17/06/2020 às 10h29min - Atualizada em 17/06/2020 às 10h29min

“Trocamos o amargo do fumo pelo doce da uva”, diz Marli

O vinho remonta a diversos períodos da humanidade. Cada cultura fala do surgimento de uma forma diferente. Para muitos, ele surgiu antes da escrita e por acaso. A bebida alcoólica é produzida a partir da fermentação do sumo (ou suco) de uvas. Leveduras consomem os açúcares presentes na uva, transformando-os em álcool. Trata-se de uma bebida tão comum que dificilmente as pessoas param para pensar quais os processos que influenciam na produção. O trabalho é complexo e cheio de dificuldades, mas para as famílias Benetti e Piccoli, produtores da Linha Santa Terezinha, interior de Palma Sola, uma cultura histórica, passada de geração em geração, e hoje, um dos meios de faturamento.O vinho remonta a diversos períodos da humanidade. Cada cultura fala do surgimento de uma forma diferente. Para muitos, ele surgiu antes da escrita e por acaso. A bebida alcoólica é produzida a partir da fermentação do sumo (ou suco) de uvas. Leveduras consomem os açúcares presentes na uva, transformando-os em álcool. Trata-se de uma bebida tão comum que dificilmente as pessoas param para pensar quais os processos que influenciam na produção. O trabalho é complexo e cheio de dificuldades, mas para as famílias Benetti e Piccoli, produtores da Linha Santa Terezinha, interior de Palma Sola, uma cultura histórica, passada de geração em geração, e hoje, um dos meios de faturamento.

Família Benetti
Paulo Benetti e a esposa Marli, possuem cerca de 800 mudas plantadas em um parreiral de 5.000m² [meio hectare], onde as produções já chegaram a 3.500 litros. “Não fizemos muito, porque a produção não é tão boa, mas valoriza bastante porque a uva é. O cuidado com o parreiral é constante, praticamente todas as semanas precisa-se limpar e fazer os tratamentos necessários, e dependemos muito do frio, quanto mais, maior a produção”, conta o produtor Paulo. Segundo Paulo, havia um segundo parreiral na propriedade, plantado há mais de 30 anos pelo pai.
“Plantamos as mudas do novo parreiral há quase 10 anos e produzimos o vinho há oito. Dependendo o ano, as uvas já podem ser colhidas em dezembro, mas a época boa é em janeiro e fevereiro”, explica ressaltando que em seu parreiral há cinco variedades plantadas: bordo [mais de 400 mudas plantadas], rose, branca, francesa e pino. “O mais que temos é da bordo, a variedade de outras mudas é pequena pois além de serem difíceis de se adequar, também é difícil a condução. Estamos vendendo o descartável de dois litros a R$ 15 até R$ 20. O pino não vendemos, apenas para amigos e muitas vezes demos de presente. É um vinho que não se acha fácil, no Rio Grande do Sul o descartável de dois litros pode chegar a R$ 80”, esclarece.
“No começo a nossa ideia era produzir só para consumo, mas começou a vender e continuamos. Tem muita procura, não dá para passar o ano. Neste ano deu mais o menos 2 mil descartáveis e já temos quase metade vendido. Como ele é totalmente puro [100% uva], muitos vem buscar, nunca precisei sair vender. Pessoas do Mato Grosso, Paraná, Rondônia e muitos outro encomendam”, conta o produtor ressaltando que sempre cuidou sozinho, mas como começou a sentir dor nas costas, irá precisar de ajuda com o trabalho. “Tem meio hectare de parreiral, e isso dá mais faturamento do que dois hectares de fumo. E o cuidado é muito mais fácil, não precisa de ajuda e nem de veneno. O faturamento com a uva por ano da mais o menos R$ 20 mil; as vezes vai mais, as vezes menos”, frisa Paulo dizendo que para o ano que vem a expectativa é que a produção seja ainda melhor.
“Armazenamos as uvas em pipas de 500 e 1000 litros e depois dali há cada 60 dias precisa trasvazar; tirar todo o vinho da pipa, lavar bem ela e depois colocar de novo, porque o deposito da uva fica no fundo. A pipa tem que estar bem cheia e fechada”, enfatiza Paulo complementado que possui mais de 10 pipas para o estoque. “Conforme vai tomando o vinho precisa ir tirando e dividindo nas mais pequenas para que ela esteja sempre cheia”, finaliza Paulo.

Família Piccoli
Leocir Piccoli, juntamente da esposa Terezinha e do filho Thaylon, é o responsável pela continuidade do trabalho começado pelo pai Luiz, há mais de 40 anos. “No início possuíamos o parreiral e produzíamos as uvas, mas com o passar dos anos, muitas mudas começaram a morrer. Foi chamado um agrônomo para ver o porquê e ele disse que tinha um fungo na raiz, e que não adiantava investir no parreiral. Com isso, optamos em tirar o que restava e começar a comprar as uvas. O processo de fabricação é o mesmo, só não precisamos nos preocupar com o plantio”, conta a esposa Terezinha.
“Este ano compramos 700kg e deu mais o menos uns 400 litros. Fizemos mais para consumo, vendemos alguns litros, mas não são muitos. As produções sempre foram mais o menos nesta quantia. Tínhamos 300 mudas no parreiral, não produzia muito porque a espécie era da uva Isabel e ela não se adequa muito bem com o clima daqui; e como era uma muda mais fraca ela não resistiu a bactéria”, continua ressaltando que passaram a comprar a espécie bordo, vinda do Rio Grande do Sul. “Compramos e quando entregues elas são moídas com uma máquina específica; ela fica três dias na casca fermentando e depois vai para os tambor e para os litros”, finaliza a produtora.
 
Produção
Para o vinho chegar à mesa, existe um longo e interessante caminho. Desde a colheita até o momento do engarrafamento, são passadas várias etapas da produção. 1ª etapa: plantio - tudo começa no campo de plantação das uvas. 2ª etapa: colheita – no instante da colheita, as frutas são verificadas atentamente, a fim de encontrar inconformidades e selecionadas manualmente. 3ª etapa: industrialização – ao sair do vinhedo, as uvas partem para o processo industrial. São passadas para caixas, onde são moídas e depois disso são transferidas para outras, onde passam pela fermentação [4º etapa]. 5ª etapa: armazenamento – Teoricamente, ao fim da fermentação, o vinho já está pronto. Entretanto, deve ser armazenado para que as substâncias presentes na bebida possam “ganhar corpo” e sabor. Após 40 dias em fermentação, são passadas para litros, pipas ou outros.
 
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