Foi divulgado em janeiro deste ano o relatório anual de balança comercial catarinense relativo ao ano de 2015. Segundo dados da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) o setor de madeira e móveis surpreendeu faturando mais de US$ 192 milhões, sendo o único setor a apresentar resultados positivos, com um aumento de 0,9% nas exportações em relação ao mesmo período de 2014. O setor de madeiras e móveis ficou em 9º colocado no ranking, sendo que a balança avalia os dez principais produtos embarcados em Santa Catarina.
Conversamos com o diretor comercial da empresa Palmasola S/A, Marciano Rubel, que tem sede em Palma Sola e mais de 50 anos de história para saber mais sobre as exportações no Estado e como a atual crise econômica impactou o setor. Acompanhe:
O setor de madeiras e móveis faturou em 2015 mais de US$ 192 milhões. Trazendo estes dados a nossa realidade, de quanto foi o faturamento e o aumento em exportações da Palmasola S/A em 2015?
O faturamento com exportações na Palmasola aumentou de 15% em janeiro de 2015 para 50% em dezembro do mesmo ano, ou seja, houve um aumento de 35% ao longo do ano. Esse aumento ocorreu por três razões principais: aumento do dólar, experiência no mercado internacional e qualidade do produto. Em paralelo a questão financeira, alguns antigos clientes voltaram a comprar da Palmasola, devido a qualidade de seu compensado.
O termo “qualidade” integra diversos fatores, tais como: a) Qualidade em si do compensado (resistência à flexão, resistência ao cisalhamento, resistência a umidade, dentre outros); b) Prazo de entrega; c) Certificações internacionais e d) A garantia que a empresa fornece caso ocorram problemas pós-venda.
Foram feitas ações dentro da empresa para retomar as vendas internacionais, participando e expondo em feiras internacionais, tais como a Concrete Show em São Paulo, onde divulgamos nossos produtos para o mercado nacional e internacional. Assim também vemos e acompanhamos as tendências mercadológicas. Em 2012, ganhamos duas passagens, com todas as despesas pagas pelo Banco do Brasil para vermos os Jogos Olímpicos em Londres. O Nilson José Crestani, nosso diretor presidente, decidiu enviar o Paulo Albino Crestani e eu para lá. Nesse evento encaixei visitas a clientes antigos, para não perdê-los de vista, mesmo sem estar exportando, pois naquele ano o dólar estava muito baixo. Ao final de 2014, participamos de dois dos maiores eventos organizados pelos compradores de compensado no Reino Unido, onde conhecemos novos clientes e retomamos definitivamente as exportações para tradicionais compradores daquele país. Atualmente exportamos para França, Inglaterra, Irlanda, Estados Unidos, Holanda, Egito, Arábia Saudita, Doha, Malta, Caribe, Paraguai, Uruguai, Argentina, Dinamarca e Finlândia (que é conhecida como berço do compensado) dentro outros.
No ano de 2015 a Palmasola S/A passou por dificuldades?
Em 2015 ocorreram muitos problemas no mercado nacional, gerando uma instabilidade tanto no segmento da construção civil, quanto no segmento automotivo, sendo que esse último teve a maior baixa. Mas continuamos fornecendo volumes menores de compensado automotivo, inclusive com novos desenvolvimentos, como a PalmaEco, que é uma tampa automotiva com acabamento especial, com produto importado, que permite a pintura diretamente sob a superfície, não sendo necessário o cliente gastar a mais para fazer o emborrachamento e depois a pintura. Claro que os volumes caíram, mas temos a certeza que essa situação é passageira e logo retornaremos a fornecer grandes volumes a esse importante mercado. Para suprir essa lacuna deixada no segmento automotivo a Palmasola está se firmando como a maior fornecedora de compensado com valor agregado para o segmento de avicultura.
O que é atrativo para a indústria internacional nos produtos que a Palmasola disponibiliza? E quais são os produtos exportados atualmente?
Hoje para uma empresa exportar não basta ter um bom produto, tem que ter adicionalmente certificações internacionais e conhecer os trâmites internacionais. Em nosso segmento do compensado, as principais certificações são o FSC© no Manejo Florestal, que é a certificação de sustentabilidade, a qual garante a operação da empresa de forma ininterrupta, com garantia de fornecimento. A certificação FSC© – Cadeia de Custódia, que é a certificação que garante que a empresa trabalha com produtos com origem legal. A terceira certificação exigida é a CE2+, a qual atesta que nossos compensado, a partir de 6 mm de espessura podem ser usados de forma estrutural nas construções, tais como paredes, forros e assoalhos.
No início de janeiro deste ano tivemos a auditoria da CE2+. Recebemos a visita do auditor Niresh Somlie da BM Trada – Exova (Inglaterra), o qual nos explicou que a cada nova auditoria as exigências serão maiores, visando separar as fábricas com qualidade das fábricas medianas. A Palmasola S/A, também, tem a certificação ISO9001, que busca a excelência na administração da empresa aliada a redução de perdas, satisfação do cliente e a melhoria contínua. Já para a madeira tropical, a empresa possui o programa CW, que atesta que a madeira vem de fontes legais e é processada na indústria de lâminas e de serrados dentro dos padrões de legalidade exigidos pelo Ministério do Trabalho.
Quanto representa o mercado externo em relação ao mercado interno para a empresa? 50% para cada segmento.
Para crescer ainda mais no mercado externo é favorável que haja fortalecimento interno. Isso está acontecendo?
Sim, temos que nos fortalecer internamente, treinando nossos colaboradores, ficando atentos às novidades em máquinas, tanto de colheita florestal quando de produção de compensado. Temos que investir no desenvolvimento de novas espécies e em clones de mudas. Estamos nos fortalecendo no setor de matéria prima, investindo em viveiro de mudas.
No Estado de Santa Catarina de maneira geral as exportações fecharam com valor 15% inferior a 2014. No entanto o setor de madeiras e móveis conseguiu se manter e até aumentar sua exportação. A que se deve esse resultado?
O resultado positivo e superior se deve aos contatos com clientes, visitas, marketing e divulgação.
Qual sua opinião para o cenário econômico nacional, e como isso poderá impactar a indústria Palmasola S/A?
O cenário econômico nacional deve se recuperar em curto espaço de tempo gerando mais oportunidades também no mercado interno.
Onde a Palmasola S/A possuiu indústrias, escritórios e áreas de reflorestamento?
A matriz é em Palma Sola, onde produzimos compensados para todos os segmentos que atuamos, possuímos a filial de Brasnorte-MT onde produzimos lâminas de espécies de madeira tropical oriundas de nossas próprias florestas, assim como de terceiros, destinadas ao uso na matriz como também para a exportação. Os reflorestamentos de Pinus e Eucalipto estão localizados em Santa Catarina e Paraná. Também temos o segmento de pecuária e estamos expandindo no segmento de agricultura na Filial de Brasnorte.
Existem planos para novos investimentos, com vistas a novos mercados?
Sim, temos planos para expandir, tanto nos mercados existentes como em novos mercados. Há mais ou menos dois anos, iniciamos nossas exportações para o Oriente Médio e Egito e já estamos com uma demanda constante nessa região. Também estamos trabalhando no desenvolvimento de novos produtos, tanto para o mercado interno quanto nas exportações.
Santa Catarina
As exportações catarinenses fecharam 2015 em US$ 7,644 bilhões, valor 15% inferior ao registrado em 2014. O resultado de Santa Catarina está alinhado com o desempenho nacional, que foi negativo em 15,1%.