10/08/2024 às 09h15min - Atualizada em 10/08/2024 às 09h15min

A evolução de São José do Cedro

Um relato sobre a vida e as observações de Zemiro Ascol, que acompanhou a evolução de São José do Cedro e reflete sobre mudanças pessoais e comunitárias ao longo das décadas

Jéssica Rebelatto
São José do Cedro
Zemiro um dos moradores mais antigos de São José do Cedro, com sua primeira câmera comprada no ano de 1971. ASO/Ruthe Kezia
Zemiro Ascol, um dos moradores mais antigos de São José do Cedro, reflete sobre as mudanças significativas na cidade desde sua chegada em 1955. Natural de Dois Lajeados, Rio Grande do Sul, Zemiro se estabeleceu na região com seus pais no dia 9 de setembro daquele ano. Com quase 77 anos, ele tem sido um observador atento e participante ativo da transformação da cidade.
Ao chegar jovem, Zemiro lembra dos tempos em que a infraestrutura e os meios de transporte eram rudimentares. "Os ônibus levavam até quatro horas para percorrer 12 quilômetros até a cidade," conta. Ele testemunhou a melhoria das estradas e a evolução da agricultura, que na sua infância era menos dependente de produtos químicos, mas também menos produtiva devido à falta de tecnologia.
A mudança no perfil da população é notável. "A cidade tinha quase 24 mil habitantes, hoje são 14 mil," observa Zemiro. Ele atribui essa diminuição ao êxodo rural e ao aumento dos custos agrícolas, que tornaram a vida no campo menos viável.
Zemiro também discute as transformações na educação e na política local. Ele foi vereador por dois anos nos anos 90 e lamenta que, apesar dos avanços, como a criação de escolas em cada comunidade, a centralização do ensino trouxe desafios para a integração comunitária.
Ele destaca a emancipação de São José do Cedro de Chapecó e Mondaí em 27 de julho de 1958, que permitiu um maior desenvolvimento local e acesso a serviços. "Embora tenha tido oportunidades de me mudar, optei por permanecer na cidade, valorizando a tranquilidade e o senso de comunidade. Assim, me considero cedrense de coração”, diz Zemiro.
Recentemente, ao participar dos Jogos da Terceira Idade em Criciúma, sentiu orgulho de representar a cidade e destacou a importância de manter a identidade e o espírito comunitário.
Zemiro também reflete sobre sua experiência como doador de sangue e político, ressaltando a importância da ajuda genuína e da integridade na política. "A política deve superar tudo, incluindo a religião e a amizade," afirma, enfatizando que o verdadeiro apoio vem de quem se importa de verdade com as pessoas, independentemente de suas afiliações partidárias.
Sua trajetória ilustra a evolução de São José do Cedro ao longo das décadas, revelando uma cidade que, embora tenha crescido e se transformado, mantém um forte senso de comunidade e identidade. Zemiro compartilha sua jornada de vida, desde os desafios iniciais na fotografia até reflexões profundas sobre a importância da família e dos valores morais.
Aos 25 anos, casou-se e construiu sua família no centro da cidade. Embora seus filhos estejam espalhados por Descanso, Florianópolis e Verona na Itália, a família continua sendo o alicerce de sua vida. Ele revela que seu interesse pela fotografia começou de maneira inesperada. Em 29 de junho de 1969, comprou sua primeira câmera, e, apesar de um início desinteressado, acabou se apaixonando pela profissão. Sua carreira de 55 anos na fotografia incluiu a compra de uma câmera em 1971 e a longa viagem a Chapecó para adquiri-la. Ele estabeleceu um estúdio em 1977, mas sua trajetória também envolveu trabalho em fábricas e desafios financeiros.
Além das memórias da fotografia, Zemiro reflete sobre as mudanças sociais e o impacto da modernidade nos valores familiares. Ele considera a perda dos valores morais e a influência da mídia na formação da opinião pública como questões cruciais. Para ele, a família é a base da sociedade e a primeira a ser ameaçada pelos problemas sociais.
Zemiro destaca o contraste entre os tempos antigos e modernos, como a evolução do vestuário e as mudanças nas atitudes sociais. Ele lembra da época em que as roupas eram feitas em casa e da dificuldade em encontrar roupas prontas. Seu relato inclui observações sobre como a moda evoluiu e o impacto da televisão na aceleração das tendências.
Por fim, ele compartilha conselhos valiosos sobre convivência e respeito mútuo, ressaltando que pequenas atitudes podem evitar grandes conflitos. Sua experiência é uma lição de resiliência e sabedoria, refletindo a importância de manter valores sólidos em um mundo em constante mudança.
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