Sentinela O Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Estância do Oeste de Campo Erê realizou no fim de semana, dias 28 e 29 de fevereiro e 1º de março a 40º edição do rodeio crioulo interestadual, ele que foi o primeiro a realizar um rodeio em SC. Segundo o patrão, Nivion Bernart, o rodeio surpreendeu, pois reuniu mais de mil laçadores. “Com a colaboração do tempo, o rodeio teve a presença maciça de CTGs e piquetes do Paraná, Santa Catarina e até do Rio Grande do Sul”, destaca o patrão.
Os rodeios interestaduais de Campo Erê, tem sido a maior festa da região, marcando encontro de tradicionalistas e de amigos e a 40ª edição não poderia ser diferente. Atrações especiais como a oração da Ave Maria, gineteada, o laço apache e algumas brincadeiras promovidas pelos locutores, fizeram o público delirar. Além desses, um baile animado pelo Trio da Terra e uma homenagem a algumas pessoas que fizeram a história dos 40 anos de rodeio. Milhares de pessoas passaram pelo parque durante os dias, tendo sua maior concentração no momento da oração, quando foi feita a cerimônia e na sequência a gineteada.
No domingo aconteceu a abertura oficial, com a presença de autoridades tradicionalistas. O patrão, antes de pronunciar oficialmente aberto o rodeio, agradeceu aos colaboradores e também os patrocinadores, que sem eles o rodeio não seria um sucesso como foi. Contou com as laçadas oficiais das categorias: patrão de piquete, patrão de CTG, guri, prenda, piá, prendinha, veterano, vaqueano, coordenador, ex-coordenador, pai e filho/filha/irmão e laço dupla.
Conforme o patrão as laçadas foram a grande atração do rodeio. “Tivemos boas participações e todos saíram satisfeitos com a organização e a grande participação de equipes e público”, comentou concluindo que entre os laçadores, estavam 108 quartetos, 400 duplas, 511 pelo individual, 340 pela copa do laço e 60 por cortesias.
Nivion é patrão da campeira há 12 anos e patrão do CTG Estância do Oeste há dois, ele ressaltou que durante o ano anterior, esteve presente em outros rodeios convidando laçadores e organizadores para que estivessem presentes no fim de semana. “Gostaria de agradecer a todos os visitantes, não só por essa edição, mas por todas. Agradeço as patronagens anteriores que complementaram e foram necessárias para que esse evento ficasse conhecido e fizesse história”, destaca o patrão.
Pioneiro do tradicional rodeio
Waldemar Antônio Daneluz, popular Marzinho, foi o primeiro patrão do CTG e um dos idealizadores deste rodeio. Marzinho esteve presente em todos os dias dessa edição. Ele é natural de Caxias do Sul-RS, mas reside em Campo Erê há mais de 50 anos. “Quando cheguei nessa cidade não havia nenhum CTG, nem nada parecido. As pessoas não sabiam o que era gineteada e nem o que significava laçar em armada. Sempre fui apaixonado por isso e essa foi minha inspiração para construir um CTG aqui”, destaca.
Há 40 anos o CTG foi construído e Waldemar foi o responsável por essa incrível obra. “Não lembro muito de como foi, mas alguns pioneiros, saíram a cavalo de Caxias em busca de terra para comprar, quando chegaram em Pato Branco foram informados que aqui tinha campo e pinhal. Quando chegaram, eu resolvi fazer uma festa e convidei todos, fiz um discurso, mais o menos assim: ‘senhores pioneiros, desbravadores dessa terra, vocês que quando chegaram só ouviram os pássaros a cantar, e hoje eles cantam diferente. Pioneiros do Rio Grande do Sul, construam um CTG aqui nesse município e tragam para cá essa emoção’. Eu lembro que todos se emocionaram”, conta.
“Poucos dias depois começamos a construir, arrumei dez bois para vender e poder pagar o telhado. Meu pai, Pedro Daneluz, que nunca morou nessa cidade, disponibilizou toda a madeiras. Com o tempo houve muitas modificações, mas na época, tínhamos feito desse CTG o mais bonito da região”, continua Waldemar.
De acordo com ele, na época, não havia ninguém na cidade que soubesse acompanha-lo em uma laçada, por esse motivo, os primeiros rodeios eram compostos apenas por laçadores específicos e conhecidos pelo pioneiro. Ele que trouxe todos os bichos da sua propriedade natal, apenas para que as pessoas interessadas pudessem aprender a laçar. “Não existia esses laços finos de hoje, eram maiores e pesados, acredito que se coloca-se para testar com essa piazada não conseguiriam laçar nem cinco armadas”, enfatiza com boas risadas ressaltando que a 40ª edição tem sido emocionante e festiva.