21/01/2021 às 15h05min - Atualizada em 21/01/2021 às 15h05min
Tombamento de milho assusta produtores
Produtores de Palma Sola e Campo Erê estimam prejuízos de 40% a 60% na safra de milho cultivada com semente da Pioneer
Igor Vissotto
Da redação
Fato inédito assusta agricultores de Palma Sola, Campo Erê e região: milho tombando na lavoura. Produtores de grãos como Jaime Link e Volnei Volnei Zandoná de Palma Sola explicam que cultivaram áreas com sementes da variedade Pioneer 2719 e este ano estão sendo surpreendidos com o estrangulamento que ocorre no tronco da planta e ela acaba caindo.
Na safra passada, esta mesma variedade, foi responsável por recordes de produção, também nunca vistos na história da região, chegando a produzir 260 sacas de milho por hectare. “Tenho mais de 30 anos de experiência na produção de grãos, nunca tinha visto uma variedade produzir tanto. Dos 450 hectares que cultivamos com milho para esta safra, por prudência plantamos apenas 110 hectares com esta variedade” fala Volnei, responsável pela produção na Granja Modelo.
Os prejuízos estimados na Granja Modelo giram entre 40% e 60%. Volnei explica que para minimizar os prejuízos foi preciso antecipar a colheita em áreas que seriam para grão, para serem utilizadas como silagem. Infelizmente a ceifa não consegue colher os pés de milho tombados.
Segundo Volnei ainda não há uma resposta concreta sobre o que está ocorrendo. “Acredito que pode haver influência da ‘cigarrinha’, mas nesta área específica fizemos quatro aplicações de inseticida para combater esta praga. Geralmente a cigarrinha causa o enfezamento, que é o encurtamento do entrenó do pé de milho. Contudo isto não ocorreu em todos os pés de milho, apenas em alguns” explica Volnei mostrando que também são visíveis problemas de enraizamento [poucas raízes, facilmente se arranca o pé] e da doença fusária. “Na minha experiência de 30 anos a ‘cigarrinha’ pode ter influenciado, mas pelo menos o pé tinha que ficar de pé”. Nesta área cultivada pela Granja Modelo, não houve problema com estiagem, isto elimina a possibilidade de fatores climáticas estarem relacionados com o tombamento do milho.
“Para a próxima safra não pretendemos plantar nenhum grão desta ou de outra variedade da Pioneer. Eles devem nos trazer informação, trazer assistência aqui para dentro da lavoura. Estamos procurando a solução há mais de 30 dias e o representante vem aqui só defender a empresa e não pra achar a solução. Que nos tragam um supervisor ou alguém que pelo menos explique o que está causando este tombamento. Queremos uma explicação, se é grão, se é manejo, enfim” conclui Volnei Zandoná.
O agricultor Jaime Link também busca explicações sobre o que está causando a queda destes pés de milho. “Na minha lavoura o milho passou do ponto de milho-verde e agora cada dia que chego na lavoura vejo mais plantas caídas. Nós temos investimentos e contas pra pagar!” afirma o produtor.
O campoerense Heinbert Sand revela que para esta safra cultivou 100 hectares com milho. Apenas 5% da sua área não foi afetada, os outros 95% estão em fase de morte prematura.
O gerente da Cooper Tradição de Palma Sola, Valdenir Barbieri, explica que o tombamento do milho não é uma questão local ou regional, que foi generalizado no país. Segundo ele até o momento a conclusão de técnicos é relacionada ao enfezamento causado pela ‘cigarrinha’ afetando diferentes variedades. “A cigarrinha transmite para planta os molicutes, porta de entrada para doenças severas que chegam a um perca de mais de 90% dependendo da variedade (mais suscetíveis), aquelas que são menos suscetíveis também podem tem esse problema, mas com perdas muito menores, até insignificantes” explica Valdenir.