06/10/2023 às 17h45min - Atualizada em 06/10/2023 às 17h45min

Primeira propriedade neutra em carbono de Palma Sola

Propriedade foi certificada pela Espectro, que além de trabalhar com placas solares, trabalha com o mercado de crédito de carbono

Redação
A propriedade da família do Luiz Carlos Pauletti foi a primeira de Palma Sola a ser certificada como neutra em carbono (CO2). (Foto: Divulgação)
A propriedade da família Luiz Carlos Pauletti foi a primeira de Palma Sola a ser certificada como neutra em carbono (CO2), além disso, também é a primeira a comercializar créditos de carbono. A propriedade foi certificada através da Espectro, que além de trabalhar com placas solares, trabalha com o mercado de carbono.
Ademir Mazo, proprietário da Espectro, conheceu a família através da DoAgro, seus parceiros de negócio. “Foi a nossa primeira certificação, a primeira propriedade de Palma Sola com selo de neutro em carbono. O cliente entendeu que além de ajudar o meio ambiente, o mercado do carbono tem viabilidade financeira”, esclarece Ademir.
 
O crédito de carbono
Crédito de carbono é um conceito que surgiu a partir do Protocolo de Kyoto em 1997, que visa à diminuição dos gases de efeito estufa, que provocam diversos problemas ambientais associados às mudanças climáticas.
Esses créditos fazem parte de um mecanismo de flexibilização que auxilia os países/empresas que possuem metas de redução da emissão de gases poluentes a alcançá-las. Considerados a moeda do chamado mercado de carbono, os créditos de carbono representam a não emissão de dióxido de carbono para a atmosfera.
A cada uma tonelada não emitida, gera-se um crédito de carbono. Assim, quando um país, empresa ou propriedade consegue reduzir a emissão dessa tonelada, ele recebe uma certificação, ou seja, recebe os créditos que estarão disponíveis para serem comercializados com quem não alcançou suas metas de redução da emissão de carbono.
 
Um trabalho pouco conhecido
O mercado de carbono é um assunto atual, discutido mundialmente, no entanto, não era algo popular no Brasil, isso porque, os processos que envolvem o comércio dos créditos de carbono e emissão de certificados eram realizados por empresas estrangeiras, que certificam apenas grandes não emissoras de carbono, ou seja, reflorestamentos com mais de três mil hectares, usinas de energia solar que gerassem no mínimo, 15 megawatt.
Conforme Ademir Mazo, proprietário da Espectro, essas grandes reservas de captura de carbono, ou de não emissão, não são realidade na maior parte do Brasil, nem na nossa região, onde o forte é a agricultura familiar, com propriedades de pequeno e médio porte, em sua maioria. Surgiu então, a necessidade de criar um mercado de crédito de carbono que atenda a essa realidade.
É com esse mercado que trabalhamos. Nós da Espectro trabalhamos há um bom tempo com energia solar e sempre observamos dentro do aplicativo – que mostra a quantidade de energia solar gerada –, quantas toneladas de CO2 deixavam de ser jogados na atmosfera. Então começamos a buscar formas do nosso cliente ganhar dinheiro com isso. Foi quando conhecemos a AgroCarbon 360 e a ABRARASTRO (Associação Brasileira de Rastreabilidade de Alimentos). Criou-se uma carteira de carbono, onde os produtores fazem a certificação do que gera os créditos na propriedade. Esses créditos ficam disponíveis para as empresas que desejam ou precisam. Então o produtor recebe pelos créditos gerados”, explica Ademir.
Ao conhecer a empresa surgiu a oportunidade de Ademir adquirir uma franquia, em um primeiro momento, com o intuito de certificar apenas as placas solares. “Conseguimos trazer para englobar tudo, o que é muito bom, uma novidade na região. Fazemos a certificação da propriedade, o produtor ganha um valor referente aos seus créditos de carbono [tudo que deixa de poluir o meio ambiente, como áreas de mata, abelhas, plantio direto, bambu, placas solares, etc.], que ele vai vender para as empresas que desejam ter o selo de neutro em carbono”, relata o empresário.
 
Como fazer a certificação

O primeiro passo para certificar uma propriedade é fazer uma análise de solo, em seguida, listar tudo que o produtor tem na propriedade, desde fogão e botijão de gás até áreas de preservação. Após isso, são medidos os níveis de carbono, umidade e temperatura, com o Testador multifuncional da qualidade do ar.
“Mesmo que o produtor tenha muito crédito de carbono e coisas que deixam de poluir, ele tem o gás de cozinha, por exemplo, que é poluente. A gente coleta esses dados e joga num software que a Associação trouxe da Alemanha. Ele gera um relatório mostrando o que há de positivo para carbono e o que há de negativo. Pode ser que nisso você esteja poluindo mais, então o software mostra o que está poluindo e o que pode melhorar, para que a propriedade fique positiva em carbono”, relata Ademir.
O valor do crédito de carbono é regulado pelo valor do dólar, então não é fixo, oscila como a Bolsa de Valores. “Existem várias possibilidades de venda para o produtor. Ele pode receber mensalmente, anualmente ou fazer um contrato para receber o valor dos cinco anos de uma vez só, como preferir. Valores de rentabilidade não prometemos, porque de uma propriedade para outra muda muita coisa, mas em média, a pessoa recebe o dobro do investimento durante os cinco anos de vigência da certificação”.
 
Porquê ter o selo Neutro em Carbono
Além de poder utilizar o selo no marketing. Quando se escuta: morangos orgânicos, este selo orgânico agrega valor ao produto, o mesmo acontece com o carbono. Tendo em vista que, no momento, estamos sentindo mais as mudanças climáticas, o aquecimento global, então é um assunto que está em alta. Além disso, é uma forma de as empresas estarem dentro da legalidade, poderem crescer ou se manterem no mercado.
“As empresas precisam compensar o que estão poluindo. As empresas antes compravam ou plantavam suas áreas de mata para compensar a poluição. Agora elas compram os créditos de carbono, o que se torna mais barato”, relata Ademir.
Para os produtores rurais, ter o selo de crédito de carbono significa obter rentabilidade de áreas que antes não eram utilizadas, a exemplo das Áreas de Preservação Permanente (APP), além de obter rentabilidade por iniciativas para conservação de água, energia e solo.


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