18/12/2021 às 10h18min - Atualizada em 18/12/2021 às 10h18min
Queda no preço do leite
Baixo consumo causa queda nos preços do leite, ao mesmo tempo os custos de produção dobraram
Da redação
Divulgação O leite e seus derivados constituem um grupo importante na nossa alimentação. Do ponto de vista nutricional, sabemos que o leite é rico em cálcio e proteínas, mas também é uma importante fonte de fósforo, sódio, potássio e vitaminas. De acordo com a Embrapa, os brasileiros consomem 146 litros de leite por ano, no entanto, a tendência é que o consumo baixe em dezembro, janeiro e fevereiro.
A queda no consumo ocasiona queda no preço do leite. Os produtores de leite estão acostumados com a baixa no fim do ano, no entanto, esta é a primeira vez que o poder de compra do consumidor está tão baixo e o custo de produção está tão alto. “Se o preço do leite não subir no ano que vem e os insumos continuarem em alta pode ficar inviável produzir leite”, afirma Jonas Horn, morador do município de Palma Sola e produtor de leite há 10 anos.
Em sua propriedade Jonas tem em média 28 vacas em lactação. Ele espera produzir 200 mil litros de leite em 2022. “Somos relativamente novos na produção e temos muito para crescer, nossos animais estão cada vez mais exigentes. Porém as perspectivas não são boas para os produtores de leite, viemos de uma safra bastante prejudicada pela cigarrinha do milho no ano passado e agora os altos custos dos insumos estão impactando na produção. A baixa no preço pago ao produtor vai impactar também o comércio em geral”, conta Jonas.
Em agosto o preço do leite estava torno de R$ 2,40. Em novembro o preço caiu R$ 0,20. Em dezembro o preço caiu mais R$ 0,20. “Estive conversando com o pessoal da Secretaria de Agricultura e em média, nosso município produz mais de 1,5 milhão de litros de leite por mês. Com a baixa nos preços, cerca de R$ 300 mil deixam de girar no município no mês de novembro, a expectativa é que deixe de girar mais de R$ 600 mil em dezembro. Este é um dinheiro que deixa de entrar para os agricultores e também, deixa de circular nas lojas e comércios”, explica Jonas.
Com menos renda os produtores deixam de investir no setor. Segundo Jonas, quando os produtores desejam permanecer na atividade leiteira é preciso investir em melhorias. “Muitos desistem de investir, por conta da instabilidade. No meu caso, não tenho outra alternativa, temos que tocar a propriedade e investir em melhorias, implementos agrícolas e máquinas”, afirma o produtor.
O alto custo de produção faz com que produtores descartem animais mais velhos e diminuam os estoques de insumos e alimentos para as matrizes produtoras, impactando muitas vezes na produção do ano seguinte. Ou eles trabalham com pouca margem e com expectativa de melhora nos preços na próxima safra, mas sempre na incerteza, este é o caso de Jonas: “Trabalhamos assim, meio no aperto, mas não me desfaço dos animais nem deixo de produzir. Temos a expectativa que na entrada do inverno o preço suba, se não subir nos ferramos”, brinca o agricultor.
A tendência é que os pequenos produtores compram menos insumos, já que eles estão mais caros, e diminuam a produção para a próxima safra, consequentemente a produção do leite cai. Com menos leite no mercado os preços voltam a subir.
Jonas ainda passa um comparativo do preço dos insumos em anos anteriores: Antes da pandemia o leite estava em média R$ 1,80 e a ureia a gente comprava por R$ 95 ou R$ 100. Precisava de 60 litros de leite para comprar um saco de ureia. Hoje com o preço do leite há R$ 2 e a ureia a R$ 260, são necessários 180 litros de leite para comprar o mesmo saco.
“O insumo principal, para esta safra está praticamente garantido se o clima colaborar, agora para plantar na próxima safra vou gastar o dobro. Se os preços dos insumos continuarem nesta faixa, vou gastar em torno de R$ 85 mil em silagem, aproximadamente R$ 100 mil em ração, sem contar gastos de água, luz, combustível, medicamentos, entre outros”, afirma Jonas.
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