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10/09/2021 às 16h20min - Atualizada em 10/09/2021 às 16h20min

Setembro Amarelo e prevenção ao suicídio

O Setembro Amarelo é dedicado à prevenção e conscientização contra o suicídio

Da redação
Reprodução
O Setembro Amarelo é dedicado à prevenção e conscientização contra o suicídio. São registrados mais de 13 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. Com o objetivo de prevenir e reduzir estes números existe a campanha Setembro Amarelo. Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), organiza nacionalmente o Setembro Amarelo. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano.
Os índices crescentes de suicídios nas últimas décadas alertam sobre a importância de falar sobre o assunto. Ainda há muito tabu em cima do tema, pauta-lo na sociedade é importante para evitar a perda de outras vidas.
 
Suicídio
O suicídio pode ser definido como o ato deliberado, executado pelo próprio indivíduo contra si mesmo, cuja intenção é a morte de maneira consciente e intencional.
 
O que pode levar ao suicídio?
A psicóloga Francieli Perondi, explica que o suicídio é um acontecimento multifatorial. Pode envolver fatores genéticos, de personalidade, é influenciado por questões sociais e ambientais, pela forma como a pessoa foi criada, pela presença de transtornos mentais ou algum tipo de dependência química, por fatores situacionais: a morte de alguém próximo, divórcio, oo momento difícil da vida, por exemplo. “O suicídio é um combo. Não é resultado da passividade; é o resultado de uma ação. Requer uma grande quantidade de energia e uma vontade forte, além de uma crença na permanência do momento atual e pelo menos um toque de impulsividade” explica Francieli.
Tentativas de suicídio e até mesmo o ato consumado, se intensificam em situações em que a pessoa tem algum transtorno mental, sejam eles depressão, transtornos afetivos, transtornos de humor, entre outros. “Na realidade, ainda é uma incógnita saber porque as pessoas se matam. Temos teorias, pesquisas, indicativos, possibilidades de resposta, mas ainda assim não temos como bater o martelo” diz Francieli.
 
Quais são os sinais de que alguém precisa de ajuda?
O sofrimento incapacitante. “Na maioria dos casos, se você está pensando em procurar ajuda, é porque precisa. Nós psicólogos não temos exames de sangue, laboratoriais, ou outras métricas que apontam para a necessidade de intervenção. Então, trabalhamos com aquilo que é subjetivo do paciente, com o que ele percebe. Quando se fala em suicídio, o transtorno que está diretamente associado é a depressão” explica a psicóloga.
Ela destaca que o oposto da depressão não é a felicidade, é a vitalidade. Vivenciar o luto, ter dias ruins, momentos de tristeza, chorar, sofrer, são coisas naturais da vida. Quando isso passa a impedir a pessoa de viver o seu dia a dia, realizar tarefas e traz prejuízo para a vida, está na hora de procurar ajuda.
 
Como ajudar?
A principal forma de ajuda disponível no Brasil de forma imediata é com um voluntário do CVV (Centro de Valorização da Vida). O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone no número 188, e-mail e chat 24 horas todos os dias.
Também é necessário que o tratamento com psicólogo e psiquiatra seja feito de forma correta e pelo tempo necessário. Aqueles que falam sobre suicídio, são exatamente aqueles com maior probabilidade de se matar. “Os que tentam, tendem a tentar de novo; na verdade, o melhor indicativo de um futuro suicídio é uma tentativa. A família precisa estar presente, o amor, apoio e acolhimento são fatores que aliados à terapia e à medicação formam o combo para um tratamento eficiente. É desgastante, cansativo e extremamente difícil para a família, que precisa estar atenta, monitorar a pessoa e acompanhar o tratamento como um todo” afirma a psicóloga.
Francieli afirma que é preciso ter responsabilidade ao abordar o tema, que é delicado, doloroso e presente. “Ao mesmo tempo em que vejo com bons olhos o aumento no número de pessoas que se interessa pela psicologia, que fala sobre a importância do cuidado e saúde mental, muito me preocupa as pessoas que nesse período disponibilizam seu contato ‘para qualquer um que precisar e desejar conversar’. Entendo que é um ato de boa vontade, são campanhas que surgem na internet na tentativa de ajudar pessoas que estão em sofrimento, mas é de uma irresponsabilidade descomunal. Trabalhar com suicidas é difícil até para nós, que somos da área. Se você não tem formação, nem qualificação, a sua boa vontade em ajudar pode inclusive atrapalhar, piorar a situação. Se você disponibiliza seu contato, e alguém realmente manda uma mensagem dizendo que está prestes a tirar a própria vida, você sabe o que fazer? Se alguém diz que está planejando, você sabe como ajudar? dizer ‘Não faça isso’, não resolve” explica a psicóloga.
 
Porque o suicídio é um tabu?
Segundo a psicóloga, o tabu não é apenas sobre o suicídio, é sobre a morte como um todo. Tendemos a nós fastar do tema, sempre que possível o evitamos, mas ele ainda existe. “Quando alguém próximo se mata, e você está com ideação suicida, o ato da outra pessoa torna o impensável possível. A pessoa quer acabar com a dor, ela não vê perspectiva de mudança, de melhora, ela se enxerga como um peso na vida dos outros, e quando se tem fatores associados, como uso de álcool, drogas, a falta de uma rede de apoio e a ausência de tratamento, essa pessoa está muito próxima de se deixar levar pela impulsividade. Por isso quando a pessoa tem em que se segurar, quando entende que há ajuda disponível, que há tratamento, a mudança começa. E quanto mais pessoas souberem o que fazer e como fazer para ajudar, melhor” afirma Francieli.


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