Neste mês de outubro, a equipe do Sentinela esteve conversando com o proprietário do Frigorífico Malvessi, de São José do Cedro, Antoninho Malvessi. O proprietário relata que a empresa está interditada há cerca de dois meses e ainda nenhuma decisão foi tomada. Malvessi tem 58 anos e trabalha no ramo de frigorífico há 35. Hoje ele está com problemas de saúde, depressão, não se alimenta e não consegue dormir, devido a série de acontecimentos com o frigorífico.
Malvessi conta a história de como o frigorífico foi criado. Antes de construírem sua própria edificação, já trabalhavam com um frigorífico alugado. Trabalharam na edificação alugada por 4 anos, como a promotoria na época não permitiu o funcionamento daquele frigorífico, devido as instalações antigas, fechou.
“Com incentivo da população, dos mercadistas da nossa região, como não tinha nenhum frigorífico no nosso município, naquela época, a gente optou por escolher esse ramo. Achávamos que seria um futuro muito grande para todos nós. Inauguramos o nosso frigorífico, no dia 27 de julho de 2005” comenta Malvessi.
A empresa foi construída conforme o que exigia a legislação da época, sendo que a estimativa era abater 20 animais/dia. Inicialmente o número de abate era menor, mas foi aumentando, os negócios melhorando e por 4 anos o abate se manteve em 20 animais/dia.
A partir desse momento fizeram novas adequações e ampliações, sempre dentro dos padrões, e acompanhamento da Cidasc. E consequentemente tiveram a aprovação, licença da Cidasc e do IMA. Onde poderiam abater diariamente 68 bovinos e 40 suínos.
O frigorifico iniciou com 8 funcionários, e quando chegaram a um faturamento mensal de R$ 3 milhões, estavam com 55 funcionários, o maior número que o frigorifico já teve.
“A partir do ano de 2009, quando assumi como vice-prefeito, não sei qual o motivo, se é municipal, estadual, o que ocorreu, mas a partir disso, começaram as perseguições, muitas cobranças e reivindicações” lamenta Antoninho.
Conforme Antoninho agora seria a quarta licença do IMA, licença ambiental, ele ressalta que nunca houve problema, sempre estavam dentro da legislação. “A partir de alguns acontecimentos em 2013, a gente se envolveu com a Cidasc, houve uns conflitos, a partir daí, a gente teve bastante dificuldade. Tivemos também um período muito difícil, período de 2 anos, se envolvemos em 7 acidentes, com 3 mortes. Só num acidente perdemos mais de R$ 500 mil” comenta Malvessi.
O frigorífico foi fechado pela primeira vez em 2013, ficou 45 dias interditado, o motivo foi a cobrança por melhorias internas. Após 45 dias conseguiram reabrir, por exigência da Cidasc o frigorifico teve que passar por uma série de adequações, e a fábrica de embutidos ficou 1 ano fechada, podiam abater mais não podiam produzir. Com todos esses ocorridos a empresa passou a enfrentar grandes dificuldades financeiras.
“Sempre procuramos se adequar. Trabalhávamos sábado o dia inteiro, no domingo até o meio dia, para que conseguíssemos dar a volta nessa situação” explica Malvessi. Como houve essas dificuldades, o frigorifico optou por uma empresa que viesse auxiliar, e ajudasse na administração da empresa. Nesse período entraram em recuperação judicial, a situação foi se agravando, e a empresa que era para ajudar, na verdade deu um calote. Ao invés de administrar o frigorífico, acabaram se endividando mais. Depois disso Malvessi optou pela família voltar a administrar o frigorífico. O ano de 2017, foi o melhor ano do frigorifico em termos financeiros.
Entre os meses de novembro e dezembro de 2018, os prejuízos com inadimplência chegaram a quase R$ 1 milhão. O frigorífico Malvessi vendeu matéria prima para uma empresa que comprava há muito tempo, aumentaram-se as encomendas, e essa empresa do litoral catarinense, mais especificamente de Tubarão, não conseguiu pagar, e até hoje não pagaram. Mais uma vez o frigorífico Malvessi se ajoelhou.
O frigorifico optou por pegar outra empresa que ajudasse. A nova empresa, Safegold, fez uma avaliação vendo se o frigorifico tinha condição de voltar a atuar. Iniciaram o trabalho no mês de março desse ano. O trabalho iniciou de forma lenta nos primeiros meses, mas aos poucos foi voltando a atingir a meta, para ser auto suficiente. No balanço do mês de julho o faturamento quase chegou a R$ 2 milhões, se não tivessem débitos anteriores a saldar, este seria o primeiro mês de lucro depois de muito tempo. A projeção para o mês de agosto era faturamento na ordem de R$ 2,5 milhões, as vendas estavam boas e realizadas com segurança.
Há quase um ano o frigorífico havia feito o pedido de renovação da licença ambiental, enviado todos os documentos para que o órgão ambiental. Houve uma falha da empresa a qual fez o trabalho de renovação, entregando essa documentação atrasada para o IMA. E este foi o motivo para eles interditarem o frigorifico por 5 dias. Depois o juiz deu abertura no mandado de segurança e o frigorífico voltou a trabalhar.
“A Cidasc retornou a fazer uma vistoria no frigorifico, e optou por fechar, alegando que não tinha a licença ambiental, e que teriam que ser feitas reformas. A empresa que estava administrando optou para que fizéssemos as adequações, paralisamos o frigorifico acreditando que no máximo em 15 dias voltaríamos a funcionar. Fizemos as adequações exigidas. Não tem outra explicação a não ser perseguição. Já visitei muitos frigoríficos, sei muito bem das condições que o nosso frigorifico tem hoje, então não é de acreditar uma empresa, no porte da nossa, muito importante para a nossa região, desde empregos e matéria prima, a geração de impostos, estar fechada desta maneira” diz Antoninho, indignado com a situação.
Até o momento já passaram 2 meses, que as adequações foram realizadas, mas ainda não liberaram o frigorífico. O IMA alega que o frigorífico fez as adequações necessárias, mas que não possuem funcionários para fazer a vistoria. Não tendo a licença do IMA, a Cidasc não libera o frigorifico. Para o frigorífico voltar a funcionar precisa cobrir a folha de pagamento, energia, fornecedores, necessita no mínimo de R$ 1 milhão, recurso que não possuem.
“Estamos devendo no comércio, não sei como vamos pagar, o frigorífico está fechado, não temos outra fonte de recurso. Não podemos pagar os funcionários, mais de 70% estão desempregados, é uma situação muito difícil. Todos os nossos produtos passavam por analises a cada 15 dias. Não estou pedindo nada do que não for o correto” finaliza Malvessi.