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05/02/2024 às 10h00min - Atualizada em 05/02/2024 às 10h00min

Cultivo da fruta do dragão em São José do Cedro

A família Vogt mora no interior de Cedro e estima colher até o final da safra, 2 mil quilos de pitaya, popularmente chamada de fruta do dragão. Para o futuro, a perspectiva é deixar a produção de fumo e aumentar o pomar de pitayas

Redação
A pitaya é o fruto de uma variedade de cactos, a planta, após ser manejada fica com o formato de guarda-chuva. (Foto: Ruthe Kezia)
Na linha São Luís, interior de São José do Cedro, fica a propriedade da família Vogt, que cultiva pitayas. Também conhecida como fruta do dragão, a pitaya tem origem na América Latina, é o fruto de um cacto e é considerada uma fruta tropical, tendo um sabor suave. A Pitaya é uma fruta rica em fibras, tem poder antioxidante, protege as células, ajuda na digestão, na pressão e no combate a anemia, por quê é rica em vitaminas e minerais como ferro, fósforo, vitaminas B, C e E.
 
Implantação
A família começou a cultivar a fruta do dragão há cerca de três anos, quando um dos filhos de Arlindo Francisco Vogt e Cirlei Maria da Silva Vogt, Andrey Vogt, de 22 anos, fez seu projeto de conclusão do Curso Técnico em Agropecuária. “Quis desenvolver uma atividade diferente e pouco conhecida na região, que ao mesmo tempo demandasse pouco trabalho e tivesse um retorno positivo no que diz respeito a qualidade de vida para minha família e ganhasse destaque na região e isso de fato aconteceu. Participei da feira brasileira de ciências e o pessoal que mora na vizinhança começou a conhecer e consumir a fruta”, explica.
Logo após o desenvolvimento da parte escrita do projeto, em 2020, ele concorreu a uma bolsa junto ao Instituto Santa Cruz, que premiou cinco projetos da turma de Andrey com R$ 3 mil para o desenvolvimento do projeto. O projeto foi selecionado em primeiro lugar e em novembro de 2020 Andrey começou a implantação do projeto, adquirindo as mudas de pitaya de um viveiro registrado em Chapecó. Ele adquiriu mudas de Pitaya Branca, Pitaya Roxa, Pitaya Amarela e duas variedades das pitayas híbridas – produzidas em laboratório –, sendo elas a Pitaya Vietnamita e a Pitaya Golden de Israel, que também é amarela.
Andrey também fez a aquisição dos palanques tratados para condução das mudas. Foi implantado um sistema de irrigação por gotejamento para épocas de estiagem. Tudo foi pensado para reduzir o trabalho manual e melhorar a produtividade.
 
Manejo
No primeiro ano, Andrey fez a chamada poda de condução, até que as plantas ficassem no formato de guarda-chuva. Atualmente são feitas as podas de limpeza e as podas de produção, realizadas em outubro, para que a planta pare de crescer e gaste toda a energia produzindo os frutos. Há ainda os cuidados sanitários, contra pragas e insetos, e a adubação, realizada cerca de quatro vezes ao ano.
A produção começa entre outubro e novembro, no início do verão e se estende até junho. É uma planta que gosta de calor.
Se comparar com o cultivo de laranjas, por exemplo, são necessários de dois a cinco anos para começar a produzir, já a pitaya, se bem manejada, em um ano e meio estará produzindo. Além disso, tem uma vida útil produtiva de 10 anos, com uma alta escala de produção, quanto mais avançada a idade de produção, mais a planta produz. “No ano passado colhemos uma média de 500 quilos de pitaya, este ano ainda estamos na época de produção, mas a perspectiva é colher de 2 a 3 mil quilos. Dependendo do tamanho dos frutos, neste ano eles pesam, em média, 550 gramas, mas já colhemos frutos com mais de um quilo”, explica Andrey.
Em relação ao controle de pragas e fungos, Andrey utiliza métodos orgânicos, como a calda bordalesa, neste ano começou a utilizar ainda, métodos físicos: saquinhos de TNT que protegem os frutos de formigas e primacialmente das abelhas arapuá – a abelhinha preta ataca as frutas maduras, não afeta o fruto em âmbito de sabor, mas sim no âmbito estético, o que prejudica as vendas.
“Outro cuidado que temos é em relação a insolação, por mais que a pitaya seja um cacto e goste do sol, o excesso pode machucar os cladódios (folhas), então em certas épocas aplicamos um filtro solar. Outro cuidado foi tomado na hora de implantar o pomar, a pitaya não gosta de um solo encharcado, o excesso de umidade no solo aumenta a incidência de fungos”, explica.
Andrey trabalha na Granja Modelo, no município de Palma Sola, nos dias de folga e nas horas vagas ele vai até a propriedade dos pais e realiza o manejo das plantas, Andrey ainda faz a colheita e a entrega das plantas. “Como o pai e a mãe não tem muito tempo, estou ensinando meu irmão mais novo essa parte do manejo. Quando o pai e a mãe conseguem, eles realizam a colheita e as entregas das pitayas”.
Andrey relata que a parte mais trabalhosa no cultivo da pitaya é a polinização. “O macho e a fêmea da planta são separados, então a polinização tem que ser feita manualmente, ou pela ação de morcegos e mariposas, a abelha não poliniza as pitayas. Como a gente não sabe se tem ou não morcegos e mariposas nas noites de florada, porque a flor da pitaya abre por apenas uma noite – das 20h da noite até 7h da manhã –, fazemos a polinização manualmente”. Andrey acrescenta que sem a polinização os frutos abortam e a produção é perdida.
O trabalho manual de recolher o pólen de uma flor e colocar na outra é feito pela família com um pincel. “O diferente é que neste ano realizamos um teste, deixando algumas plantas sem polinizar, como os frutos vieram, constatamos que sim, há morcegos e mariposas polinizadoras na propriedade, isso diminuiu nosso trabalho”, ainda conforme Andrey, as únicas pitayas que não precisam ser polinizadas, são das variedades híbridas, pois elas são auto férteis, se autopolinizam.
 
Mais barato e mais gostoso
Geralmente encontramos a pitaya por R$ 25 o quilo nos mercados e fruteiras, em certas épocas do ano chegam ao valor de R$ 40 o quilo. Na propriedade da família Vogt, as pitayas custam em média R$ 15 o quilo, com exceção da variedade amarela, que custa R$ 20 o quilo. “As pessoas na região aceitam bem esse preço, pra nós é um valor que cobre os custos de produção, até porque a mão de obra é familiar. Conseguimos cobrir nossos custos e ter uma boa rentabilidade”, relata.
Em relação ao sabor da fruta, por se tratar de um produto fresco, que não passou dias viajando dentro de uma câmara fria, o sabor fica mais concentrado.
 
Futuro
Para os próximos anos, a família tem planos de aumentar o pomar e deixar de cultivar o fumo. Atualmente são cerca de 300 pés de pitaya na propriedade. “A produção de tabaco gera muito trabalho braçal e com cada vez menos mão de obra na família, a tendência é substituir essa atividade por outra e a pitaya é uma ótima opção. Outra situação, é que pretendemos entregar a pitaya para um único fornecedor, que vai distribuir nos mercados da região. Atualmente nós realizamos as entregas nos mercados e para quem encomenda. Dedicando mais tempo à produção das pitayas, esperamos, além de uma renda maior, conseguir dar destaque a essa fruta deliciosa”, finaliza Andrey.


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