Em meio à pandemia, boas ações se multiplicam e trazem esperança para este momento de crise. Aqui no Brasil, vemos iniciativas para ajudar os idosos, o comércio local e os profissionais que trabalham como empregados domésticos ou diaristas. Grandes empresas também criam formas de ajudar no combate e na prevenção. É possível encontrar usuários das redes sociais incentivando a compra no comércio local, afinal, as grandes empresas têm mais chances de sobreviver a crise, que afeta em cheio a economia do país. E também, muitas pessoas compartilhando ideias de boas ações.
Neste momento de pandemia a solidariedade triplicou, mas em muitos casos, ela já acontecia constantemente, como exemplo, na Associação de Promoção Humana (Acepro) de São José do Cedro. Além dos diferentes cursos gratuitos, há também o brechó solidário, onde roupas, bijuterias, tapetes e outros produtos custam até R$ 5. “Temos aqui roupas íntimas, casacos, calças, cachecol, calções, camisetas, cobertores, roupas de cama, tapetes, calçados, máscaras, vestidos, saias, meias e muitos outros. Os preços não passam de R$ 5; algumas peças vendemos a R$ 2,50, outras a R$ 1”, conta a presidente da associação, Solange Marcon.
Brechó solidário
Esta ação, em parceria com o grupo “Amigas do Bem”, acontecia em datas específicas, mas como outros eventos, precisou ser cancelada por conta da pandemia. “Mesmo parados, temos que continuar pagando o aluguel; pagávamos R$ 900, mas conseguimos diminuir para R$ 700, o que já nos ajuda muito. Como pagamos a luz, tínhamos que manter esse espaço, pois quando voltarmos com as ações coletivas precisamos dele. Seguindo todos os cuidados necessários, reunimos todos os produtos que recebemos de doações e montamos o brechó nas dependências da Acepro, onde conseguimos vender e manter o espaço funcionando”, explica a presidente ressaltando que as crianças não podem entrar junto dos pais para fazer as compras.
“Estamos realizando de segunda, quarta e sábado à tarde. São muitas roupas usadas, mas também muitas novas, que são doadas por lojas. Temos muito apoio da sociedade, pois todos sabem como fazemos esse trabalho. Fizemos bem baratinho para que todos possam comprar, geralmente são pessoas carentes e que precisam. Como há casos em que são feitos doações e muitos acabam por jogar as peças fora, optamos por esse brechó, pois aqui eles vem e pegam o que realmente precisam, por um preço acessível e que vão utilizar”, enfatiza complementando que o recurso arrecadado é utilizado para outras ações, como a compra de brinquedos e doces que são distribuídos às crianças em datas comemorativas.
Cursos gratuitos
Muitas ações se consolidaram na pandemia, mas outras acabaram sendo deixadas de lado, como os diversos cursos gratuitos disponibilizados por integrantes da Associação e por uma das responsáveis, Maria Vogt. “Desde que começou a pandemia não conseguimos mais nos reunir e dar os cursos. Todos os sábados à tarde nos reuníamos com as mulheres; tínhamos palestras, servíamos salada de fruta oriundas de doações dos mercados e tínhamos também um espaço especial para as crianças, mas como temos que respeitar o isolamento, tivemos que parar. Ainda não conseguimos fazer nenhum curso, acredito que passará tudo para o ano que vem, pois precisamos de quase um ano para fazer, pois são extensos”, conta Maria.
Conforme ela, através de projetos sociais, a Associação disponibiliza cursos de costura, tanto com máquina comum, quanto eletrônica, e também, cursos de patch colagens e patchwork. “Muitas mulheres já foram para o mercado de trabalho. Esse é o melhor pagamento que recebemos: quando elas estão lá trabalhando e veem até nós agradecer pela ajuda. Isso é a parte mais gratificante. O nosso intuito não é dar o peixe pronto, mas ensinar a pescar. Muitas mulheres mandam mensagem dizendo que sentem saudade e esses cursos, para muitas, é a única distração da semana. Em todas as palestras são pessoas diferentes que se disponibilizam a vir conversar com todas as participantes”, enfatiza.
Muitos do que participam das ações, sofrem psicologicamente e não tem outro lugar para se distrair. “Aqui eles se sentem bem, fizemos chimarrão, conversamos e ajudamos como podemos. Nos cursos geralmente vem mulheres do Guarujá e de Princesa”, relata Maria.
Amor pelo que faz
Como diz o ditado: “Ao lado de um grande homem, sempre há uma grande mulher”. Na Acepro, ao lado de uma grande presidente, há uma magnífica auxiliar. Já aposentada, Maria Vogt dedica-se inteiramente para que todos os projetos e ações ocorram perfeitamente. “Sou a presidente, mas a que mais trabalha por aqui e está sempre presente é a Maria. Ela trabalha como costureira há anos; o sonho dela era se aposentar e conduzir os cursos. Como eu ainda tenho o meu trabalho por fora, não consigo me dedicar totalmente, mas ajudo nos finais de semana”, destaca a Solange.
Conforme Solange, além de doações de roupas, são recebidos muitos alimentos. “Reunimos e organizamos cestas básicas para entregar às famílias necessitadas do município; fizemos parceria com o CRAS para entregar. Montamos cestas de doces para o dia das mães, e entregamos junto de cestas básicas. Além disso, fizemos saquinhos para colocar as roupas delicadas na máquina de lavar. Os zíperes vem de doações. E também fizemos tapetes com retalhos, justamente os que iriam para o lixo, são reaproveitados”, conta ressaltando que há alguns dias, a Cooperativa Sicredi doou alguns recursos, que foram entregues especialmente as famílias carentes. “Eles queriam fazer essa doação a quem precisava, e foram junto até as famílias para conhecer a realidade. Há muita pobreza no nosso município”, finaliza.