Isabela já fica sozinha em cima do cavalo durante a équo. (Foto: Ruthe Kezia) A equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo como agente promotor da terapia, estimulando o desenvolvimento da mente e do corpo. Esse tipo de terapia tem como base os padrões repetitivos dos movimentos do cavalo, o que estimula as respostas da pessoa, melhorando a mobilização, o equilíbrio, o fortalecimento muscular e a interação social, por exemplo.
Isabela Reichert, de 7 anos, é uma criança autista e portadora da Síndrome de Angelman, ela faz equoterapia há três meses. Quando começou as sessões ela usava cadeira de rodas, hoje consegue caminhar com a ajuda de um apoio. [A Síndrome de Angelman é um distúrbio genético no cromossomo 15. É uma alteração neurológica rara, caracterizada por atraso no desenvolvimento e dificuldades de aprendizagem; ausência ou quase ausência de fala e dificuldade de coordenar movimentos voluntários. O comportamento distinto de quem é portador da síndrome, é uma disposição feliz e episódios não provocados de riso e sorriso].
Equoterapia
Quem dá mais detalhes sobre a equoterapia é a terapeuta ocupacional e psicomotricista, Clademira Fátima Pastorello, mais conhecida como Cadi, proprietária do TOPE SAÚDE, localizado em São José do Cedro, ela trabalha nas áreas de equoterapia e hidroterapia há 25 anos. Conforme ela, a équo é indicada para tratar vários quadros clínicos, sejam eles quadros ortopédicos, psiquiátricos, neurológicos, traumáticos ou emocionais.
“Atendemos crianças com autismo e pessoas que sofreram com AVC, por exemplo. A terapia ocupacional envolve o cotidiano do ser humano e o que ele precisa em certo momento. A equoterapia é cheia de estímulos e encantos, assim, quem chega aqui se sente acolhido, consegue relaxar e sentir o próprio corpo, tanto na hidroterapia, onde a água é o agente promotor da terapia, quanto na équo. Tanto através da hidro quanto da équo, os pacientes percebem o quanto conseguem administrar o próprio corpo e a mente”, explica a Terapeuta Ocupacional.
Conforme ela, um dos trabalhos realizados através da équo é o como se relacionar. “Se você sabe se relacionar com um animal, que é todo frágil e também diz o que pode e o que não pode com ele, você também terá essa noção de relacionamento com as pessoas, porque a maioria das pessoas que vêm, vêm frágeis. Um adulto com um quadro pós AVC, por exemplo, está fragilizado e ao se entregarem para o cavalo elas percebem que são acolhidas e percebem que também podem ser acolhidas pelo ser humano”, relata Cadi.
Experiências
“Quando trouxe a Isa pela primeira vez [à clinica TOPE SAÚDE], trouxe com a cadeira de rodas, era assim que ela se locomovia fora de casa. A Cadi me disse para não trazer mais ela com a cadeira, pois o objetivo é fazer com que ela caminhe”, conta Marta Reichert, mãe da Isabela.
No início o cavalo servia como um estímulo, Isa tinha que andar até ele. Isa ainda contava com ajuda para montar e não ficava sozinha em cima do cavalo. Hoje Isa tem mais autonomia, consegue ir até o cavalo apenas apoiada na mão da teraéuta ocupacional Cadi, ela ja monta no cavalo e fica sozinha em cima dele.
Além de não usar a cadeira, Marta relata que a filha ficou mais tranquila e começou a corresponder melhor a alguns chamados. “Hoje se eu disser: ‘Isa, vamos tomar banho’, ela já entende e vai em direção ao banheiro. Ela entende mais coisas, pois a Cadi usa muito os comandos ‘caminhar’, ‘ir até o cavalo’, ‘ir até o carro’”, relata.
Marta informa que a équoterapia é uma terapia fundamental, que melhorou a qualidade de vida da filha. “Ela teve uma evolução muito grande quando começou a vir na équo, lógico que ela faz outras terapias que também auxiliam, uma complementa a outra, mas ela melhorou muito, além de amar vir aqui, quando a gente fala: ‘vamos ver o Chiru’, que é o cavalo que ela anda, ela fica eufórica esperando a hora de vir”, conclui Marta.
Outra mãe que relata a experiência na equoterapia é Flaviana Margarete Kipper, sua filha Andressa tem 6 anos e possui uma má formação no cérebro, que acarreta em paralisia. “Andressa faz équo há quatro anos, e ajuda muito, como ela não caminha, corre o risco de atrofiar e a équo não deixa isso acontecer, além disso, ajuda a Andressa não babar tanto e deixa ela mais firme”, relata.
Andressa também faz outras terapias, mas Flaviana afirma que sentiu muita diferença em Andressa após o início da équo, ela acredita que seja por conta do cavalo. Andressa, com a ajuda de Cadi faz várias atividades e brinca, tudo em cima do cavalo, entre essas atividades, está a de soprar bolhas.
Tanto Isabela quanto Andressa fazem a équo na TOPE SAÚDE, através do SUS (Sistema Único de Saúde). A terapeuta ocupacional Cadi explica que ainda em 2023, foi aprovada a inclusão da equoterapia no SUS. “Ficou determinada a oferta de equoterapia pelo SUS sempre que houver prescrição médica. Atendemos muitos grupos dos municípios vizinhos, como Guarujá do Sul e Princesa, que vem para fazer a hidro e a équo. Além disso, temos pacientes de toda a região, já que a oferta de clínicas que prestam serviço de equoterapia é escassa”.
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