Silvana Ongarato é psicóloga há 13 anos, e nesses anos sempre trabalhou com crianças. Ela fala sobre a diferença entre o tratamento psicológico de crianças e adultos, e também o papel da família no tratamento da criança.
Além da abordagem, que os psicólogos utilizam para tratar pessoas de diferentes idades, a maior diferença entre o atendimento psicológico da criança e do adulto é o ambiente. “É diferente o modo como a criança vivencia o meio em que vive, é diferente o modo como ela vê a vida. O meio onde a criança vive a afeta muito mais do que afeta o adulto. O adulto, por ter inúmeras responsabilidades depende muito de si mesmo para evoluir no tratamento psicológico”, explica a psicóloga Silvana.
Diferente do adulto, a criança precisa de uma base, um apoio para garantir seu desenvolvimento e evolução. Essa base geralmente é a família, pais ou outros responsáveis.
O que leva os pais a buscarem acompanhamento psicológico para os filhos?
Existem várias motivações que levam os pais ou responsáveis a buscarem acompanhamento psicológico para os filhos: depressão, timidez, ansiedade, dificuldade de aprendizado, problemas comportamentais, baixa autoestima, entre outros.
“Nesses anos de atendimento, venho notando que a maior das motivações é a ansiedade. O relato de que a criança está ansiosa. Mas geralmente ela não é ansiosa, ela está em um ambiente muito agitado e confuso. Isso deixa a criança muitas vezes perdida, sem saber o que fazer e como fazer. Logicamente essa criança vai fazer tudo com pressa e vai querer tudo pra agora, pois ela irá refletir o ambiente em que está vivendo, ou seja, os adultos que querem tudo pra agora”, explica a psicóloga.
A família tem papel fundamental no desenvolvimento da criança. “Nada adianta levar a criança para o acompanhamento psicológico se a família não olhar para o que acontece dentro de casa e não se propor a uma mudança. Por isso, antes de iniciar o acompanhamento da criança é realizada a anamnese, para conhecer mais sobre a família. Quem mora com a criança, qual a sua rotina, o quão desejada foi essa criança, como foi a gestação. Esses fatores influenciam e podem dar uma base para entender o que a criança e a família estão passando”, ressalta a psicóloga.
Silvana reforça ainda, que a criança é reflexo do ambiente em que vive. Por isso, o ambiente é fundamental no desenvolvimento biopsicossocial. “Às vezes a saúde mental não está boa e isso é um reflexo do meu convívio social que não está bem. Uma coisa leva a outra e muitas vezes nós não nos damos conta disso”, relata.
Após a anamnese e algumas sessões de terapia é dado um retorno para a família, às vezes até para sugerir uns ajustes. “A família está em uma rotina tão corrida que não percebe algumas coisas que estão acontecendo, então ajustamos essas questões para que o tratamento tenha melhor resultado e se atinja o objetivo com a criança”, afirma a psicóloga.
É interessante que os pais também façam terapia?
De acordo com Silvana, sim, é importante que os pais e adultos em geral procurem a psicoterapia. “Os adultos têm anos de vivências e traumas, sentimentos e emoções mal elaboradas e precisam organizar isso tudo. Se esses adultos têm filhos ou desejam ter filhos é interessante procurar a psicoterapia para dar uma direção a esta criança. Pois se esses pais ou futuros pais estão confusos o mais provável é que eles criem uma criança confusa e perdida”, destaca a psicóloga.
Ela ainda destaca que os pais precisam estar psicologicamente bem e saber dizer não para seus filhos. “Observo que muitos pais não sabem dizer não, dizem sim para tudo e a qualquer momento. Assim, quando a criança ouvir um não, ou for contrariada, aquilo vai frustrar muito ela e causar uma revolta. Pai e mãe têm que aprender a dizer não para o seu filho e a direcioná-lo. Assim como ensinamos a criança a ler e escrever, temos que ensinar as crianças a lidarem com seus sentimentos, entenderem suas emoções. As crianças têm que saber qual a atitude certa e porquê, ou o contrário, qual a atitude errada e porquê. Os comportamentos também são ensinados. Por isso é importante o adulto estar bem, para poder direcionar a criança”, explica.
Quando procurar ajuda psicológica para os filhos?
Silvana orienta que os pais busquem orientação psicológica quando acharem necessário, quando a criança estabilizar no desenvolvimento ou apresentarem distúrbios de sono por mais de uma semana, por exemplo.
“Quando a criança apresenta medos que antes ela não tinha. Mudanças na alimentação, ou seja, consumo de alimentos que antes a criança não comia, ou mudanças na quantidade de comida ingerida. O primeiro passo dos pais é levar a criança ao médico pediatra, para ver se tem alguma questão biológica. Ao descartar a questão biológica geralmente o médico indica acompanhamento psicológico, alguns pais vão e outros não”, finaliza Silvana.
Silvana Ongarato é psicóloga há 13 anos. Atende no Centro Médico Vida, no município de Palma Sola. Para mais informações entre em contato pelos números (49) 9 9135-1824 e (49) 9 9148-4060, ou vá até o Centro Médico Vida, Avenida Crestani, 1330, centro de Palma Sola.
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