Há cerca de oito meses o grupo dos Alcoólicos Anônimos (AA) de Anchieta voltou a se reunir em encontros semanais. Segundo explica o coordenador do grupo, Derli Alcides Fernandes, as idas e vindas do grupo fazem parte do processo de luta dos alcoólatras. “Por isso por um momento o grupo deixou de existir, mas ele sempre volta. É uma luta constante, todos aqui estão batalhando e lutando contra a doença”, explica o determinado Derli, que pela primeira vez aos 47 anos quis se internar para se livrar do álcool.
Atualmente participam dos encontros que acontece às sextas-feiras, a partir das 19h30, no Pavilhão da Igreja, de seis a oito pessoas. “Sempre convidamos a todos que têm interesse para participar, às vezes o alcoólatra não quer vir, mas alguém da família pode vir conhecer, saber como funciona. Sempre é preciso dar um primeiro passo. E como todos sabem o alcoólatra só fica livre da bebida quando decide por si próprio”, comenta Derli.
Nas reuniões o grupo conversa sobre o dia a dia, as dificuldades enfrentadas, crises de abstinência, a vontade de voltar a beber e tudo que os ajude a passar pelo processo sem se sentir sozinho e isolado. O importante é que eles sintam que todos passam pelo mesmo processo de luta contra a bebida. Um dá apoio ao outro e se alguém “caí” e volta a beber não é julgado quando decide retornar ao grupo. “Eu comecei a beber aos 12 anos e nunca havia aceitado que tinha uma doença, dizia o que todos os alcoólatras dizem: ‘paro quando eu quiser’, mas quando fiquei no fundo do poço, vivendo igual mendigo, quase perdendo minha família é que quis me recuperar. Pedi ajuda e fiquei 12 dias internado, desde então não bebi mais e assim luto para continuar”, declara Derli.
Sobre as consequências da bebida, o coordenador explica que elas surgem inevitavelmente. “Quando eu vivia bêbado não sentia nada, porque você está sempre anestesiado. Mas agora as complicações e dores estão surgindo”, lamenta explicando que todos os participantes do AA recebem apoio da Secretaria de Saúde de Anchieta, da equipe do Cras, Nasf e suporte do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Campo Erê que mantêm parceria com a Prefeitura Municipal. “Além dos encontros semanais do AA vamos toda quinta-feira de manhã para Campo Erê, o transporte é cedido pela Secretaria de Saúde de Anchieta e lá recebemos diversos atendimentos que nos ajudam muito a lutar contra o vício”, finaliza.
COMO AJUDAR UM ALCOÓLATRA
1) Escolha o momento mais adequado para conversar. Aproveite um momento em que a pessoa esteja sóbria, ambos estejam calmos e em um lugar em que haja privacidade.
2) Informe-se sobre o alcoolismo. Explique que está preocupado e que quer ajudá-lo.
3) Reforce os motivos que ele tem para mudar a atitude em relação ao álcool. Leve para a conversa exemplos de situações negativas que já ocorreram com ele em função do uso do álcool.
4) Evite ameaças e agressividade. É possível falar sobre as razões nas quais ele precisa procurar ajuda sem que utilize formas que, na prática, não adiantam.
5) Não encubra as atitudes do alcoolista, protegendo-o das consequências de seus atos e de sua dependência alcoólica.
6) Não estimule o consumo de álcool e tente evitar tudo que está relacionado com as bebidas alcoólicas.
7) Incentive a procura por profissionais especializados para ajudar na recuperação ou ir a uma reunião dos Alcoólicos Anônimos. Se for caso de internação, mostre que isso, além de temporário, fará bem à saúde e bem-estar dele. Ajude-o encontrar um local autorizado.
8) Motive a pessoa a buscar atividades que lhe proporcionam bem-estar sem que necessite de álcool, como esportes, voluntariado, tocar um instrumento musical, artesanato, etc.
9) Entenda que o alcoolismo é uma doença e que não é sua culpa. Muita gente que convive com um alcoólatra sente-se culpado pela situação do outro.
10) Valorize cada avanço no tratamento.
11) Se o alcoólatra tiver recaída, não desvalorize o esforço. É possível se reerguer e voltar ao tratamento. Fonte/alcoolismo.com.br