Há três anos, a busca por uma cirurgia ou um exame mais complexo frequentemente significava para o morador de São José do Cedro uma longa e desgastante viagem. Hoje, a resolução para muitos desses problemas de saúde se encontra nos corredores do hospital local. Esta mudança de cenário é o resultado direto de uma profunda reestruturação iniciada em julho de 2022, quando o Instituto Santé assumiu a gestão da unidade.
Essa transformação contrasta com a situação crítica que o hospital enfrentava anteriormente. A unidade lidava com "tremendas dificuldades", incluindo a falta de médicos.
“Nosso objetivo desde o início foi criar um hospital resolutivo, onde o cidadão encontra o cuidado que precisa, sem precisar viajar”, afirma Vitus Ritter, Diretor da Associação Beneficente Hospitalar Cedro Gestão Santé. Ele explica que a filosofia de trabalho se baseou em reverter a lógica de transferências, investindo localmente para dar respostas ágeis e eficazes à população.
Essa promessa se materializou em um centro cirúrgico revitalizado, que realizou mais de 2.700 procedimentos no período. Cirurgias gerais, ginecológicas, ortopédicas, otorrinolaringológicas , urológicas e vasculares se tornaram rotina, consolidando a confiança da comunidade na capacidade técnica do hospital para solucionar casos que antes eram encaminhados para fora.
A autossuficiência diagnóstica foi outro pilar da transformação. A introdução de exames como endoscopia e colonoscopia pôs fim ao "sacrifício" de longas viagens para investigações cruciais. O volume de atendimentos comprova o avanço: foram mais de 100 mil exames laboratoriais, 10 mil raios-x e cerca de 1.000 ultrassonografias, feitos com o suporte de novos equipamentos, como um aparelho automatizado de bioquímica de mais de R$ 100 mil que tornou os resultados mais ágeis e seguros.
Os investimentos em equipamentos foram extensos e impactaram todas as áreas. O hospital foi totalmente climatizado e a ala cirúrgica recebeu um moderno sistema de vídeo para cirurgias minimamente invasivas, um investimento de cerca de R$ 300 mil, além de um novo aparelho de anestesia e monitores multiparâmetros.
Olhando para o futuro, o próximo passo é aprimorar a experiência do paciente através da tecnologia com o "PS Agora". “É um link com um QR Code onde você aponta o seu celular e vai olhar em tempo real quantos pacientes estão no pronto-socorro”, explica Ritter. A ferramenta permitirá que os cidadãos decidam o melhor momento para buscar atendimento, evitando stress e longas esperas. O link poderá ser encontrado na plataforma do Instituto Santé e no site do Hospital de Cedro.
Naturalmente, a jornada não é livre de obstáculos. O desafio financeiro é "primordial", pois dele dependem os investimentos para atrair bons profissionais e manter a estrutura. Além disso, há um desafio cultural: conscientizar a população sobre o uso correto dos serviços. Embora focado em urgência e emergência, dos 42 mil atendimentos no pronto-socorro, 73% são de baixa complexidade. "Isso sobrecarrega a equipe e aumenta o tempo de espera para casos graves", explica o diretor.
Para superar as limitações atuais, como a de leitos, já existem projetos futuros bem definidos. Entre eles estão a aquisição de um raio-x digital, uma autoclave de 250 litros e um arco em C para cirurgias, além de um projeto de R$ 2 milhões para reformar e ampliar a ala de internação.
Ao final de três anos, o Hospital de Cedro celebra mais do que números. Comemora uma nova identidade, a de um centro de saúde que devolveu ao cidadão o direito de ser cuidado perto de casa. O desafio agora é consolidar essas conquistas e seguir evoluindo, para que a viagem em busca de saúde seja cada vez mais curta e a solução, cada vez mais próxima.