Sentinela Andressa Furlan Roman tem 27 anos, é filha de Orestes Roman e Roneide Furlan Roman. Ela e os dois irmãos diariamente estão na propriedade da família, que fica na SC-160 quilômetro seis, interior do município de Campo Erê. A propriedade está sob os cuidados da família há 60 anos. “Era inicialmente do meu avô, depois do meu pai e agora ajudo a cuidar”, conta Andressa.
Filha de pais veterinários, Andressa já montava sozinha aos 4 anos de idade. Os irmãos também cresceram em contato com os animais, mas Andressa ama e tem grande conexão com os cavalos. “Durante a infância criei muitas memórias ao lado dos cavalos, por isso era um sonho abrir as portas da fazenda para o público, principalmente para as crianças. Assim elas também poderão crescer ao lado dos animais”, ressalta ela.
Até os 10 anos de idade, Andressa estudou em Campo Erê, após isso foi a Francisco Beltrão-PR, onde concluiu o ensino médio e cursou odontologia. Ela explica que nunca quis se desligar da fazenda e dos animais, mas desejava ter seu próprio negócio e independência financeira.
Por três anos trabalhou exclusivamente com odontologia, mas ao mesmo tempo, Andressa sentia falta da fazenda. Então surgiu a oportunidade de realizar um estágio nos Estados Unidos da América (EUA), em um haras no estado do Texas.
A oportunidade de fazer estágio surgiu através das redes sociais, onde Andressa seguia Carlos Deleu e sua esposa Laurie. “Eles são pioneiros na modalidade de rédeas no Brasil. Como Laurie é americana, Carlos se mudou para os EUA. Eles são proprietários do Deleu Ranch, onde fiz meu estágio. Passei cinco meses em Collinsville, no Texas. Nesse tempo vivi o cavalo intensamente, acordava e dormia com os cavalos. Eu sabia o básico sobre os animais e no haras me aprofundei em doma, treinamento e manejo,”, explica Andressa.
Andressa fechou temporariamente o consultório de Campo Erê e vendeu o consultório odontológico de Francisco Beltrão. Quando retornou ao Brasil, trabalhou como dentista por apenas seis meses, então optou por tocar os negócios do pai e trabalhar com os cavalos.
Esporte de rédeas Andressa explica que a raça Quarto de Milha é o cavalo mais versátil do mundo. Servem para trabalho, laço, apartação, rédeas, tambor entre outros. “Nas rédeas trabalhamos círculos, giros e paradas, por exemplo. São provas lindas, com certo grau de dificuldade, pois exigem total controle sobre o animal”, diz ela.
Equitação Há três anos a psicóloga Jocimara Bernardi trabalha com equoterapia na fazenda Roman. Muitos alunos ganhavam alta na équo, mas queriam continuar em contato com os cavalos. Jocimara sugeriu, então, que Andressa abrisse uma escola de equitação.
A equoterapia, diferente da equitação, usa o cavalo como um instrumento de terapia. Segundo especialistas, a evolução mediante contato com o cavalo é muito grande e não precisa ser praticada apenas por pessoas que possuem necessidades especiais. Na equoterapia é possível tratar o medo e desenvolver autoconfiança.
A equitação trabalha a monta e manejo com o cavalo, pode ser o ponto de partida para algum esporte. Na atividade é trabalhado o equilíbrio, mobilidade, responsabilidade e autonomia. Dentro das atividades de manejo, as crianças escovam os animais, limpam os cascos, colocam as selas, alimentam, entre outros.
“Hoje eu atendo em torno de 14 crianças, nas terças, quartas, quintas feiras e esporadicamente nos fins de semana. São quatro aulas por mês no valor de R$ 220. Nossas parceiras são as éguas Afrodite e a Capitwo, ambas com 9 anos. Elas nasceram aqui na fazenda e são relativamente jovens”, enfatiza Andressa.
A equitação ocorre de diversas formas, às vezes Andressa monta junto com a criança, às vezes as crianças montam sozinhas e ela faz a guia. Em outras situações, as crianças montam sem guia.
Uma de suas alunas, Manuela Gauer Giachini tem 6 anos, frequenta a equitação há 3 meses. Manu, como é chamada, chegou com um pouco de medo de Afrodite, mas agora já tem uma grande conexão e domínio sobre a égua. “Manu é muito segura e monta melhor que alguns adultos, ela não tem medo”, afirma Andressa.
A conexão animal-criança é criada desde o manejo/cuidado. Os cavalos têm muita personalidade, sentem nosso medo e nossa felicidade, através do cheiro eles também sabem quem está montando. Quando estamos com medo, por exemplo, ficamos rígidos, ao relaxar o cavalo sente e relaxa também.
Os cavalos realmente são animais sensíveis, sabem quem tem maldade ou medo. Eles sentem desde os movimentos mais bruscos até os mais delicados. Eles ainda identificam quando é uma criança que está montando”, destaca Andressa.
Ao Sentinela, Manu contou que gosta de andar de cavalo porque é muito legal, ela afirmou não sentir medo dos animais e se sentir poderosa quando está montando.
Cuidados Na lida com os cavalos é preciso ter cuidado com mordidas, coices e evitar passar por detrás dos animais. “Não deixo as crianças passarem por trás do cavalo. Também fico atento a sinais de estresse. Ao colocar a barrigueira por exemplo, se eu apertar demais a postura de Afrodite muda, suas orelhas, olhos e nariz se voltam para mim, mostrando que está incomodada. Ao deixá-la mais confortável, evito acidentes”, explica Andressa.
Outras atividades A família Roman trabalha com diversas atividades envolvendo pecuária e produção de grão.” Além do mais, meu tio está com um o cultivo de oliveiras. Também temos ovelhas, trabalhamos com vendas de cavalos e reprodutores das raças bovinas Angus, Ultrablack e Charolês.”
Ela afirma que hoje é possível viver da equitação e lucrar. “Eu dedico metade dos meus dias à equitação entre o trabalho diretamente com o animal e as divulgações deste trabalho nas mídias sociais para atrair mais gente. É uma atividade que se paga, senão eu não estaria dedicando tanto tempo à isto”, destaca.
Hoje Andressa se sente realizada com o trabalho no campo. Ela está sempre em busca de novas oportunidades e conhecimento para aplicar na fazenda, tanto em melhoramento genético quanto nas mídias sociais.
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