrível, até hoje pessoas nos reconhecem porque participamos desse brasileiro, foi algo bem importante para nossa carreira como atletas”, enfatiza Rafaela.
Relembrando da primeira participação no brasileiro de handebol, as irmãs relatam a importância de ter a cabeça no lugar. “Nem todos os dias estamos bem para jogar, as vezes estamos tranquilas e às vezes estamos muito mal. É muito difícil conciliar os dois, o físico e o emocional na hora do jogo”, acrescenta Gabriela.
 
Seleção cadete
Neste ano, Rafaela e Gabriela foram convocadas pela Seleção Catarinense de Handebol para participar do Campeonato Brasileiro de Seleções, categoria Cadete 15-16. Elas representaram o Estado na competição. Além de representarem Palma Sola, as irmãs são as únicas atletas do Extremo Oeste que fazem parte da seleção catarinense.
Participamos de seletivas com atletas de todo o estado. Foi um processo bem ansioso, estávamos muito ansiosas. Na primeira fase eram 90 meninas, o grupo reduziu para 32 e dessas 32 meninas já montaram um time e nós fomos incluídas. Não tivemos muito tempo de treino, mas conseguimos montar o time e mostrar o que viemos fazer na quadra”, relembra Rafaela.
As meninas, que jogam como ponta esquerda e ponta direita, participaram dos jogos contra o Ceará onde ganharam por várias bolas. O segundo jogo foi contra a equipe de Mato Grosso, conforme as gêmeas, foi um jogo incrível, onde elas ganharam por uma bola de diferença. “No ano passado Mato Grosso ganhou o brasileiro, elas foram pro campeonato sul-americano e ficaram muito reconhecidas e ganhamos delas por uma bola, foi um jogo apertado”, conta Gabriela.
Em seguida, Santa Catarina jogou contra o time do Pará, onde perdeu por quatro bolas e caiu para disputa entre o quarto e o oitavo lugar. “Jogamos contra o Alagoas, estávamos bem desgastadas fisicamente. Tínhamos que ganhar, pois no ano que vem, a nossa classificação entre o quinto e o sexto lugar é importante, assim quem jogar não pega chaves muito difíceis. Ganhamos de Alagoas e pegamos o Rio Grande do Sul, onde perdemos e ficamos em sexta colocação.
Durante os jogos, as meninas, os técnicos de diferentes equipes lembravam de nós, é uma sensação muito boa. Essas pessoas e amizade e laços que vamos fazendo ao longo do caminho são muito importantes”, afirma Gabriela, lembrando que, durante os jogos elas passam dias longe de casa e o time se torna uma família.
Sobre a experiência dentro de quadra, as gêmeas citam o jogo no improviso. “Jogando aqui em Palma Sola nós temos o nosso time, não conhecemos a vida toda e só de olhar já sabemos o que fazer. No brasileiro não, é tudo diferente, você pode conhecer os outros atletas, mas não conhece o estilo de jogo. Acontece de uma das meninas estar mais nervosa e temos que nos ajudar para que todas estejam jogando no mesmo nível. Como os técnicos e Rosane sempre dizem, temos que confiar em nós mesmas, confiar nos técnicos e em quem está jogando com a gente. Isso faz toda a diferença. Quando nos entrosamos em quadra os próprios técnicos percebem e acabam mantendo essa formação, é algo bem importante”, relata Rafaela.
No ano que vem Rafaela e Gabriela completam 17 anos, elas saem da categoria cadete e entram na Juvenil. E a próxima etapa para continuar no esporte, conforme elas, já está acontecendo. “Agora é se esforçar demais e se destacar nas pequenas e grandes competições”, afirmam.
 
Jogando por amor
Não é de hoje que Palma Sola é destaque positivo no handebol. Além de ser destaque em competições regionais, estaduais e nacionais, daqui saíram várias atletas que hoje vivem do esporte, a exemplo da Aline Bieger, Klau Paulett, Wendy Vieira e Andrielly Kellys. “Nos espelhamos muito nas meninas que já passaram pelo que passamos agora. Hoje elas jogam fora, a Aline joga a nível mundial, a Klau a nível nacional, a Wendy joga para o time de Criciúma e a Andry para o time de Balneário. É incrível, elas são nosso espelho, ainda mais por serem de Palma Sola. Dá a sensação de que é possível chegar lá”, destaca Rafaela. 
“O que mais desanima é quando a cabeça não está muito boa. Tem que acertar a bola, acertar a bola. Isso influencia muito na hora de jogar. Quando sinto muito a pressão, respiro fundo e penso que estou muito feliz, estou ali jogando por amor. Palma Sola não joga por dinheiro, joga porque ama o esporte”, acrescenta.
 
Família
Filhas de Sonia e Leandro Pauletti, Rafaela e Gabriela têm uma irmã mais velha, Angela, que mora e estuda no Rio Grande do Sul. “Eles sempre nos apoiaram no esporte. Após o jogo contra Mato Grosso ligamos para o pai e a mãe. Estavam eles junto com o vô e a vó, todos nos assistindo. A Angela, que é uma parte muito importante de nós, também estava vendo a gente. Eles são muito importantes, queremos agradecer, pois sem o apoio deles não poderíamos estar jogando”, agradecem as irmãs.
Além da família de sangue, Gabriela e Rafaela falam sobre a equipe e as técnicas, em especial as técnicas que as viram crescer dentro da quadra, Giovana e Rosane. “Elas foram as pessoas que nos ensinaram, sem elas a gente não estaria jogando aqui. Agradecemos muito a elas. Quando fomos para esse primeiro brasileiro depois da pandemia, os treinos eram feitos até no domingo, mesmo sendo puxado a Rosane fazia com que ninguém desistisse, fazia com que todos nós quiséssemos cada vez mais, isso é incrível”, diz Gabriela.
 
O futuro
Questionadas sobre o querem no futuro, Gabriela e Rafaela afirmam que querem continuar juntas no esporte. “Pretendemos continuar jogando juntas, mas no ano passado por exemplo, teve a seletiva, e daqui de Palma Sola passamos eu e a Yasmin, que é goleira. Foi muito difícil pra mim e pra ela. Pensava o porquê de eu estar jogando e minha irmã não, mas é algo que temos que entender, às vezes o caminho que eu quero pode não ser o dela”, lembra Rafaela.
As irmãs lembram que, no ano passado, por conta de uma lesão no joelho, a colega Yasmin Holz teve uma lesão. Esse é o risco de viver do esporte, por isso, as gêmeas tem como plano B, o estudo. “A gente pode viver a vida toda no esporte, mas agora é o momento é nossa única chance e temos que aproveitar. Como a Rosane sempre diz: ‘Cavalo encilhado só passa uma vez’. Continuando no esporte podemos corremos risco de sofrer uma lesão e é nessa hora que precisamos do estudo, pois nada garante que vamos continuar bem fisicamente e psicologicamente para jogar. Se o esporte nos abrir portas vamos seguir em frente”, finaliza Gabriela.


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