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24/10/2020 às 09h22min - Atualizada em 24/10/2020 às 09h22min

Redescobrindo a vida por meio da Arte

A aposentada Leonita de Souza criou o grupo “Cia Lita: Educação, Cultura e Arte” para reforçar o segmento na região

Larissa Dias
Da redação
Sempre há tempo para se reinventar. Teatro, dança, poesia e música são algumas das atividades que a maior parte das pessoas costumam acompanhar como espectador. Mas e quando você decide entrar em cena com 60 anos ou mais? Mesmo com a idade avançada, muitos idosos procuram adquirir nessas artes novas experiências e, por meio delas, transformar o olhar para a vida.
Foi em busca desse recomeço que a anchietense Leonita de Souza, de 64 anos, decidiu criar um grupo, intitulado Cia Lita: Educação, Cultura e Arte, e passar a diante suas experiências e conhecimentos. “Têm muitas pessoas que dizem: ‘não é minha época’. Eu costumo perguntar para elas: ‘mas qual é a sua época?’. Porque se você está aqui, vivo, é a sua. Desejo que as pessoas vejam que a experiência não pode ser engavetada e que ela pode ser colocada a serviço de outras pessoas”, acrescenta.
Para ela, a arte serve como terapia. “Sempre fui apaixonada pela leitura e escrita, desde os meus 12 anos uso essa técnica para me expressar. Sempre gostei muito de poesias, tenho guardadas muitas das que escrevi na adolescência”, relembra ressaltando que trabalhou por um longo período na Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), onde começou a rascunhar seus poemas em pedaços de papel que eram descartados.

Cura pela arte
A contemporaneidade tem trazido uma quantidade enorme de transtornos emocionais para os indivíduos, como estresse, depressão e isolamento. É necessário a busca por meios que possibilitem maior qualidade de vida. A anchietense conta que a arte pode ser um desses instrumentos de cura. A prática facilita o contato com conteúdo intrapsíquicos e ajuda a promover o autoconhecimento e autotransformação.
“Uma questão que vemos muito, são crianças que possuem dificuldades de aprendizagem, e a pergunta que fica é: ‘o que podemos fazer?’. É necessário executar um levantamento de necessidades educacionais e trabalhar em cima disso. As vezes o que precisa é só um projeto de rotina com a família. A minha proposta de trabalho é também ajudar a resolver problemas na área educacional, apresentando soluções e ajudando na área emocional”, frisa.
Leonita destaca que, em muitos casos, as pessoas possuem dificuldades em curar suas dores, pois não possuem alguém para ajudar. “Eu tive essa dificuldade. Não fui criada pelos meus pais, e posso dizer que família não é só eles... Nunca tive alguém que eu pudesse chamar de meu, que estivesse sempre ali. Isso fez com que eu buscasse outros recursos e começasse a me expressar por meio da poesia, por exemplo, que foi uma herança dos meus pais, que eram apaixonados por isso também. Essa paixão foi uma das saídas que pude recorrer”, relembra.
“Infelizmente, muitos procuram uma saída no meio das bebidas e coisas do gênero, mas acabam não conseguindo se encontrar, e o sofrimento as empurra para caminhos tortuosos e sem cor. Eu acredito que esse modo que encontrei foi um privilégio, pois quando eu não consigo dormir ou não estou bem, fico pensando e criando... É minha terapia...”, conclui.
 
Projeto para depois da pandemia
Leonita esclarece que seu projeto será iniciado apenas depois da pandemia. “Tinha o planejamento de já colocar a empresa para trabalhar em março, mas fui surpreendida com a pandemia, onde precisei adiar a inauguração e interromper as ações, com isso, recorri a criação de vídeos reflexivos para o YouTube, para já começar a ter contato com as pessoas”, conta enfatizando que todas as atividades serão realizadas numa sala equipada de sua casa, onde atenderá desde crianças a adultos, com parcerias de profissionais.
Conforme ela, este é um dos segmentos que são pouco visualizados e aproveitados no município. “Existem talentos que não são aproveitados, sejam eles novos ou já idosos. Felizmente, as escolas tratam muito bem essa área. Eu fico maravilhada com a criatividade dos alunos e dos professores. Quando você abre as portas, cria grupos e começa novas atividades, muitos talentos começam a aparecer e aqueles que já eram aproveitados, são complementados”, complementa.
 
Formações
Leonita é uma escritora e artista de mão cheia. Formada em técnico de contabilidade, foi auxiliar administrativa na Casan, e como desejava trabalhar com a parte humana, fez Magistério e logo depois estudou Letras e Inglês. Formou-se em Pedagogia, onde estudou Administração Escolar e Gestão Escolar. Cursou Psicopedagogia e foi secretária de Educação entre 2013 e 2016, além de palestrante.
“Depois que sai da prefeitura decidi dedicar a minha nova empresa a este ramo. Uma das áreas que trabalharei será o teatro e o meio de formação. Quero também retomar um grupo de contação de histórias e poesias. Acredito que são áreas afins, e que uma complementa a outra. Conforme a demanda for surgindo, estarei visualizando quais as áreas com mais procura e quais eu precisarei melhorar. Estou muito ansiosa para iniciar os trabalhos e receber meus alunos”, reforça finalizando que pretende publicar um livro de poesia e que já está trabalhando nisso.
 
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