Sofia S. Bertolin: Muitos pilotos da região visitam o “Morro do Cabalo” para voar, resultando em um encontro de parapentistas. Humberto Gabriel Czajkowski é natural de Posadas, capital de Missiones na Argentina. Ele mora em Anchieta há 4 anos e há 3 anos se naturalizou como brasileiro. Humberto tem em Anchieta uma empresa chamada Anchieta Xtreme, nela ele promove voos turísticos em parapente e paratrike. “Vim à Anchieta para empreender, conheci muita gente, me envolvi com o tema de turismo e isso mudou minha vida” conta Humberto.
Humberto é piloto de parapente há 20 anos, na Argentina foi dono de uma gráfica. Após seu divórcio ele teve que vender seu equipamento de voo e decidiu começar do zero no Brasil. “Tive que fechar a gráfica, fiquei somente com um parapente e vim para Anchieta, conheço a cidade há seis anos. Cai e tive que voltar do começo” diz Humberto.
Ele alugou em Anchieta uma propriedade de 14 hectares, uma parte do Morro “Lombo do Cabalo” e iniciou fazendo rampas para voo turístico com parapente. “Oferecia somente esse serviço, eu não podia comprar o paratrike, já que é um equipamento de auto custo” explica.
Logo antes da fronteira se fechar por conta do Covid-19 Humberto retornou a Argentina. “Tenho propriedades alugadas lá, tinha que acertar algumas coisas e aproveitei para convidar meu filho Federico para vir ao Brasil comigo, já que aqui tem oportunidades que a Argentina não tem, e não vai ter. Ele é um cara de 28 anos, deixou muitas amizades mas veio comigo e trouxe minha cachorra. Na noite em que saímos da Argentina a fronteira fechou”.
Junto com seu filho Humberto elaborou a ideia de trablhar não somente com parapente, mas também com paratrike. “Pude trazer o dinheiro da Argentina e investi no paratrike. Uma indústria do Brasil o fabricou e entregou, fiz os cursos de adaptações e aluguei outra propriedade, em frente ao prédio do Ar Livre Ecoturismo, lá fiz pistas de voo. Hoje sou membro do Anchietur e dos Caminhos da Fronteira e faço voos turísticos de paratrike e parapente.” conta Humberto.
Professor pássaro Os voos em parapente começaram comercialmente há um ano, e os voos de paratrike a cerca de cinco meses. A demora em iniciar os voos acontece pois é preciso fazer um estudo climático, conhecer os ventos e ascendências. “Fiz três anos de estudo do morro, entendendo as condições climáticas e o vento para fazer voos com máxima segurança”.
Humberto explicou que é mais fácil fazer voos no litoral pois o vento do mar é previsível e sopra o dia todo. “Você infla o parapente, voa, aprecia as belezas naturais, pousa já voa com outro passageiro. Aqui é diferente, os voos são técnico e termodinâmicos. Observe os pássaros, eles buscam as ascendências, ou seja, o calor que sai da terra e faz subir, o ar frio faz baixar. Quando os pássaros começam a girar é porque encontraram a ascendência. Eles são nosso professores de voo. Com o parapente fazemos a mesma coisa, por isso a importância de estudar a região e o clima, saber onde estão as maiores, menores ascendências e em que horário” afirma Humberto.
Primeiro contato com o voo “Estava no litoral do Brasil com um casal de amigos. Um parapentista apareceu e voou muito próximo de nosso apartamento, quase podíamos tocá-lo. Antes era permitido voar sobre edifícios, agora é proibido por questões de segurança. Eu fiquei boquiaberto e quis fazer isso algum dia. Então na Argentina, fiz minha primeira instrução, meu primeiro voo e começou essa minha paixão por voar” conta.
Voos Agora é época de baixa temporada por conta de ventos fortes, chuvas e o frio que afasta os turistas do céu. Em agosto inicia oficialmente a temporada e ela vai até março de 2022. Nos dias bons um voo pode ser feito a cada 30 minutos, entre instrução, preparação e voo. Dependendo das condições climáticas os voos podem durar de 15 a 20 minutos.
“Muitas vezes me custa convencer a pessoa a voar por causa do medo, principalmente no parapente, pois é preciso correr até a borda do precipício e pular. Já aconteceu de uma moça se amedrontar e parar de correr no meio do caminho. Com o paratrike não existe isso, você se senta e quase nem percebe que estamos voando” explica.
O voo no parapente custa R$ 250 e no paratrike R$ 400. “Quando vem um casal ou grupo de amigos oferecemos um desconto. Aqui damos as pessoas a essência do parapentista. Você chega, veste seu equipamento e caminhamos até o topo do morro. Não é chegar estacionar o carro e voar, os parapentistas sempre fazem a última parte do trajeto a pé. Podemos voar um pouco mais ou menos dependendo das condições climáticas. Os locais de pouso dependem do vento: se soprar para o norte, pousamos lá, se soprar para o sul, pousamos lá. Ao fim do voo todos recebem um certificado” conta Humberto.
“Queremos mostrar às pessoas nossa paixão pelo voo. Quando você está lá em cima é uma adrenalina e é lindo observar a natureza em volta, é uma experiência fantástica” finaliza Humberto.
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