Desde 2014, o mês de agosto ganhou cor laranja, em prol da conscientização da doença autoimune que acomete jovens adultos em todo o mundo: a Esclerose Múltipla (EM). O Agosto Laranja foi criado pela AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose com o objetivo de desmistificar essa condição crônica, fomentar o diagnóstico precoce, mais qualidade de vida, acolhimento, respeito e dignidade para quem convive com a patologia, seus amigos e familiares.
O que é Esclerose Múltipla?
Esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica, autoimune, inflamatória, que afeta o sistema nervoso central. Isso significa que o sistema imunológico, responsável por combater agentes externos como vírus e bactérias, ataca a bainha de mielina dos neurônios. Essa bainha de mielina funciona como a capa de um fio elétrico, é um condutor, mas também age na manutenção do neurônio e que, quando perdida, gera danos na função do neurônio.
A EM causa um processo inflamatório, que atinge diversas partes do cérebro e do sistema nervoso central, ocasionando sintomas diversos, dependendo da área acometida. É uma doença que, quando não tratada, tem como características principais a disseminação, ou seja, a pessoa apresenta sintomas de piora em diferentes momentos da vida. Dentre seus principais sintomas estão: fadiga, problemas de visão, problemas motores como a perda de força ou função e perda de equilíbrio, alterações sensoriais a exemplo de formigamentos e sensação de queimação.
A condição atinge geralmente pessoas jovens entre 20 e 40 anos de idade, sendo mais predominante em mulheres. Hoje no mundo são mais de 2,5 milhões de pessoas com EM. Não se sabe o que causa essa doença que ainda não tem cura, mas ela pode ser tratada.
Tipos de EM
A EM tem duas formas clínicas iniciais de apresentação. A forma clínica remitente-recorrente (EMRR) é a forma mais frequente, correspondendo a cerca de 85% dos casos. Nessa forma, a pessoa apresenta um surto, ou seja, um sintoma neurológico novo, que pode se manifestar por algum período de tempo, apresentando melhora completa ou parcial, seguido por um período de remissão em que a paciente não apresenta novos sintomas.
Na forma primariamente progressiva (EMPP) ocorre acúmulo de incapacidade lenta e contínua desde o início dos sintomas. Essa forma acomete até 15 % dos pacientes. Atualmente a forma progressiva pode ser classificada como progressiva com sinais de atividade inflamatória, ou inativa, sem sinais de atividade inflamatória. Muitas pessoas, que iniciam o quadro como forma remitente-recorrente podem apresentar, após cerca de 15 anos de surtos e remissões, uma evolução, com sinais persistentes e progressivos de disfunção do sistema nervoso central, indicando o início da forma secundariamente progressiva (EMSP).
Causas
A causa da doença ainda não é totalmente conhecida, porém, sabe-se que múltiplos fatores ambientais e genéticos estão associados à fisiopatologia da doença, ou seja, o risco de desenvolver EM. Dentre os fatores associados ao desenvolvimento da doença estão a infecção por alguns agentes virais e bacterianos, como o herpesvírus tipo 6, vírus Epstein-Barr, retrovírus endógeno humano.
A imaturidade do sistema imunológico devido à menor exposição a agentes bacterianos e parasitas durante a infância também é um fator fortemente associado ao aparecimento de doenças autoimunes, incluindo a Esclerose Múltipla. Os baixos níveis sanguíneos de vitamina D, devido à menor exposição solar, obesidade e o tabagismo também são fatores relacionados ao desenvolvimento da doença.
Dentre fatores genéticos, os genes em que foram encontrados alguma relação associada ao surgimento da doença são os ligados ao funcionamento e ativação do sistema imune inato e adaptativo. Existem mais de 100 genes que conferem aumento de risco para EM.
Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se na análise em conjunto dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente, somado a análise criteriosa de exames laboratoriais e de imagem que auxiliarão o neurologista a afastar qualquer outra doença que possa justificar o quadro clínico em curso, para somente assim poder concluir o diagnóstico. A EM é uma doença cujo diagnóstico é feito por exclusão. Assim, consegue-se uma melhor probabilidade de um diagnóstico correto.
Tratamento
Existem diferentes tratamentos com o uso de medicamentos para a Esclerose Múltipla. No Brasil os tratamentos para tratar a doença incluem:
- Pulsoterapia com metilprednisolona: altas doses de corticoide, normalmente injetáveis, administradas nos momentos de exacerbação dos sintomas;
- Imunoglobulina venosa ou plasmaférese: tratamentos menos disponíveis e utilizados quando há surtos muito graves;
- Ciclofosfamida venosa: em alguns casos em que há má resposta aos corticóides, esta opção de tratamento pode ser instituída;
- Imunomoduladores injetáveis: medicamentos de uso subcutâneo que objetivam equilibrar o sistema imunológico para evitar novas crises bem como a piora progressiva – oferecidos no Sistema Único de Saúde (SUS) para as pessoas recém-diagnosticados;
- Imunomoduladores orais: alteram o funcionamento do sistema imune, deixando-o menos ativo e reduzindo o risco de piora da doença. Disponíveis no SUS em primeira e segunda linha de tratamento;
- Anticorpos monoclonais de uso contínuo: tratamentos que podem ser via injetável, subcutânea ou venosa, aprovados mais recentemente no Brasil para EM;
- Tratamentos não contínuos de reconstituição imune: tratamentos que não necessitam ser utilizados de maneira contínua.
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