03/09/2024 às 17h00min - Atualizada em 03/09/2024 às 17h00min

Somos o que comemos

Em homenagem ao Dia do Nutricionista, o jornal Sentinela conversou com a campoerense Marina Bernardi a respeito de como a alimentação influencia a nossa vida

Ruthe Kezia
Campo Erê
Como nutricionista da educação, Marina busca evoluir a qualidade da alimentação ofertada nas escolas, retirando alimentos ultraprocessados e doces do cardápio escolar.
No último dia do mês de agosto, dia 31, é comemorado o Dia do Nutricionista e para saber um pouco mais sobre a profissão e como a alimentação influencia a nossa vida, o jornal Sentinela conversou com a nutricionista e campoerense Marina Bernardi Utzig Kerkhoven.
Natural de Campo Erê e formada há 12 anos, hoje Marina atua como nutricionista na Secretaria de Educação de Campo Erê, mas quando saiu da universidade começou a realizar atendimentos em Santa Izabel do Oeste-PR. Ela conta que na época em que concluiu o ensino médio queria fazer odontologia e que a área de nutrição era um desejo de sua mãe: “Devido a realidade financeira, não foi possível fazer odontologia e iniciei nutrição e me apaixonei pelo curso”, relata Marina.
A área da saúde sempre lhe chamou a atenção, mas o fato de poder trabalhar a prevenção de doenças antes mesmo dela se instalar, foi o que conquistou o coração de Marina e lhe fez se apaixonar pela nutrição.
A alimentação pode interferir positiva ou negativamente no organismo. Marina afirma que somos o que comemos e que os nutrientes adequados são capazes de melhorar a memória, o QI das crianças, as depressões, ansiedades e doenças degenerativas. Já a má alimentação, além de prejudicar o funcionamento cerebral, favorece o surgimento de inúmeras doenças.
Marina trabalha com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas, aumentar a longevidade e formar bons hábitos desde a infância. Mas para ela a maior dificuldade da atualidade, é se defrontar com as falsas informações encontradas nas redes sociais: “Quando você abre uma rede social, você enxerga o ‘chá milagroso’, ‘emagreça tantos quilos com a dieta de proteína’ ou ‘fruta é ruim’, são informações que trazem inúmeros problemas”. Ela acrescenta que não existe um alimento milagroso e nem um vilão, e que a reeducação alimentar vai muito além de fazer uma dieta, ela precisa ser orientada por um profissional.
Outro desafio, se trata do aumento da obesidade no mundo. Essa é uma preocupação de Marina, pois ao mesmo tempo em que a população aumenta o seu nível de informação sobre alimentação, também acontece o aumento da obesidade. Ela declara que a doença deve ser tratada por uma equipe multidisciplinar, envolvendo psicóloga, médico, nutricionista, educador físico, endócrino, entre outros.
Mas não somente de preocupações e desafios a área de nutrição vive, Marina compartilha que sua maior conquista, enquanto profissional, é quando consegue visualizar um bom resultado: “Quando uma mãe vem e fala, que seu filho passou a comer determinado alimento que antes não consumia, ou quando baixou os níveis de glicemia, colesterol e melhorou a qualidade de vida, é recompensador”.
Como nutricionista da educação, Marina busca evoluir a qualidade da alimentação ofertada nas escolas, retirando alimentos ultraprocessados e doces do cardápio escolar. Em dias comemorativos eles substituíram o algodão doce e outros doces, por alimentos mais saudáveis, como: crepes, mesas de frutas e bolos saudáveis.
A troca de alimentos ultraprocessados por alimentos mais saudáveis começa pela conscientização da população: “É um trabalho árduo e começa conscientizando as crianças. No meu tempo não tínhamos tantas informações a respeito de uma boa alimentação, hoje lá na fase escolar, desde pequenos são conscientizados a ter bons hábitos alimentares”, relata Marina. Ela acredita que através dos projetos desenvolvidos em salas de aulas, é possível construir seres humanos bem-informados e preocupados com a alimentação.
Porém a grande pergunta é, como se alimentar melhor? Sendo que os alimentos ultraprocessados se tornam mais acessíveis no dia a dia? Marina explica que o grande segredo é procurar consumir alimentos de época, ter uma horta domiciliar, preparar a alimentação, evitando comprar todos os alimentos, utilizar bons ingredientes, aumentar o consumo de frutas e verduras [3 a 4 ao dia], o consumo de água e o consumo de alimentos integrais, e consumir menos alimentos refinados, como: pães, bolos, biscoitos e massas.
Para manter esses hábitos alimentares a longo prazo, Marina aconselha a não querer ser 8 ou 80, mas sim se permitir consumir os alimentos que gostamos, porém esporadicamente, a exemplo de chocolate, frituras e entre outras coisas. De acordo com ela os problemas estão nos extremos, pois ao construir um padrão alimentar adequado, a longo prazo isso fará parte da rotina e o resultado virá com o tempo.
Marina lembra de um caso que marcou a sua carreira, foi quando recém-formada atendeu uma paciente que há anos estava tentando engravidar e com a reeducação alimentar, nutrientes certos e com a perda de 12 quilos, em seis meses a paciente conseguiu realizar seu sonho de ser mãe, engravidou. Para Marina aquele momento foi lindo e emocionante, ela pode ver o quanto a nutrição interfere na vida das pessoas.
Ela que já atua há 12 anos na área, aconselha aqueles que estão cursando ou que desejam um dia cursar nutrição, a não desistir, pois o papel de um nutricionista é moroso e sutil, porém tem bons frutos: “Os resultados com a nutrição não são imediatos e mudar padrões alimentares pré-estabelecidos é muito difícil, mas não impossível”, conclui a nutricionista Marina.
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