19/05/2022 às 11h37min - Atualizada em 19/05/2022 às 11h37min

Cadê o hospital de Anchieta?

Em entrevista ao Sentinela Ivan Canci admite que em última instância o responsável pelo atraso da obra é o prefeito

Da redação
Sentinela
A população de Anchieta cobra constantemente a finalização das obras de reforma e ampliação do hospital de Anchieta. Na gestão do prefeito Ari Prestes de Oliveira (MDB) a Vigilância Sanitária do Estado de Santa Catarina já ameaçava fechar o hospital municipal, caso não fossem feitas melhorias e reformas. No dia 1º de outubro de 2014 o hospital foi fechado pela Vigilância Sanitária. Em 16 de janeiro de 2015 o espaço foi reaberto como UPA, Unidade de Pronto Atendimento.
Ainda na campanha de 2016 Ivan Canci (PT) prometia que se eleito fosse, reabriria o hospital, que esta era a máxima prioridade. Ivan foi eleito e em 2017 já percebeu que a empreitada seria mais difícil do que imaginava. Foram mais de dois anos para aprovar o projeto do novo hospital junto aos órgãos competentes.
A obra de ampliação e adequação da Fase 1 do hospital municipal anchietense UPA iniciou dia 22/12/2020, a fase 2 no dia 13 de agosto de 2020. Como estão interligadas, nenhuma está 100% concluída. Serviços como partos, pequenas cirurgias, internamentos com mais de 24 horas continuam sendo feitos nos hospitais das cidades vizinhas. Atualmente há um convênio com o hospital de Palma Sola onde a prefeitura de Anchieta repasse R$ 15 mil por mês.
Na tarde do dia 17 de maio o Sentinela procurou o secretário de Saúde de Anchieta, Martinho Scantanburlo, mas este informou que informações precisas sobre o andamento, custos e prazos da obra deveriam ser obtidas diretamente com o prefeito.
O prefeito Ivan recebeu o Sentinela no entardecer do dia 17, explicou as três principais causas de atraso na obra: dimensionamento da caixa d’água, falta do gradeamento do teto e falta de calhas. Admitiu que houveram erros no projeto, assim como erros e atrasos por parte da empresa contratada. Quando questionado sobre quem é o culpado sobre o atraso na obra, respondeu: “Em última instância sempre vai ser o prefeito, o município que é o executor”.
Segundo o prefeito mesmo após os aditivos e solicitações de reequilíbrio de valor, a empresa contratada não conseguiu honrar todas as etapas da obra. O contrato se finda dia 3 de junho e nas palavras do prefeito Ivan Canci não será renovado.
Acompanhe os principais trechos da entrevista com o prefeito Ivan Canci.
 
Cadê o hospital?
São duas etapas, a 1 e a 2. A 1 foi licitada em junho de 2020, se não me falha a memória eram 6 meses de prazo. A empresa não concluiu e fizemos aditivo de prazo. A licitação da etapa 2 foi em agosto. Para fazer ambas as etapas, a empresa ganhadora foi a LNZ Construtora, de Santo Antônio do Sudoeste.
No ano passado também ocorreu o reequilíbrio de preço, pois o ferro e metais no geral aumentaram demais. Aí paramos a obra e fizemos esse reequilíbrio.
A primeira etapa está praticamente pronta e estamos na segunda, que engloba a parte de lavanderia, cozinha e área para lixo. Essa parte é para concluir até dia 3 de junho, quando encerra o contrato com a empresa.
Vai faltar a parte do esgoto e nós vamos concluir, glosar o que não foi feito do pagamento e colocar na próxima licitação que iremos lançar, certamente em julho.
 
Qual o valor licitado até o momento?
Licitamos R$ 1 milhão e 14 mil, entre as duas etapas.
 
O que já foi pago e feito até o momento?
O valor pago até agora foi de exatos: R$ 709.647,23.
Da etapa 1 glosamos boa parte dela, pois víamos que a empresa não andava com a obra. Aí paramos e deixamos para a etapa final agora, ou seja, o que não foi feito não foi pago. Focamos na etapa 2 (cozinha e lavanderia) que é mais urgente. Deu problema ali, primeiro por conta do preço, foram dois reequilíbrios de preços, um de R$ 44.028 e outro de R$ 67 mil. Isso atrasou muito a obra, a empresa pede o reequilíbrio e a gente tem que analisar se é possível conceder. Perdemos uns três ou quatro meses.
Acontece que para os atrasos, que a empresa não cumpriu lá atrás, não tem como dar reequilíbrio. Quando ela pede reequilíbrio para fazer parte da obra que está dentro do prazo cabe o reequilíbrio. Se vencer o prazo acordado não é possível dar o reequilíbrio. A empresa pediu R$ 100 mil, mas demos R$ 48 mil, porque entendemos que o restante era sobre parte da obra que ela já deveria ter feito.
Também tiveram alguns erros de projeto. A empresa que fez o projeto arquitetônico foi uma e quem executou o projeto foi outra, então aconteceram alguns erros, como não colocar grade na laje.
 
Para ficar claro: foram erros de execução ou de projeto?
 Os dois. Tivemos erros da engenharia, não da empresa construtora. Nisso paramos a obra, aditivamos em torno de R$ 25 mil e colocamos os vigotas. Isso atrasou a obra por mais dois meses.
 
Quem é o culpado pelo atraso da obra no hospital?
Em última instância sempre vai ser o prefeito o culpado, vai ser sempre o município que é o executor. Mas eu estou tranquilo para discutir com quem quiser sobre este problema. Ocorreram atrasos, como ocorrem em obras privadas.
Ocorreram momentos de preços abusivos dos materiais de construção, o que acarretou em paralisações e reajustes de preço. Erros na estruturação do projeto, como a falta de grades e calhas. Aí tivemos que fazer uma nova licitação das calhas, que custou R$ 38 mil. Outro erro foi no dimensionamento da caixa d’água, que atrasou um mês e meio. Foram três erros grandes de engenharia.
Em alguns momentos tinham pessoas para trabalhar, mas faltavam materiais. A empresa já tem mais de 10 notificações. Uma delas ocorreu há 15 dias, por conta do telhado, não iremos pagar sem que esteja concluído.
 
Quando se elegeu pela primeira vez, o valor para realizar a obra do hospital girava na casa de R$ 1 milhão?
Na verdade, não temos estimativa. Hoje o valor total para execução passa de R$ 2 milhões.
 
O que foi possível fazer no primeiro mandato?
Fizemos três coisas. Ficamos dois anos, três meses e 14 dias, para conseguir aprovar na vigilância sanitária estadual o projeto arquitetônico do hospital.
Depois disso buscamos recursos, aí veio um financiamento da Caixa Econômica Federal e, fomos atrás dos projetos executivos. Foram mais 12 projetos: hidráulico, elétrico, de gás, luz, estrutural, entre outros.
Conseguimos financiar R$ 600 mil, licitamos em junho de 2020 e em agosto, junto com recursos do município e mais R$ 180 mil de emendas.
Em 2021 conseguimos R$ 1 milhão 252 mil em emendas. Queríamos ter licitado esse valor em janeiro, mas já fazem cinco meses e ele está parado na conta. Agora em junho iremos finalmente fazer a licitação para a conclusão do hospital. Com isso, a obra custará em torno de R$ 2 milhões de 200 mil. Mas lembrando, apenas R$ 1 milhão de 14 mil foi licitado.
 
Você consegue afirmar que o hospital estará concluído até o final do mandato?
Vou trabalhar todos os dias para que isso aconteça. Se na próxima licitação pegarmos uma empresa que honre o compromisso, um engenheiro que projete e orce corretamente, terminamos em seis ou sete meses.
Agora se uma empresa ruim pegar, a gente tem que ficar notificando direto, a coisa se arrasta. 


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