Enquanto tiver saúde, Idanir pretende continuar se envolvendo nas celebrações da comunidade palmassolense. (Foto: Divulgação) Aos 68 anos, Idanir Lourenço Carniel é uma figura conhecida em Palma Sola, onde reside há mais de cinco décadas. Desde os 20 anos, ele realiza trabalhos voluntários, seguindo os passos do pai, Prenoipe Carniel, que sempre foi ativo nas festividades. Sua jornada começou nas celebrações da São Cristóvão, onde aprendeu o valor da participação e do envolvimento com a comunidade. Ao longo dos anos, sua dedicação se estendeu por diversas entidades do município, desde a igreja até a Apae Pequeno Guinter, passando pela Palma Sola Piscina Clube, Corpo de Bombeiros deixando um legado de comprometimento e dedicação.
Idanir chegou em Palma Sola em 1967, com 13 anos, acompanhado pelo pai, Prenoipe, a mãe, Egilda, e seus oito irmãos. “Morávamos perto do São Cristóvão. Ajudamos a formar a comunidade e lembro que logo o pai se envolveu com a igreja, já nas primeiras festas da paróquia carneávamos e assávamos porco e galinha recheada lá em casa. O pai sempre se envolveu nas festividades e foi ativo nas comunidades, então desde os meus 20 anos eu ajudava”, relata Idanir, que tinha como motivação para se envolver nas festividades e celebrações, as boas conversas com amigos e conhecidos.
Aos poucos, Idanir passou a ser chamado para participar e ajudar em diversas promoções realizadas em Palma Sola. Ele recorda das passagens pela Associação dos Pais e Amigos (APP), Departamento Municipal de Justiça Desportiva (DMJD), Comissão Municipal de Esportes (CME), Associação Voluntária do Corpo de Bombeiros, a diretoria da Igreja Católica, Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Associação Konder Futebol, Palma Sola Piscina Clube, Associação Clube Fronteira entre outros.
Hoje Idanir, junto com a esposa Verônica e as filhas Rubia Cristina e Deise Regina, trabalha com seu restaurante. E nas horas vagas continua ajudando nos eventos e promoções realizados em Palma Sola.
Idanir, o que você faz nestes eventos e celebrações? Ajudo nas churrasqueiras e cuido da copa, a parte de bebidas. Antigamente era mais tranquilo a questão da comercialização de bebidas alcoólicas nos eventos, especialmente nos eventos promovidos pelas escolas. Hoje não pode. Em algumas das festas da igreja também é proibido.
Além de você, quem trabalha nesses eventos? Geralmente é sempre a mesma equipe que está ajudando. Você sabe que terá a colaboração de todos.
O número de pessoas dispostas a trabalhar vem diminuindo? Sim, o número de pessoas que se dispõe a ajudar, trabalhar e organizar vem diminuindo. Eu acho que o pessoal anda muito ocupado, todos têm seus afazeres e isso dificulta na hora de montar a equipe que vai trabalhar, ainda mais por esse ser um trabalho voluntário, que não traz remuneração e lucro para quem está trabalhando.
Na igreja, por exemplo, nós sempre tentamos inovar e renovar o grupo de churrasqueiros, tentamos colocar pessoas novas para que elas vão aprendendo. Eu me lembro de ser um piazão e estar no meio do pessoal, aprendendo e ajudando. Mas hoje acho difícil conseguir trazer pessoas novas para trabalhar.
O que explica a falta de novos voluntários? Pode ser por gosto. Num café da Apae, por exemplo, se você precisar de 100 pessoas para trabalhar você acha, com o CTG é diferente, muita gente não gosta das danças folclóricas, então não vai ajudar, quem ajuda no CTG é quem está envolvido com a cultura gaúcha. Na igreja é a mesma coisa.
Além disso, ocorrem muitas mudanças ao longo do tempo, isso acarreta na diminuição da participação. Às vezes o modo como as entidades são conduzidas afasta as pessoas. A gente também nota que os eventos de festividades estão diminuindo. Várias entidades estão cortando essas festas.
Temos que tentar puxar mais o povo, envolver mais pessoas e famílias, talvez buscar parcerias com o Poder Público para manter entidades, pois com meia dúzia de pessoas uma entidade não fica em pé e sem as entidades não temos eventos, que muitas vezes são o que movimentam a cidade e fazem com a comunidade se reúna. Caso contrário, cada um fica na sua casa, resguardado.
Então como fazer para manter os grupos existentes? O grupo que nós temos, de churrasqueiros por exemplo, é pela amizade. A gente nunca se discute, quando ocorre um problema resolvemos e não saímos fazendo fofoca. Após o evento nos reunimos e colocamos o que ocorreu de falha e tentamos melhorar.
Fazemos confraternizações, conversamos e o grupo não se desfaz. Pela amizade você puxa o pessoal. Evitamos brigas e picuinhas, muitas vezes é isso que faz a gente trazer mais pessoas para trabalhar. Quando as pessoas vêm pedir para trabalhar e ajudar, sabemos que é mérito do grupo que é bom de trabalhar.
A partir do voluntariado, chegou a cogitar disputar algum cargo político partidário? Não. Nunca me envolvi com questões políticas, não é algo que me atrai. Sou bem neutro e se tiver que fazer algo por alguém será pelo caráter da pessoa. Tanto que não ajudo as entidades por interesse próprio, nunca foi por isso, é por que gosto mesmo. São esses amigos e conhecidos que mantêm os grupos unidos e que nos motivam a ficar.
O senhor já se desmotivou e pensou em parar de ajudar? Já. Quem não faz não é criticado, isso acaba desanimando um pouco. Muitas vezes o grupo passa semanas organizando um evento e por conta de um erro todo o trabalho, suor e dedicação de alguém é apagado. Quem trabalha sabe que imprevistos e erros podem ocorrer, mas isso não pode inviabilizar todo o bom trabalho realizado.
Tanto suas filhas como a sua esposa incentivam o senhor a participar e ser ativo na comunidade? Sim. Sempre tive o apoio delas para ir e participar desses eventos, uma época eu estava pensando em parar e elas não deixaram. Se parar é pior, a gente fica enclausurado dentro de casa e aí encaranga de vez.
Até quando pretende continuar trabalhando? Até que tiver saúde quero continuar, não vou deixar de trabalhar, eu gosto, gosto mesmo. Quem trabalha sabe que sempre precisa de um a mais, toda ajuda é bem vinda e eu vou continuar ajudando.
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