25/10/2024 às 09h00min - Atualizada em 25/10/2024 às 09h00min

Aos 92 anos Maria relembra sua trajetória em Anchieta

Natural do Rio Grande do Sul, Maria relembra sua trajetória, marcada pelo trabalho no campo e a criação de seus filhos em uma vida dedicada a família e a fé

Jéssica Rebelatto
Anchieta
Maria, 92 anos, em sua casa em Anchieta, onde vive cercada pelos filhos e netos. ASO/Ruthe Kezia
Em uma manhã tranquila, Maria Bacarolo Mapelli, com seus 92 anos, compartilhou sua trajetória de vida em uma conversa reveladora. Natural de Osório, no Rio Grande do Sul, ela vive em Anchieta há mais de cinco décadas, após uma longa jornada em busca de melhores condições para sua família.
“Cuidei dos meus pais até o fim. Depois, casada, eu e meu maridos decidimos buscar uma terra melhor. Sempre vivemos na roça”, conta Maria, que trabalhou no campo, foi professora e catequista durante a juventude. A mudança para Anchieta, segundo ela, foi marcada por desafios. “Quando chegamos, era só terra e mato. Tivemos que improvisar um lar”, relembra emocionada.
A migração envolve a criação de dez filhos no Rio Grande do Sul e mais uma em São Lourenço do Oeste. A família encontrou em Anchieta a estabilidade que buscava, e Maria conta que a fé sempre foi um importante pilar neste percurso.
Com o tempo, problemas de saúde a afastaram do trabalho pesado na roça. Hoje, aposentada, vive na mesma casa em que se estabeleceu com o marido há 36 anos. “Meu marido foi presidente do grupo de idosos por um tempo. Agora, meus filhos e netos me visitam regularmente, sempre cercada de carinho”, diz.
A religiosidade também esteve presente em todos os momentos de sua vida. Maria acredita que a fé ajudou a sustentar sua saúde mental, especialmente nos momentos mais difíceis, na doença do marido e sua morte, há cinco anos. “Sem fé, eu não teria resistido. Deus tem um plano pra tudo, mesmo quando não entendemos”, reflete. 
Sobre as mudanças sociais que observou ao longo de suas nove décadas, Maria lamenta o distanciamento dos jovens e a falta de interação que, para ela, era essencial para uma juventude saudável. “Os jovens precisam se unir mais, conversar. Isso faz bem. A vida é muito curta para ficar com raiva ou mágoa”, afirma Maria, que acredita na força, na fé e no perdão. Ela também defende que, apesar dos avanços tecnológicos e das novas formas de comunicação, o essencial é manter as conexões pessoais.
No campo familiar, Maria é um exemplo de resiliência e união. Com 11 filhos, 28 netos e 16 bisnetos, ela relembra o casamento de 68 anos, sempre marcado pelo companheirismo e respeito. “Não foi fácil, passamos por muitos obstáculos, mas sempre juntos”, conta. O segredo para um casamento longo e feliz é o perdão. “Sempre perdoar e seguir em frente”.
O legado de Maria Bacarolo Mapelli é de sabedoria, fé e simplicidade. Aos 92 anos, ela permanece lúcida e ativa, sempre pronta para compartilhar as lições de uma vida cheia de desafios, superados com paciência e esperança. “Se Deus me chamasse amanhã, eu iria tranquila. Fiz minha parte”, conclui, com um sorriso sereno.
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