Antigamente os agricultores faziam em suas plantações, curva de nível e Nelson Tresoldi acredita ser um atraso não ser feito mais. (Foto: Divulgação) Quando iniciou a agricultura na nossa região, a soja não era o forte e as máquinas rusticas, brutas e difíceis de manusear. O engenheiro agrônomo Nelson Tresoldi chegou na região no ano de 1977 e pode acompanhar o processo de evolução da agricultura.
Depois de formado em agronomia, Nelson veio do Rio Grande do Sul para Dionísio Cerqueira. Nessa época as pequenas e grandes propriedades exploravam a madeira: “A agricultura aqui na região começou após a fase madeireira e como os nossos solos são muito ácidos, então o pessoal cultivava arroz”. Nelson explica que não era possível fazer a correção do solo tão rápido, então optaram pela plantação do arroz sequeiro que era muito utilizado para abertura de novas áreas, devido ao baixo investimento e por suportar a acidez do solo.
No final da década de 70, as pessoas passaram a plantar soja. No começo eram poucos agricultores que cultivavam, pois, o custo de produção era alto: “Inicialmente a produtividade era baixa, se fosse hoje nem valia a pena cultivar”, relata Nelson. Naquela época os agricultores faziam muita coisa a mão, até porque não existia equipamentos modernos como hoje. Quando havia inço no meio das lavouras, os agricultores tinham que limpar com a enxada.
O processo de modernização da agricultura começou na época dos militares, que através da Revolução Verde incentivavam a prática da agricultura como o uso de fertilizantes, agrotóxicos, seleção de sementes, entre outras melhorias. O herbicida mais comum da época era o Trifluralina.
Com o início da produção de soja e trigo, sentiu-se a necessidade de criar armazéns: “Hoje temos vários armazéns e cooperativas, mas na época as cooperativas tinham áreas limitadas. Em Palma Sola e Campo Erê existia a Cooper Sabadi e nenhuma outra podia entrar”, relembra Tresoldi. A partir disso começou a ser comercializado os fertilizantes, calcários, insumos que temos hoje, que propiciaram melhorias dentro do sistema de produção.
Para Nelson, algumas coisas feitas antigamente não deveriam ter se perdido, a exemplo da curva de nível: “Acredito ser um atraso não fazer mais curva de nível. Principalmente com as chuvaradas, a curva de nível evita muita erosão, que as águas ganhem velocidade e abram valetas, eu acho que deveria voltar”.
Início da Soja em SC
Tresoldi conta que as primeiras pesquisas e canteiros para ver a viabilidade das culturas de soja em Santa Catarina (SC), começaram em Campo Erê, pela antiga Associação de Crédito e Assistência Rural do Estado de Santa Catarina (ACARESC): “Elas foram colocadas nas lavouras que eram do Dalavalli, em sentido para quem vai em direção a São Lourenço do Oeste”.
Para comemorar esse marco importante para a história campoerense, o prefeito da época Manoel Antonio Zembrani, em memória, criou a Festa Estadual da Soja (FESOJA): “As duas primeiras FESOJA foram realizadas onde hoje tem o quarteirão da prefeitura e o fórum”, relembra Nelson.
A última FESOJA de Campo Erê foi em 1981, ele lamenta que com o passar dos anos e com a troca de governos, tenha se perdido a cultura da festa, que era a representação de um marco para o município: “Logicamente, hoje Campo Erê não é mais o maior produtor de soja de SC, mas independentemente, continua sendo o pioneiro no plantio de soja do estado de Santa Catarina”.
A festa que representava o começo da soja no estado, não existe mais. O que resta aos campoerenses além das lembranças desse tempo, é um ramo de soja exposto na bandeira do município.
Cultivo de outras variedades
O setor agrícola da nossa região, hoje é estruturado na soja, porém antigamente haviam outras variedades na agricultura, a exemplo de plantação de cebola, mandioca, maçã e batata doce: “Me preocupo com a economia da nossa região, porque mudanças podem acontecer nos ciclos econômicos e devemos estar preparados”, relata Nelson.
Ele acredita que deveríamos voltar a produzir outras variedades além da soja: “Estamos sujeitos a tempestades a qualquer momento, já que a nossa região sofre com as variações climáticas. Temos tantas outras possibilidades dentro da agricultura que podemos produzir...” comenta Nelson.