O CEMEG Girassol, em São José do Cedro, inaugurou uma nova e moderna sala de informática voltada ao desenvolvimento tecnológico e à cultura maker. O espaço foi montado em parceria com a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com apoio direto da prefeitura, que forneceu a mobília e cerca de 25 notebooks para a estrutura inicial.
Além dos computadores, a sala já recebeu uma série de equipamentos de ponta enviados pela UFFS, como impressora 3D, cortadora a laser CNC, scanner 3D, kits de robótica com placas microbit, estações multimídia, sensores de cor compatíveis com Lego Spike, kits de limpeza e ferramentas de precisão. Outros materiais ainda devem ser entregues ao longo do ano, fortalecendo ainda mais o laboratório.
A proposta pedagógica do espaço segue diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e está organizada em quatro temáticas principais: pensamento computacional, robótica e automação, ciências ambientais e sustentabilidade, e artes digitais. A professora Eliane Menin, que coordena o laboratório, explica que o objetivo é preparar os alunos para os desafios do século XXI, com foco no raciocínio lógico, resolução de problemas, trabalho em equipe e autonomia.
Bolsistas atuam como protagonistas no laboratório
O laboratório também conta com o apoio de dez bolsistas, estudantes do 6º ao 9º ano, que foram selecionados por meio de edital com base no desempenho escolar e critérios de inclusão. Eles recebem bolsas de R$ 200 por mês, fornecidas pelo CNPq, e atuam diretamente nas atividades do laboratório, além de passarem por uma formação específica com a professora Eliane.
Sofia Jerônimo, Amanda Lavall e Catarina Kupske, alunas do 9º ano, relatam que o projeto já trouxe mudanças significativas em suas rotinas escolares e visões de futuro. “Antes da sala maker, a gente tinha que buscar tudo nos livros. Agora, a tecnologia está ao nosso alcance. A gente pensa e consegue aplicar. Isso mudou completamente a forma como eu vejo a escola”, afirma Sofia, que também destacou o sentimento de representar algo novo dentro do colégio. “Cada dia aqui é uma novidade. A gente está construindo conhecimento real, algo que vai ficar no nosso currículo e na nossa vida.”
Amanda lembra da dificuldade inicial com atividades desplugadas, como a programação no papel: “A gente ficou horas tentando resolver um problema e a professora não dava a resposta. No começo, bate uma frustração. Mas quando a gente finalmente acerta, é uma alegria enorme. O aprendizado fica de verdade. Hoje eu entendo que conhecimento é algo que ninguém pode tirar da gente.”
Já Catarina, que sonha em cursar Arquitetura e Urbanismo e se especializar em 3D, vê no laboratório um passo importante para o futuro: “Essas máquinas e esse contato com a parte técnica vão me dar uma base sólida. Quando a gente souber usar tudo isso, vai ser um diferencial no mercado. É uma oportunidade que muitos alunos nunca têm.”
As atividades práticas também têm impacto. Um exemplo foi a confecção de bolos de caneca para os professores, que envolveu desde cálculos de tempo e proporções até trabalho colaborativo. “A gente chegou aqui e estava tudo um caos: canecas, ingredientes, ninguém sabia direito o que fazer. Mas nos organizamos, dividimos tarefas, e no final tudo deu certo”, contou Catarina. “Mesmo sendo uma bagunça, foi divertido e a gente aprendeu a trabalhar em grupo, que era o objetivo.”
Para a professora Eliane Menin, os resultados já são visíveis: “Eles estão aprendendo a pensar, a planejar, a errar e refazer. Estão deixando de ser consumidores passivos de tecnologia para se tornarem criadores. Isso é protagonismo.”