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13/11/2023 às 08h21min - Atualizada em 13/11/2023 às 08h21min

Falta de mão de obra prejudica setor têxtil

“A gente vê que as pessoas estão aqui de corpo, mas a mente está muito longe, isso prejudica o trabalho e tem dificultado a permanência na empresa”, afirmação é de Alan Camargo gerente de produção da Pampa Sul

Flor da Serra do Sul
Da redação
ASO/Sofia Bertolin
O setor da costura é um dos que mais produz empregos no Brasil. Em 2022 eram mais de 1,3 milhão de empregos diretos, e 8 milhões indiretos, que produziram mais de 5 bilhões de peças. No entanto, a produção poderia ser ainda maior se não faltassem profissionais. “Hoje nossa intenção aqui é dobrar a quantidade de funcionários. Queremos ter em Flor da Serra do Sul, de 60 a 90 pessoas trabalhando na produção”, a afirmação é de Alan Camargo gerente de produção da Pampa Sul.
A Pampa Sul desenvolve produtos voltados à moda agro. Hoje produz camisas, calças e jaquetas, saias, vestidos, mas o produto que tornou a marca conhecida foram as bombachas, que são referência em qualidade. A empresa existe há 18 anos no município de Francisco Beltrão, há dois anos em Flor da Serra do Sul e atualmente exporta para o Paraguai, Chile, Argentina e Uruguai.
Logo que abriu filial em Flor da Serra do Sul, onde é feita a costura das bombachas, eram seis funcionários, o número passou para 20 e hoje está em 36. “Nós temos uma equipe boa e assim conseguimos uma evolução na produção de peças. No começo fazíamos em média 20/30 peças por dia. Quando chegamos nas 100 peças todos estavam faceiros, porque a evolução foi acontecendo. Hoje produzimos em média 280, já chegamos a 300 peças dia”, relata é Andreia Barcela, gerente da unidade.
Atualmente a unidade de Flor da Serra produz mais que a unidade de Francisco Beltrão, conforme Alan a perspectiva é que ela se torne, num futuro não tão distante, o QG da Pampa Sul. “Beltrão oferece uma dificuldade na questão da captação de mão de obra. Lá concorremos com a Sadia e com os grandes supermercados. Ainda vão abrir duas novas empresas, uma delas é a Havan. Só nessas duas aberturas devemos ter em torno de 500 vagas de emprego, então vai dificultar mais ainda a captação de funcionários”, explica.
A dificuldade na captação de funcionários não ocorre apenas em Beltrão, mas também em Flor da Serra do Sul. Andreia faz a triagem dos funcionários, ela informa que antes da fase de experiência de 90 dias, é feita uma avaliação de três dias. Através dela, Andreia avalia se a pessoa tem habilidades para lidar com as peças de roupa e a máquina de costura. Ao demonstrar essas habilidades, a pessoa segue para a fase de experiência, onde é avaliado o comprometimento e a responsabilidade e o bem estar emocional no funcionário.
“Hoje liderar pessoas não é igual gerenciar coisas. A parte humana hoje está um pouco mais difícil de você trabalhar. No decorrer da experiência nós olhamos as habilidades, comprometimento, assiduidade, se a pessoa veste a camisa da empresa, se ela está realmente vindo para trabalhar, mas infelizmente a gente vê que as pessoas estão aqui de corpo, mas a mente está muito longe, isso tem dificultado a permanência na empresa. Há uma falta de comprometimento e as demissões têm aumentado”, informa o gerente.
 
Em busca de um trabalho mais dinâmico
Alan cita que as pessoas estão em busca de trabalhos mais dinâmicos, onde há interação com outras pessoas. “Com várias opções, o pessoal não quer mais esse negócio de ficar sentado na frente de uma máquina, fechado oito horas por dia. Eu creio que a dificuldade de mão de obra no ramo é nacional. Santa Catarina, que é um polo têxtil gigantesco, tem sofrido muito. A mão de obra especializada é escassa, mesmo você dando cursos as pessoas não se interessam em aprender costura. O salário médio de Beltrão e de Flor da Serra do Sul gira entre R$ 1.600 a R$ 2.200, essa é a média salarial que as empresas oferecem, então a pessoa prefere trabalhar em um supermercado de domingo a domingo, do que trabalhar dentro de uma confecção fechada”, enfatiza Alan.
A solução que Alan vê há longo prazo, é a automação. “As máquinas vão tirar esses empregos, esse é o futuro”, enfatiza.
Alan e Andreia frisam que mesmo com a dificuldade para fazer novas contratações a Pampa Sul conta com uma equipe muito boa. Conforme eles, 90% dos funcionários são comprometidos, desenvolvendo tudo aquilo que é proposto. “Temos costureiras ótimas aqui, que estão sempre em busca de aprender mais”, relata Andreia.
Para incentivar os funcionários a permanecerem na empresa e visando ampliar a captação de funcionários, a Palma Sul almeja para os próximos anos, ofertar plano de saúde e plano de carreira aos funcionários, que hoje deixam o setor têxtil para trabalhar com comércio e varejo.
“A Pampa Sul cresceu muito nesse último ano, com certeza está atingindo os objetivos dela e a nossa meta é aumentar 10 vezes mais. Para 2024 a gente tem planos de incentivo, plano de carreira, frente de produção. A empresa quer dar plano de saúde, está pensando e focando no bem-estar do funcionário para que em troca, ele entregue o resultado esperado. Sabemos que estes são alguns dos benefícios que as empresas oferecem que facilitam a captação de funcionários”.
 
Como está o setor têxtil
Alan, que trabalha há anos no setor, informa que ele não regrediu nem expandiu. “Ele estagnou, está esperando alguma mudança no âmbito político. Creio que o pessoal do agro, que sustenta o país, sofre com o novo governo. Se o agro não expandir, todo o varejo vai regredir. Se o varejo regredir quer dizer que as empresas que estão por trás disso, que fornecem os produtos, também vão diminuir. Se em 2024 não houver uma ação ou um incentivo pro agro eu creio que muitas empresas vão fechar, porque todo mundo está segurando como pode”, esclarece.
Outro fator que mexe com o setor têxtil, além da falta de mão de obra, é a questão da matéria prima, que altera o valor do produto final e quem paga o preço é o consumidor. Enquanto nosso salário aumenta de ano em ano, as matérias primas aumentam mês a mês, de acordo com o valor do dólar. No caso do algodão, matéria prima da Pampa Sul, quando há algum problema com a produção o preço também aumenta. “De R$ 19 o metro, estamos pagando R$ 23”, diz Alan.
Ele ainda espera que para o próximo ano, haja ações de incentivo aos empresários. Segundo Alan, hoje o setor têxtil não recebe incentivos para compra de maquinário, automação ou para dar melhores condições de trabalho aos funcionários. “Faça chuva ou faça sol, o empresário tem que pagar o imposto em dia, o empreendedor está por sua conta e risco, infelizmente”, declara Alan.


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