02/04/2024 às 10h00min - Atualizada em 02/04/2024 às 10h00min

Os perigos da diabetes

O palmassolense Boni foi encaminhado ao hospital Regional de São Miguel do Oeste com suposta paralisia dos rins e lá constataram que era um acidente vascular no tornozelo esquerdo

Redação
Boni teve um acidente vascular na perna esquerda e precisou amputar a perna acima do joelho, para futuramente quando colocar uma prótese e ela se adaptar melhor ao corpo. (Foto: Ruthe Kezia)
O ano de 2024 ficará marcado na vida do palmassolense Boni. De maneira repentina, ele que tem 69 anos de idade, por conta da diabete precisou amputar sua perna esquerda e adaptar toda a sua vida, tendo que reaprender a andar novamente.
O vínculo de Boni e sua família com o município de Palma Sola, começou em 1980 quando foram morar na linha escondida, interior do município, onde hoje é a linha São Vicente. 10 anos depois, em 1990 se mudou para o centro da cidade.
No tempo em que moravam no interior, trabalhavam na lavoura e ao se mudar para a cidade Boni trabalhou por cerca de três anos com transporte escolar. Depois vendeu o ônibus e comprou um caminhão para puxar lenha, ele puxou lenha por mais quatro anos. Em 1997, Boni abriu uma borracharia, onde trabalhou por muitos anos.
O casal, que completará 47 anos de matrimônio, atualmente tem uma funerária. Eles decidiram começar a empreender nesse ramo no fim de 1995, mas durante 12 anos, além da funerária, Boni trabalhava como zelador do cemitério municipal e também da paróquia da igreja Católica. Hoje o casal já está aposentado e vive apenas com os ganhos da funerária.
 
Amputar a perna
Há um ano e meio, Boni machucou um dedo do pé e também devido a doença, precisou amputar, desde então as vezes ele sentia um desconforto no pé: “A cicatriz da amputação já havia sarado, ficando apenas uma ferida no meu tornozelo que não sarava”, segundo ele era uma dor suportável, tanto que sempre conseguiu fazer suas atividades normalmente.
Na sexta-feira, dia 1º de março, Boni estava no bar jogando baralho e em torno das 22h, já em casa, foi dormir. Durante a madrugada do dia 2, ele relata que acordou de madrugada e não conseguia mais dormir.
Por volta das 2h começou a sentir muito frio no corpo, mediu sua pressão, que estava 6,5 por 3. Na madrugada de sábado, Boni foi para o hospital e lá os médicos lhe avaliaram e deduziram que seu rim havia parado e o encaminharam urgentemente para o hospital Regional de São Miguel do Oeste. “O meu pé começou a ficar preto e eu sentia muita dor”, relata Boni.
No sábado de manhã ele fez hemodiálise e na segunda-feira, dia 4, ao fazer mais exames, descobriram que o problema não era no rim, e sim, um acidente vascular [quando tranca uma veia e o sangue para de circular] na perna esquerda: “Os médicos me disseram que dei sorte por ter dado do tornozelo para baixo. Se dá pra cima pode dar no coração ou no pulmão e ambos são fatais, se não morrer a pessoa pode ficar com sequelas muito mais graves”, relata Boni que os médicos explicaram que a solução seria amputar a perna.
Boni teve que amputar a perna acima do joelho. Segundo as informações médicas, acima do joelho é o melhor lugar para amputar, pois futuramente quando colocar uma prótese ela se adapta melhor ao corpo. Depois de 13 dias em São Miguel, Boni foi encaminhado para o hospital de Palma Sola, na sexta-feira, dia 15, para os médicos fazerem uma avaliação e no domingo, dia 17, recebeu alta.
Boni afirma ter sua pressão e diabete controladas, mas mesmo assim não deu para salvar sua perna. De acordo com os médicos a principal causa foi a diabete, mas também a má circulação do sangue na perna ajudou a desencadear o problema.
A adaptação de Boni nessa nova fase, está tranquila. Ele conta que nos primeiros dias não tinha força devido aos remédios fortes, e precisava da ajuda da esposa constantemente. Hoje ele consegue fazer suas atividades sozinho, como dirigir e fazer seus curativos. Precisa da ajuda de sua esposa apenas para ir ao banheiro.
Ele relata que às vezes sente dor no tornozelo e no pé amputados: “Quando eu vou para mexer no pé, lembro que não tenho mais”, Boni brinca e conta que comentou com sua médica sobre, e segundo ela o cérebro passa a entender, depois de um ano, que a perna não existe mais.
 
Adaptação da casa
Devido às novas circunstâncias, o casal teve que adaptar suas rotinas e a casa. Antes o acesso à casa deles era por dentro e pela lateral da funerária, ambos com escada. Agora Boni fez uma rua na parte de trás do seu terreno para conseguir subir de carro até sua casa. Colocaram também rampas dentro e fora da casa.
 
Prótese
Para Boni poder colocar uma prótese ele terá que esperar cicatrizar por completo o corte da sua perna. Segundo ele, por fora já está cicatrizado, agora só precisa esperar receber o aval do médico, de que por dentro está completamente cicatrizado: “O doutor me disse que daqui seis meses já consigo colocar”, ele relata que tem conversado com outras pessoas que passaram por situações semelhantes à dele e tem buscado informações sobre a adaptação com a prótese.
Boni declara estar bem e que está dormindo bem melhor. Para acelerar sua recuperação ele tem feito toda segunda-feira fisioterapia para fortalecer os músculos da sua perna e melhor se adaptar nessa nova fase da vida.
Além da fisioterapia, conta com a ajuda divina. Ele sempre foi um homem muito religioso: “No momento ainda não consigo ir à missa, mas daqui uns dias já vou voltar a frequentar”, ele conta que antes de vir morar na cidade, ele e sua esposa foram 12 anos ministros da igreja Católica.
 
Diabete
Os diabéticos fazem parte de um grupo mais vulnerável à amputação de dedos, pés ou pernas. A diabetes é uma enfermidade metabólica crônica, caracterizada por diversas complicações, o que inclui o pé diabético, cujos danos podem ser devastadores.
O pé diabético ocorre quando uma área infeccionada ou machucada nos pés acaba desenvolvendo uma ferida [úlcera]. As causas desse problema podem estar associadas à má circulação sanguínea ou níveis de glicemia descontrolados.
No caso de Boni, um machucado no dedo do pé gerou a má circulação da perna. Pelo fato dele ter diabete, demorou para curar esse ferimento, o que levou ele a amputar sua perna.
Para as pessoas diabéticas, boni deixa seu conselho: “Não deixe as feridas ocasionadas pela diabete, avançar. Faça sempre a prevenção”.


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